|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Antiga (nova) opção tática
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A pós o desaparecimento dos
pontas, o espaço foi ocupado
pelos laterais. Alguns times ainda
preferem o modelo antigo.
No lugar de um armador ofensivo de cada lado, colocam dois
pontas que também marcam os
laterais adversários. Em vez de
dois atacantes, são três: dois pontas e um centroavante.
A seleção holandesa e sua filial,
o Barcelona, jogam assim. A
França fez o mesmo contra a Espanha, pondo Dugarry e Djorkaeff nas pontas. Sávio atua nessa
posição no Real Madrid.
O técnico Leão, no Atlético-MG
e no Santos, e Felipão, no Palmeiras, também utilizaram esse antigo (novo) esquema.
Ao escalar Sávio, Luxemburgo
adere ao ponta, mas só de um lado. O time vai ficar torto. Sávio e
Roberto Carlos fazem uma excelente dupla no Real Madrid.
O treinador da seleção queria
repetir a mesma formação do lado direito. Ronaldinho e França
já foram experimentados em alguns amistosos, mas nenhum dos
dois tem características para
exercer essa função.
Se houvesse um ponta-direita,
França no meio, Sávio na esquerda e Rivaldo vindo de trás, o ataque ficaria melhor distribuído,
como a Holanda com Overmars e
Zenden pelas pontas, Kluivert na
frente e Bergkamp mais recuado.
Se o Rivaldo jogasse na seleção
como faz no Barcelona, avançado
pela esquerda (assim ele se tornou
o melhor do mundo), poderia jogar ele e o Alex. Rivaldo na função do Sávio, e Alex na do Rivaldo. Seria outra boa opção. Como
Luxemburgo e Rivaldo não querem, fica quase inviável a dupla
Rivaldo-Alex.
Para fazer essa antiga (nova)
função de ponta que ataca e defende, é necessário ter, principalmente, habilidade, velocidade e
um bom cruzamento. Estas são as
características do Sávio.
No lado direito do ataque, repete-se a mesma deficiência da lateral, onde só existe Cafu.
Marcelinho é o único jogador
que possui essas características.
Suas melhores atuações, no Corinthians, são nessa posição. Como ele tem outros defeitos, não sei
se daria certo. Falta um Figo no
futebol brasileiro.
Vejo com otimismo a nova escalação do ataque da seleção. Mais
pela qualidade dos jogadores escalados que pelo desenho tático.
Muito mais importante que o
esquema tático é a postura do time. A seleção brasileira, aqui ou
em qualquer lugar do mundo,
tem de arriscar, pressionar e tomar a bola na intermediária do
time adversário. Daí fica mais
perto e fácil atingir o gol.
Uma equipe é mais ofensiva por
essa atitude corajosa, não pelo
número de atacantes.
A seleção brasileira não tem a
obrigação de dar show hoje, já
que existe um adversário de tradição. Ela tem, sim, o compromisso de ter uma nova postura em
campo.
A Eurocopa continua com muitos gols, excelentes jogadores e
uma tendência ofensiva.
Holanda x Itália e Portugal x
França fazem as semifinais. Nenhuma surpresa.
Quando a Alemanha brilhava e
ganhava títulos, se valorizava
muito a disciplina, garra e aplicação tática alemã.
Esqueciam que o país sempre
teve excepcionais jogadores.
Eram tantos que nem vou citá-los. Hoje, a Alemanha não tem
craques e não vence.
Há alguns anos, o mesmo aconteceu com o Grêmio.
A equipe tinha excelentes jogadores em quase todas as posições
e ganhou vários títulos estaduais
e nacionais. Exaltavam muito a
garra, marcação gaúcha e o técnico Felipão. Pouco se falava da
qualidade dos jogadores.
Volto à Eurocopa. Portugal e
Holanda jogam um futebol mais
leve, envolvente, ofensivo e gostoso. A Itália, ao contrário, venceu
todas as partidas, mas não agradou com seu futebol defensivo e
pragmático. A França é uma mistura das duas filosofias. Apesar de
o ataque francês ser melhor que o
da Copa de 98, falta um excepcional jogador na frente, perto do Zidane, como Figo, Kluivert, Bergkamp etc.
Zidane pode não ser o melhor
jogador da Eurocopa e do mundo, mas é o que mais me fascina,
pela sua elegância, técnica perfeita no passe, na organização das
jogadas, na condução e no domínio da bola.
Um espetáculo!
Se ele finalizasse como o Rivaldo, seria um craque quase perfeito como Platini e Zico.
Prefiro uma final entre Holanda e Portugal. Seria ótimo para o
futuro do futebol. Além disso,
Portugal necessita de um grande
título.
Se eu não tivesse sido um atleta,
me bastaria o futebol espetáculo,
a beleza e o prazer, sem compromisso com a vitória. O esporte
não é assim.
Não basta encantar, é preciso
também vencer.
Não basta vencer, é preciso
também encantar.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Futebol nacional: Dia-a-dia dos clubes Próximo Texto: Agenda Índice
|