São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Acredite se quiser

Sob vaias e criticado até por Parreira, Brasil vence e de classifica para revanche contra uma França em alta

EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A DORTMUND

O Brasil chegou à Copa como o time que o mundo todo queria admirar e aplaudir. Ontem, apesar da vitória de 3 a 0 sobre Gana, que assegurou passagem às quartas-de-final, a seleção não foi admirada nem aplaudida. Foi vaiada fragorosamente pela torcida alemã, que dominou o Estádio de Dortmund.
O adversário de sábado em Frankfurt será a França, que eliminou a Espanha num 3 a 1. A revanche da final de 1998, quando os franceses ganharam por 3 a 0, ocorre num momento desconfortável para o Brasil.
Se o desempenho contra Gana representou uma involução do time de Carlos Alberto Parreira em relação à apresentação dos 4 a 1 sobre o Japão, o triunfo francês mostrou um grupo em ascensão. Foi o jogo em que os "bleus" (azuis) marcaram mais gols e o em que o craque Zidane saiu-se melhor.
Em Dortmund foi diferente. Com os mesmos titulares dos dois primeiros confrontos -vitórias, mas desempenho sofrível-, o Brasil voltou a acumular "apagões" criativos e chegou a ser envolvido pelos ganenses.
Venceu porque saiu na frente, logo aos 5min: Ronaldo arrancou, driblou o goleiro e fez seu 15º gol em Copas, passando o alemão Gerd Müller e isolando-se como o maior artilheiro da história dos Mundiais.
"Senti que tinha que enganar o goleiro de alguma maneira ou então ganhar na velocidade. Achei que não ia me sair melhor se conduzisse mais a bola, então decidi fazer aquele drible", falou, ao comentar o gol.
E venceu porque teve ajuda da arbitragem. Adriano estava impedido no segundo gol.
Logo depois, o lance foi reprisado no telão do estádio, o que fez os ganenses cercarem o auxiliar. A torcida alemã, que já estava ao lado de Gana, começou a vaiar o juiz e o Brasil.
A seleção melhorou na etapa final, com Juninho no lugar de Adriano. Gana teve um jogador expulso aos 36min. E, aos 39min, o resultado foi definido, com belo gol de Zé Roberto.
Foi a 11ª vitória consecutiva do Brasil em Copas, recorde que ontem foi ampliado pela terceira vez neste Mundial.
Parreira, questionado sobre a falta de espetáculo, de novo exaltou a eficiência. "A história não fala de jogo bonito, mas de campeões." Mas achou espaço para ressalvas ao time. "O placar de 3 a 0 chega a ser uma ilusão. Confundimos velocidade com pressa. Tivemos pressa de chegar no gol. Pressa é velocidade sem coordenação."
E sobre a França: "Não existe clima de revanche. Aqui não se pensa nisso". Falta combinar com o torcedor brasileiro.


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