São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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"Melhor" de novo, Zé Roberto quer críticos calados

Premiado pela Fifa pela segunda vez nesta Copa, meia diz que "números e regularidade estão aí" para provar seu valor

Atleta estuda para se tornar pastor quando encerrar a carreira, já lançou um livro autobiográfico e procura um time para se transferir


DOS ENVIADOS A DORTMUND

O meia Zé Roberto, candidato a pastor evangélico e conhecido por sua serenidade, saiu do sério ontem após ter sido escolhido o "homem do jogo" pela segunda vez na Copa (ganhou contra a Austrália) e ter marcado seu primeiro gol em um Mundial. Ele atacou os que pedem a sua saída do time titular.
"Claro que qualquer jogador que faz o seu melhor quer ser reconhecido. Mas infelizmente muitos não vêem dessa forma e, de repente, esse bom momento até cale a boca de muitos críticos", afirmou o jogador, que, antes do duelo contra Gana, respondeu a muitas perguntas sobre a possibilidade de perder a vaga para Juninho.
Durante a semana, na concentração da seleção, reclamou que não é valorizado.
"Não busco reconhecimento porque não tenho que mostrar nada a ninguém, os números e a minha regularidade estão aí. O excelente momento que vivo na seleção já prova", disse. "Fico muito chateado porque procuro falar com transparência. Logo após o jogo contra a Austrália, fiquei fora [da partida com o Japão]. O Parreira não deu o time antes do jogo contra Gana, e muitas especulações vinham contra mim."
Após descarregar sua raiva, Zé Roberto voltou a ser Zé Roberto. Disse ter dedicado o gol à família, em especial para o filho Hendrick, de seis anos.
"Ele, de repente, está curtindo mais a Copa do que eu. Ele vem, vibra, pula. Fazer um gol e saber que ele está no estádio comemorando é pra mim uma alegria muito grande", afirmou.
O meia de 31 anos crê que suas atuações na Alemanha vão ajudá-lo a encontrar um novo clube na Europa -deixará o Bayern de Munique.
Bastante religioso, Zé Roberto freqüenta uma igreja evangélica em Munique. Faz preparação com seu pastor, Anselmo, para também se tornar um quando parar de jogar.
Na seleção, durante períodos de folga, participa de cultos com Lúcio, Cris, Fred, Luisão, Kaká e Mineiro. "Todos precisamos de fé para viver", prega o jogador, que lançou sua autobiografia, "Passe de craque para a vida", na Europa.
Nela, descreve a infância difícil em São Miguel Paulista, bairro pobre da zona leste de São Paulo onde foi criado, e a virada em sua vida graças ao futebol. "Sempre procuro fazer as coisas simples e ocorrem coisas extraordinárias comigo", afirma o meia. (EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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