São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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Pinheiros não quer ser um novo Vasco

Ao contrário de clube do Rio, dominante em Sydney, agremiação forma e leva atletas para treinar em suas dependências

Objetivo de projeto paulista é utilizar olímpicos como ícones para atrair e interagir com sócios e praticantes das suas modalidades

Caio Guatelli/Folha Imagem
Jadel Gregório, salta no Pinheiros

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1999, o nadador Gustavo Borges deixou o Pinheiros e se transformou em nadador do Vasco. Foi um dos 84 membros da equipe vascaína na Olimpíada de Sydney. Seus treinos, porém, continuaram a ser na Flórida: só usava o uniforme do Vasco em torneios nacionais.
Em 2008, o triplista Jadel Gregório trocou o BM&F pelo Pinheiros. Será um dos 24 atletas do clube já confirmados na Olimpíada de Pequim. Após fechar seu contrato, passou a treinar por três horas, todos os dias, na agremiação paulistana.
Não é exemplo único. Entre os esportistas olímpicos do clube, são exceções as ginastas Laís de Souza e Daiane dos Santos, que seguem treinando no Paraná com a seleção, e alguns nadadores como César Cielo.
Os outros atletas formados ou contratados realizam pelo menos alguns dos treinos semanais no clube paulista.
"Duas ou três vezes por semana, subo a serra para o treino no clube, que é o mais forte do país. Além disso, a estrutura é fantástica e há conforto. O clube se encarrega até de lavar o meu quimono", contou o judoca Leandro Guilheiro, bronze na Olimpíada de Atenas-2004 na categoria até 63kg.
Como Guilheiro, boa parte dos atletas não foi formada no Pinheiros. Mas vários deles se desenvolvem em suas dependências graças a técnicos de renome e à infra-estrutura.
"Tinha até boas condições de treino em São Caetano. Mas vim por causa do treinador porque sabia que era um dos melhores", contou a nadadora Tatiana Sakemi, classificada para os 4 x 100 m medley.
Além da infra-estrutura, o projeto de longo prazo seduz os atletas. A nadadora Flávia Delaroli está há sete anos no clube. O judoca Denílson Lourenço, há dez anos.
Ambos chegaram ao clube quando ainda não tinham obtido resultados significativos no adulto. Mas se desenvolveram para chegar à seleção.
"Todos os meus resultados foram aqui. Antes, tinha ido a um Pan, em 1999. Mas o desenvolvimento forte foi no Pinheiros", contou Delaroli.
A nadadora tornou-se sócia do clube, assim como Lourenço. Praxe no Pinheiros, tornam-se sócios os atletas com sete anos no clube ou com uma medalha olímpica no peito.
"Quando o São Paulo encerrou as atividades, um dos seus conselheiros me trouxe para cá onde venho treinar há dez anos", contou Lourenço.
Vários dos atletas têm interação com os sócios, o que, pelo plano do clube, incentiva o aumento da prática de suas modalidades. "Sempre tem umas crianças batendo palmas no treino", observou Jadel.
Só após a contratação de Daiane houve uma expansão de 80 atletas na escolinha de ginástica do Pinheiros, embora a atleta não treine no clube.
"Cada clube tem a sua característica. Nós damos prioridade à formação dos atletas", afirmou o presidente do Pinheiros, Alberto Moreno Neto.
O cartola contou que pretende manter a estrutura e o projeto do clube após a Olimpíada, em agosto, independentemente do resultado. Quer aumentar o número de medalhistas olímpicos do clube -hoje são quatro- assim como o de participantes em Jogos.
Tanto que o clube tem incrementado alguns de seus equipamentos -a pista foi reformada no ano passado. Há a intenção no Pinheiros de instalar centros para treinamentos de jovens atletas fora do clube, provavelmente na periferia. (LUÍS FERRARI E RODRIGO MATTOS)


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