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Caos estrutural põe Pan na 'mão de Deus'
Apagões diários, sistema de trânsito improvisado e falta de segurança nas ruas atormentam Santo Domingo
Caos estrutural põe Pan na "mão de Deus"
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EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADOS ESPECIAIS A SANTO DOMINGO
As instalações esportivas devem
ficar prontas em cima da hora,
mas a cidade certamente não. A
partir de sexta-feira, quando começa o 14º Pan-Americano, Santo
Domingo viverá um caos.
A previsão é do próprio governo do país caribenho, que admite
o risco de os sistemas de energia e
de transporte entrarem em colapso, e da Organização Desportiva
Pan-Americana, que rege o esporte olímpico nas Américas.
""Só nos resta entregar a Deus",
desabafou Mario Vazquez Raña,
presidente da Odepa, ao ser indagado pela Folha sobre a não-realização de testes em todas as instalações devido ao atraso nas obras.
A quatro dias do início dos Jogos, os organizadores ainda finalizam a construção de ginásios e estádios, o centro de imprensa e a
Vila Pan-Americana.
Mas, na correria, deixaram para
trás o projeto de testar os equipamentos, o sistema de transporte, o
esquema de segurança e até mesmo os geradores de energia. A solução é confiar na sorte e torcer
para tudo dar certo.
Desorganização inédita
Raña chegou a classificar esta
edição do Pan como aquela que
trouxe dores de cabeça pelo período mais prolongado. ""Houve
inúmeras alterações. Só a logomarca foi mudada cinco vezes.
Por causa de Santo Domingo chegamos a convocar duas assembléias extraordinárias e quatro
reuniões do comitê executivo."
O dirigente, que é mexicano,
considera que o país da América
Central conseguiu a proeza de superar a Venezuela, cujo Pan-Americano, realizado em 1983,
também foi marcado por uma série de problemas. Nos Jogos de
Caracas, quando os primeiros
atletas chegaram à Vila, as portas
dos alojamentos ainda estavam
sendo colocadas.
Segundo César Cedeño, secretário de Esportes do governo dominicano, um dos grandes riscos do
atual Pan é o de ocorrerem apagões durante o evento. ""Mas o
problema deve ser fora, não dentro dos ginásios. Em jogos à noite
[se faltar luz], a dificuldade será a
evasão do público de um local ermo como o parque olímpico."
Na última semana, houve apagões diários na região central de
Santo Domingo, com duração
média de 30 minutos. O problema
forçou o governo federal a anunciar neste mês novos investimentos para tentar contê-los.
Já o trânsito, que lembra o de
São Paulo, ficará ainda pior.
A idéia da organização é separar
em vias expressas uma pista só
para a ""família do Pan" -leia-se
atletas, dirigentes, organizadores
e imprensa. A população local ficaria com o que restasse.
Se o projeto não der certo, será
abandonado já no terceiro dia do
Pan-Americano.
""A cidade tem um trânsito complicado, mas a prioridade é para
quem está envolvido com o Pan.
O jeito é alterar a rota de última
hora e colocar à disposição de
atletas e dirigentes ônibus acompanhados por batedores", explicou Bienvenido Solano, coordenador-geral do evento.
Outro problema diz respeito à
segurança. Os organizadores destacaram cerca de 7.000 oficiais só
para tomar conta da Vila e dos locais dos eventos e admitem que
novamente a população será penalizada, pois o policiamento das
ruas ficará reduzido.
E, para quem não se sentir seguro, a recomendação do governo
local: ficar em casa no período dos
Jogos Pan-Americanos, que se estenderão por 17 dias.
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