São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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VÔLEI

Brasil desengasga Venezuela e pega os EUA na decisão

Time sofre no primeiro set, mas se vinga de 2003

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A mais vitoriosa seleção de vôlei, quatro anos depois de seu maior fracasso, busca hoje, no Maracanãzinho, o único título que falta a sua galeria.
O caminho para chegar à decisão não poderia ser mais emblemático. Para disputar o ouro, a equipe despachou a Venezuela, seu algoz de 2003, por 3 sets a 0 (30/28, 25/18 e 25/16).
"Acho que a gente desengasgou, mas o nosso sonho só vai se concretizar se chegarmos ao ouro amanhã [hoje]", afirmou o meio-de-rede Gustavo. "No primeiro set, passou um filminho do jogo de 2003 na nossa cabeça. Mas o time sabia que ia se recuperar", completou.
A decisão será com os EUA, às 22h. Curiosamente, o último time a barrar a seleção em finais na era Bernardinho. Em 2005, os americanos venceram a Copa América no Brasil.
O planejamento para esta temporada foi totalmente feito em cima dos erros da campanha do Pan de Santo Domingo. Para que alguns jogadores tivessem mais tempo de descanso antes de começar a maratona da Liga Mundial, Bernardinho arriscou com os novatos.
Na primeira fase do campeonato, eles tiveram chance. A equipe voltou com força total apenas às vésperas das finais.
Mesmo assim, o desgaste das inúmeras viagens e do tempo longe da família foram inevitáveis. O grupo chegou ao Rio reclamando de cansaço.
Não bastasse o desgaste natural, a seleção escancarou sua maior crise às vésperas da estréia. Bernardinho decidiu cortar o levantador Ricardinho.
O técnico afirmou que precisava dar um basta ao comportamento de seu capitão e que queria evitar um rompimento definitivo. Ricardinho declarou que se sentia traído. Os jogadores receberam a notícia com indignação e surpresa.
"A equipe está se adaptando ao Marcelinho [novo levantador]. É questão de pegar ritmo. O fator decisivo não é só um jogador. Já perdemos jogos com Nalbert, Giovane e Ricardinho em quadra", disse o técnico.
Ontem, com seus titulares em quadra, a seleção começou mal o jogo. A Venezuela sacou forte e abusou das jogadas pelas pontas com Ernardo Gomez e Ivan Marquez. E o time brasileiro demorou a se acertar.
Os venezuelanos chegaram a abrir 23 a 19 no primeiro set. Mas os brasileiros tiveram paciência para encostar e fechar em 30 a 28. "Estavam caindo bolas muito fáceis, e o time se irritou. Quando isso acontece, perdemos a concentração", disse Rodrigão. "A gente estava mal. Mas tem uma hora que um olha no olho do outro e diz: "é hora de jogar'", afirmou Giba.
Paciência semelhante não foi vista na quadra adversária na segunda etapa. Nervoso, Ricardo Navajas não poupou de críticas o levantador Rodman Valera. Depois, criticou muito seu líbero, Jorge Silva.
As instruções não surtiram efeito, e os brasileiros venceram com facilidade e mantiveram o ritmo no terceiro set.
Contra os EUA, a seleção também espera um jogo tenso. Mas a experiência em decisões, acreditam os jogadores, pode pesar a favor dos brasileiros.
"Para nós será mais uma decisão, mais um título. Só terá sabor especial por ser no Brasil. Eles é que não estão acostumados a finais", disse Rodrigão.


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