São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Governo intervém para segurar Oleg

Ministério do Esporte acena com ajuda financeira para manter guru da ginástica no país e remontar seleção permanente

Pasta teme que saída do ucraniano e o fim da equipe permanente possam afetar de forma negativa o próximo ciclo olímpico da modalidade

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de a Confederação Brasileira de Ginástica afirmar ser difícil segurar o treinador Oleg Ostapenko no país após a Olimpíada, o Ministério do Esporte tem se mexido para manter um dos pilares da escalada mundial das ginastas do país.
""Vamos ver como o ministério pode ajudar, inclusive com aporte financeiro", disse à Folha Djan Madruga, secretário de alto rendimento do ministério. ""O Oleg manifestou que pretende permanecer no Brasil, o que é um ponto positivo."
O guru de Daiane dos Santos e Jade Barbosa confirmou que conversou com Madruga, que chegou a ir a Curitiba visitar o CT da CBG e conversar com Oleg antes do embarque da delegação para Tóquio, no Japão, para o período de aclimatação.
""Nós [eu e Madruga] conversamos, mas foi muito pouco. Não chegamos ainda a nenhuma decisão", confirmou Oleg, cujo contrato com a seleção feminina de ginástica termina após a Olimpíada de Pequim.
O ucraniano, que recebe cerca de US$ 8.000 por mês, já escancarou o desejo de ficar no país e ajudar a formar técnicos.
""Ele [Oleg] só manifestou o desejo de seguir no Brasil. Mas nos interessa a vinda ou a permanência de técnicos estrangeiros em modalidades nas quais possam contribuir para a evolução", afirmou Madruga.
Além de tentar segurar Oleg, conhecido por formar campeãs olímpicas, o governo avalia como ajudar a remontar a seleção permanente, que fez seu último treino do país no dia 16 e será desfeita após os Jogos.
A reunião das melhores atletas em Curitiba, onde estão a sede da CBG e o centro de excelência do esporte, e a vinda de Oleg para o Brasil foram fundamentais para colocar o país no mapa da ginástica mundial.
A supervisora de seleções da CBG, Eliane Martins, informou que o ucraniano retornará ao Brasil após a Olimpíada, em setembro, mas não sabe se ficará no país. Oleg e sua mulher, Nadja Ostapenko -coreógrafa da seleção-, compraram no último semestre um apartamento em Curitiba, o que reforça a intenção de seguirem por aqui.
O ministério teme que, sem a seleção permanente e o técnico, o próximo ciclo olímpico da ginástica será prejudicado -teria três anos e meio; ou menos.
Com o mandato de Vicélia Florenzano na CBG quase no fim, a dirigente diz que a caberá a seu sucessor -a eleição será em dezembro- refazer ou não a equipe permanente. ""É difícil a curto prazo que outro CT seja montado e a seleção tenha continuidade. É a questão da infra-estrutura, acompanhamento médico, fisioterápico, escola. Não será em seis meses que se montará estrutura igual. Há o risco de o próximo ciclo olímpico ser bem menor", disse Madruga, salientando que não quer ferir a autonomia da CBG.
Na operação-resgate de Oleg e da seleção, ele quer convidar para uma conversa os dois candidatos à presidência da CBG e fazer consultas ao Comitê Olímpico Brasileiro, defensor das equipes permanentes.


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