Desentubado e com a sedação suspensa, piloto continua na UTI, mas até já "encrencou" com irmão

Com olho esquerdo inchado, brasileiro quis se levantar da cama e mexer na sonda; testes médicos indicam que força muscular está intacta

Peter Kohalmi/Associated Press

Torcedor ferrarista faz plantão próximo a hospital de Budapeste à espera de notícias de Felipe Massa, internado depois do grave acidente que sofreu três dias atrás

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE

Pouco mais de 48 horas depois de ser atingido na cabeça por uma mola de quase 1 kg no treino de classificação para o GP da Hungria, Felipe Massa teve uma significativa melhora em seu estado clínico e, após ser desentubado e ter a sedação suspensa, fala e faz perguntas.
Além de querer saber o que havia acontecido e pedir para se levantar da cama, o piloto também "encrencou" com seu irmão, Eduardo, o Dudu, que o proibiu de mexer na sonda.
Massa também quis saber as horas e pediu explicações sobre os fios conectados a ele para monitorar seus sinais vitais.
O brasileiro, que fraturou o crânio e teve uma concussão cerebral em decorrência do acidente causado por uma mola que se soltou do carro de Rubens Barrichello, ainda está na UTI do Hospital Militar de Budapeste, mas a família espera que, em dois dias, ele seja transferido para um quarto.
"É importante deixar claro que o trauma foi de leve a moderado, e a cirurgia que ele sofreu foi apenas para puxar o osso do crânio que comprimia o cérebro", explicou Dino Altman, médico particular de Massa, que viajou à capital húngara especialmente para acompanhar o caso.
"Nada indica, neste momento, que ele terá algum tipo de problema para se recuperar e até agora está progredindo dentro ou acima das expectativas", completou o médico.
A melhora ficou nítida na diferença de tom dos dois boletins médicos de ontem. No primeiro, por volta de meio-dia, horário local, os médicos anunciaram que haviam reduzido a medicação para que Massa acordasse e pudesse ser feita uma avaliação mais precisa.
Mais tarde, pouco após as 18h, a equipe anunciou que o piloto já respira sozinho, conversa e havia passado por testes que indicaram que sua força muscular está intacta.
"Nas últimas 24 horas o quadro do Felipe evoluiu bastante, e podemos esperar mais progressos durante a noite", declarou Peter Gazsò, médico-chefe do Hospital Militar. "Ele não tem febre e nós já retiramos o dreno que havíamos colocado em sua ferida na testa."
A melhora no estado de saúde do ferrarista fez com que a família se acalmasse e aceitasse falar pela primeira vez.
Luiz Antônio, o pai, Ana Elena, a mãe, Raffaela, a mulher, e Dudu gravaram um depoimento para as TVs de todo o mundo em uma praça na cidade, já que os militares proibiram câmeras no hospital. Na fala, de pouco menos de quatro minutos, agradecem ao apoio de todos.
"Dentro desta falta de sorte, o Felipe teve muita sorte, não teve sequelas. Temos certeza de que ele vai voltar a dar muitas alegrias pra nós", disse Raffaela, grávida de cinco meses.
Mais tarde, Luiz Antônio deu declarações na recepção do hospital. "No começo foi muito angustiante para nós porque estávamos longe, no Brasil. Mas, a partir do momento em que chegamos e pudemos ficar perto do Felipe, as coisas começaram a melhorar", disse ele, ainda bastante emocionado.
"O importante, agora, é que ele está melhorando de hora em hora, fala, enxerga. Só que o olho do ferimento ainda está fechado porque está inchado", completou Luiz Antônio, que comparou o aspecto do supercílio ao de "um soco do Maguila ou a dois enormes terçóis".
A família não confirmou se irá transferir o piloto assim que for possível para Paris, onde poderia continuar com o acompanhamento de Gerard Saillant, médico da FIA.
De acordo com Altman, se tudo continuar evoluindo, Massa pode até deixar o hospital no final de semana para prosseguir com a recuperação em casa.
"Estamos todos extremamente contentes e confiantes de que ele ficará bem", afirmou.


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