São Paulo, terça-feira, 28 de julho de 2009

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Cielo testa preparação solitária

Após ouro em Pequim-08, brasileiro deixa equipe universitária de lado e embarca em projeto solo

Velocista inicia participação individual em Roma nos 100 m livre, prova em que ficou a 0s04 do recorde mundial no revezamento

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

Após a medalha de ouro nos Jogos de Pequim-2008, César Cielo decidiu se tornar profissional. Opção natural para quem acabara de ganhar os holofotes e poderia investir em uma preparação própria, além de ganhar dinheiro nadando.
De membro de uma equipe de universitários, Cielo passou a embarcar em um projeto solo. E inicia na madrugada de amanhã, nos 100 m livre do Mundial de Roma, o primeiro grande teste desta empreitada.
"A maior mudança na minha preparação desde a medalha foi essa transição do coletivo para o individual. Agora fiquei focado só no individual, na natação. Não teve nada fora [dos treinos] que eu precisasse fazer durante a temporada", afirmou o nadador brasileiro.
Antes, Cielo, 22, treinava junto aos universitários e tinha de participar dos compromissos e torneios da universidade, além de estudar. Agora, integra um grupo restrito de velocistas que treinam sob supervisão do técnico Brett Hawke, o mesmo que o acompanhou até Pequim e integra a delegação brasileira que está na Itália.
O dia a dia com o treinador também mudou desde o ouro. Cielo fez uma temporada muito mais solitária para se preparar para o Mundial.
O comandante da equipe da Universidade de Auburn, Richard Quick, foi diagnosticado com câncer no cérebro em dezembro do ano passado, e Hawke assumiu seu posto -Quick morreu em junho. Com novas funções, o técnico passou menos tempo à borda da piscina.
"Afetou [o treino] porque agora ele é o chefe de tudo. Apesar de ele escrever todos os treinos, vários foram feitos com auxiliares", afirmou Cielo.
"Mas temos ótimos auxiliares que ajudaram muito. E eu e Brett conversamos bastante e estamos juntos nas competições", completou o atleta.
O projeto de Cielo foi solitário, mas ele fez questão de manter algumas das tradições da antiga rotina de grupo.
Nos meses finais de preparação para o Mundial, se impôs uma "dry season" [temporada seca], em que não se permitia ir dormir tarde, tomar bebida alcoólica, sair à noite. Quando era universitário, tinha de cumprir essas regras por contrato.
"Agora o que faço tem consequências só para mim", disse.
Cielo também reviveu com mais força o espírito de equipe em sua estreia em Roma.
O nadador abriu o revezamento 4 x 100 m livre do Brasil. A equipe conseguiu chegar à final e terminou em quarto lugar, com uma melhora de quase quatro segundos em relação à antiga melhor marca do time.
O tempo do brasileiro deu uma amostra do que ele pode fazer nos 100 m livre a partir de amanhã -a final será na quinta.
Cielo nadou a distância em 47s09, novo recorde sul-americano. A marca é apenas 0s04 superior ao recorde mundial do australiano Eamon Sullivan, que não está em Roma.
O francês Alain Bernard já marcou 46s94, mas o feito foi anulado por ter sido atingido com traje reprovado pela Federação Internacional de Natação. "Eu não nado pela minha marca. Trocaria até o recorde mundial para dividir uma medalha com esses caras", afirmou Cielo após a prova.


NA TV - Finais do Mundial de Roma
Sportv, ao vivo, às 13h




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