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POLIFONIA
Elefante grego é mais branco que os outros
DO ENVIADO A ATENAS
A Grécia correu bastante
e terminou a construção
de todas as sedes olímpicas antes de os Jogos começarem.
Não teve tempo de pensar, porém, no que fazer com elas depois da competição.
O governo convocou anteontem uma reunião sobre o assunto -que, no final das contas, só serviu para deixar claro o tamanho do problema.
A administração diz apenas
que os prédios devem servir à
população. Algo vago o suficiente para tentar não enfurecer de imediato os gregos, que
penaram para pagar os US$
8,7 bilhões em investimentos
estatais diretos -o que levou
às alturas o déficit público do
país, bem acima do teto fixado
pela União Européia.
Alguns lugares têm seu destino definido, mas, para a maioria, não se sabe nem se serão
administrados pelo Estado ou
se acabarão privatizados. O temor é que um eventual programa de privatização simplesmente não encontre demanda dos empresários locais.
O debate ganha contornos
políticos, já que a oposição assumiu o poder neste ano, na
reta final para os Jogos. Assim,
culpa o governo anterior pela
falta de planejamento. "Não
foi feito estudo de viabilidade", disse a vice-ministra da
Cultura, Fanny Palli-Petralia.
Na estimativa mais pessimista, o custo de manutenção
das cerca de 40 instalações
principais pode chegar a 100
milhões por ano.
O ginásio que recebeu o judô
e a luta fica em um subúrbio
de Atenas e não tem bom acesso de transporte público.
Quem quiser administrar a
sede do remo, em Schinias, terá que trabalhar dentro de alguns padrões ambientais.
Ainda se tenta empurrar o
estádio de futebol da ilha de
Creta para um clube local. O
de Volos é mais complicado:
até os organizadores reconhecem que o campo, com capacidade para 21 mil lugares, talvez seja muito grande para a cidade de 80 mil habitantes.
O complexo olímpico de Atenas é um mar de cimento e arcos. Bem diferente, por exemplo, do centro nervoso de Munique-72, hoje um grande parque verde aberto à população.
A documentação da candidatura grega (que ganhou a
concorrência pelos Jogos em
1997) era vaga. Apontava que
as instalações continuariam a
ter uso esportivo. Só isso.
Desde então as coisas mudaram um pouco no Comitê
Olímpico Internacional. Os
postulantes à Olimpíada têm
que fornecer mais detalhes sobre seus planos pós-Jogos -e a
discussão sobre valer ou não a
pena construir toda a infra-estrutura necessária tem permeado bastante o debate nas
cidades que disputam a edição
de 2012 (Nova York, Londres,
Paris, Madri e Moscou).
(RD)
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