São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLIFONIA

Elefante grego é mais branco que os outros

DO ENVIADO A ATENAS

A Grécia correu bastante e terminou a construção de todas as sedes olímpicas antes de os Jogos começarem. Não teve tempo de pensar, porém, no que fazer com elas depois da competição.
O governo convocou anteontem uma reunião sobre o assunto -que, no final das contas, só serviu para deixar claro o tamanho do problema.
A administração diz apenas que os prédios devem servir à população. Algo vago o suficiente para tentar não enfurecer de imediato os gregos, que penaram para pagar os US$ 8,7 bilhões em investimentos estatais diretos -o que levou às alturas o déficit público do país, bem acima do teto fixado pela União Européia.
Alguns lugares têm seu destino definido, mas, para a maioria, não se sabe nem se serão administrados pelo Estado ou se acabarão privatizados. O temor é que um eventual programa de privatização simplesmente não encontre demanda dos empresários locais.
O debate ganha contornos políticos, já que a oposição assumiu o poder neste ano, na reta final para os Jogos. Assim, culpa o governo anterior pela falta de planejamento. "Não foi feito estudo de viabilidade", disse a vice-ministra da Cultura, Fanny Palli-Petralia.
Na estimativa mais pessimista, o custo de manutenção das cerca de 40 instalações principais pode chegar a 100 milhões por ano.
O ginásio que recebeu o judô e a luta fica em um subúrbio de Atenas e não tem bom acesso de transporte público.
Quem quiser administrar a sede do remo, em Schinias, terá que trabalhar dentro de alguns padrões ambientais.
Ainda se tenta empurrar o estádio de futebol da ilha de Creta para um clube local. O de Volos é mais complicado: até os organizadores reconhecem que o campo, com capacidade para 21 mil lugares, talvez seja muito grande para a cidade de 80 mil habitantes.
O complexo olímpico de Atenas é um mar de cimento e arcos. Bem diferente, por exemplo, do centro nervoso de Munique-72, hoje um grande parque verde aberto à população.
A documentação da candidatura grega (que ganhou a concorrência pelos Jogos em 1997) era vaga. Apontava que as instalações continuariam a ter uso esportivo. Só isso.
Desde então as coisas mudaram um pouco no Comitê Olímpico Internacional. Os postulantes à Olimpíada têm que fornecer mais detalhes sobre seus planos pós-Jogos -e a discussão sobre valer ou não a pena construir toda a infra-estrutura necessária tem permeado bastante o debate nas cidades que disputam a edição de 2012 (Nova York, Londres, Paris, Madri e Moscou). (RD)


Texto Anterior: Cavaleiro já tem competição hoje
Próximo Texto: O maratonista: A deusa da gastança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.