São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

o maratonista

A socialite e a melhor cliente da Gucci de Atenas descreve seu dia-a-dia agitado, com direito a compras em Paris e encontro com Brad Pitt, mostra suas paixões, sapatos e bolsas "priceless" e ri muito, muito

A DEUSA da gastança

PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A caminhada agora virou bate-perna em Kolonaki, o bairro das grifes, espécie de Jardins de Atenas. Se Phideipedes tivesse passado por ali antes de anunciar a vitória dos gregos, ao menos teria morrido com uma roupinha boa.
Na loja da Gucci, onde uma bolsa custa até 4.000, informa-se que a melhor cliente é a socialite Vivien Samouris, 35. Tem como entrevistar? Tem. O encontro é marcado pela própria: apesar de ter apartamento a 200 metros da loja, Vivien prefere mandar sua secretária buscar o repórter.
Às 16h em ponto, uma loura muito bronzeada, maquiada, de tamancos altos e tomara-que-caia com estampa em tons de marrom, abóbora e amarelo entra na loja e pergunta: "Mr. Sampaio?".
Será que já é a própria Vivien? Nada: Anna Kouretas, 32, é só uma provinha do que está por vir.
No amplo apartamento que Vivien mantém apenas para quando vem de sua casa em Kifissiá -espécie de Morumbi daqui-, quem atende a porta é Aída, a criada filipina. Ela oferece água, suco de laranja ou champanhe.
Como numa cena de vaudeville, assim que a criada fecha uma porta, Vivien abre outra e surge vaporosa dentro de um longo-frente-única de seda com estampa de leopardo e um sapato altíssimo verde-bandeira.
"É um prazer recebê-lo", diz, rindo muito e caminhando para uma varanda cheia de plantas. Anna vai junto.
Currículo resumido: Vivien é casada há seis anos com um renomado ginecologista de 50 anos chamado Demostenes Samouris. Ela não tem filhos, mas o médico sim, três, do primeiro casamento. O casal viaja muito, especialmente para Paris, onde tem outro apartamento, e sai freqüentemente em colunas sociais (ela traz para mostrar). Apesar do movimentado dia-a-dia, Vivien faz questão de dizer que é formada em ciência política e que trabalha duro, das 8h às 17h, em um banco.
Mas agora são 16h de uma sexta-feira útil? "Hoje eu não fui, para dar a entrevista", diz, rindo.
Depois de contar que no verão passado esteve com Brad Pitt na Sardenha, Vivien diz que ama bolsas e pergunta se interessa conhecer as dela. Interessa. Enquanto ela vai buscar, Anna, a secretária, começa a fazer perguntas sobre as mulheres brasileiras e acaba em cirurgia plástica. Ela então indaga baixo, mas abrindo bem a boca, se tem como indicar um bom cirurgião. "A mãe de uma amiga foi para o Brasil com 65 anos, voltou com 40, impressionante", diz.
Vivien reaparece com oito bolsas. "Sempre quiseram fotografá-las, mas jamais deixei", diz ela, com ares de falsa virgem, enquanto arruma as peças em cima da poltrona, como se fossem bonecas. "Há bolsas aqui que você encontra na Sotheby's [casa de leilões americana], como essa Dior de 1966."
Quanto custa? "Essas peças são "priceless'", diz Vivien, que ri o tempo todo, afetadamente, um tanto "brainless". Ela acaba dizendo que pagou 5.000 em uma Birkin Bag, da Hermès.
No dedo anular, ela exibe um diamante de três quilates "priceless" que ganhou da sogra. A casa em Kifissiá é grande?
"Não gosto de coisas maiores do que eu preciso", ela diz, enquanto conta os quartos: oito, um só para os sapatos, cerca de cem, "minha paixão". Há ainda um palacete neoclássico de 30 quartos que o marido herdou em Patra, a oeste de Atenas.
Qual a quantia mais abusiva que já gastou?
"Foi no Natal, em Paris: comprei 30 peças, gastei uns 40 mil [cerca de R$ 143 mil]. Tive que fazer várias viagens para casa, cada vez com um pouquinho, para o meu marido não perceber", afirma a deusa grega da gastança, uma entidade que pode baixar em mulheres de diversas nacionalidades.


Texto Anterior: Polifonia: Elefante grego é mais branco que os outros
Próximo Texto: Programação da TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.