|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
o maratonista
A socialite e a melhor cliente da Gucci de Atenas descreve seu dia-a-dia agitado, com direito a compras em Paris e encontro com Brad Pitt, mostra suas paixões, sapatos e bolsas "priceless" e ri muito, muito
A DEUSA da gastança
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A caminhada agora virou bate-perna em Kolonaki, o bairro das
grifes, espécie de Jardins de Atenas. Se Phideipedes tivesse passado por ali antes de anunciar a vitória dos gregos, ao menos teria
morrido com uma roupinha boa.
Na loja da Gucci, onde uma bolsa custa até 4.000, informa-se
que a melhor cliente é a socialite
Vivien Samouris, 35. Tem como
entrevistar? Tem. O encontro é
marcado pela própria: apesar de
ter apartamento a 200 metros da
loja, Vivien prefere mandar sua
secretária buscar o repórter.
Às 16h em ponto, uma loura
muito bronzeada, maquiada, de
tamancos altos e tomara-que-caia
com estampa em tons de marrom, abóbora e amarelo entra na
loja e pergunta: "Mr. Sampaio?".
Será que já é a própria Vivien?
Nada: Anna Kouretas, 32, é só
uma provinha do que está por vir.
No amplo apartamento que Vivien mantém apenas para quando
vem de sua casa em Kifissiá -espécie de Morumbi daqui-,
quem atende a porta é Aída, a
criada filipina. Ela oferece água,
suco de laranja ou champanhe.
Como numa cena de vaudeville,
assim que a criada fecha uma porta, Vivien abre outra e surge vaporosa dentro de um longo-frente-única de seda com estampa de
leopardo e um sapato altíssimo
verde-bandeira.
"É um prazer recebê-lo", diz, rindo muito e
caminhando para uma
varanda cheia de plantas. Anna vai junto.
Currículo resumido:
Vivien é casada há seis
anos com um renomado ginecologista de 50
anos chamado Demostenes Samouris. Ela não
tem filhos, mas o médico sim, três, do primeiro
casamento. O casal viaja
muito, especialmente
para Paris, onde tem outro apartamento, e sai
freqüentemente em colunas sociais (ela traz
para mostrar). Apesar
do movimentado dia-a-dia, Vivien faz questão
de dizer que é formada
em ciência política e que trabalha
duro, das 8h às 17h, em um banco.
Mas agora são 16h de uma sexta-feira útil? "Hoje eu não fui, para
dar a entrevista", diz, rindo.
Depois de contar que no verão
passado esteve com Brad Pitt na
Sardenha, Vivien diz que ama
bolsas e pergunta se interessa conhecer as dela. Interessa. Enquanto ela vai buscar, Anna, a secretária, começa a fazer perguntas sobre as mulheres brasileiras e acaba em cirurgia plástica. Ela então
indaga baixo, mas abrindo bem a
boca, se tem como indicar um
bom cirurgião. "A mãe de uma
amiga foi para o Brasil com 65
anos, voltou com 40, impressionante", diz.
Vivien reaparece com oito bolsas. "Sempre quiseram fotografá-las, mas jamais deixei", diz ela,
com ares de falsa virgem, enquanto arruma as peças em cima da
poltrona, como se fossem bonecas. "Há bolsas aqui que você encontra na Sotheby's [casa de leilões americana], como essa Dior
de 1966."
Quanto custa? "Essas peças são
"priceless'", diz Vivien, que ri o
tempo todo, afetadamente, um
tanto "brainless". Ela acaba dizendo que pagou 5.000 em uma
Birkin Bag, da Hermès.
No dedo anular, ela exibe um
diamante de três quilates "priceless" que ganhou da sogra. A casa
em Kifissiá é grande?
"Não gosto de coisas maiores do
que eu preciso", ela diz,
enquanto conta os quartos: oito, um só para os
sapatos, cerca de cem,
"minha paixão". Há ainda um palacete neoclássico de 30 quartos que o
marido herdou em Patra, a oeste de Atenas.
Qual a quantia mais
abusiva que já gastou?
"Foi no Natal, em Paris: comprei 30 peças,
gastei uns 40 mil [cerca de R$ 143 mil]. Tive
que fazer várias viagens
para casa, cada vez com
um pouquinho, para o
meu marido não perceber", afirma a deusa grega da gastança, uma entidade que pode baixar
em mulheres de diversas
nacionalidades.
Texto Anterior: Polifonia: Elefante grego é mais branco que os outros Próximo Texto: Programação da TV Índice
|