São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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ATLETISMO

Brasil dá azar no sorteio e pega raia ruim antes de correr por 3ª medalha seguida

Após semifinal ingrata, país tenta novo pódio no 4 x 100

DO ENVIADO A ATENAS

Sem nenhum atleta entre os 20 primeiros do ranking mundial, o Brasil entra hoje para tentar sua terceira medalha seguida no revezamento 4 x 100 m como um dos favoritos. Ontem, na semifinal, o time deu azar no sorteio. Pegou uma série mais forte e correu na raia oito, a pior da prova.
Mesmo assim, se classificou em terceiro lugar na segunda bateria, com 38s64. "Nossa raia era muito ruim porque não tínhamos a visão de como estavam correndo as outras equipes. Mas amanhã largaremos de um lugar melhor", analisou André Domingos, 31, o terceiro a pegar o bastão.
Os EUA foram os vencedores da série, com o melhor tempo das eliminatórias: 38s02. Considerados imbatíveis nesta prova -venceram 15 das 20 finais olímpicas-, os norte-americanos entram com amplo favoritismo.
Brigando pelas outras posições do pódio estão Brasil, Reino Unido, Nigéria, Polônia, Austrália, Trinidad e Tobago e Japão.
"Se eu tivesse quatro atletas com tempos abaixo de 10s20, não perderia nunca para os EUA", desafia o técnico Jayme Netto.
Para compensar essas deficiências na prova individual, o treinador fez os brasileiros se especializarem na competição coletiva.
"Nossa troca de bastão hoje é copiada no mundo inteiro. A equipe das Antilhas Holandesas foi até Presidente Prudente para treinar conosco", conta o técnico.
Arriscada, a troca de bastão, em que o atleta da frente não olha para o companheiro de trás, já trouxe alguns reveses. No Mundial de Edmonton-01, uma mudança errada eliminou o Brasil na final.
A maior eficiência, porém, já trouxe um bronze nos Jogos de Atlanta-96 e uma prata em Sydney-00. No ano passado, o país também foi vice-campeão mundial da prova e medalha de ouro no Pan de Santo Domingo.
Em ambas as competições, foi beneficiado pela eliminação de rivais por causa de doping.
"As equipes só usavam especialistas em 100 m no revezamento. Eu comecei a utilizar atletas dos 200 m com bons resultados. Hoje somos copiados", diz Jayme.
"O André é o melhor corredor de curva do mundo", completa.
Para largar, o treinador utiliza Cláudio Roberto de Souza, um velocista que tem boa saída. Não é o caso de Domingos e Edson Luciano Ribeiro, que se destacam nas voltas lançadas, quando o atleta pega o bastão de um companheiro e não necessita de uma explosão tão rápida quanto na largada. Vicente Lenilson, que tem o melhor sprint, fecha. Em Atenas, chegou às semifinais dos 100 m.
Ontem, a maior dificuldade para a classificação brasileira foi o fato de a equipe ter sido encaixada em uma série muito forte. Outros países bem cotados, Jamaica e Gana, foram eliminados. "Você fica mais preocupado por estar na eliminatória mais difícil e, por isso, o tempo não sai tão bom", aponta Ribeiro. (ADALBERTO LEISTER FILHO)


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