São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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azarão

Líder, Mark Webber fala o que quer , surpreende na F-1 e afirma que já se imagina campeão

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SPA

Sua vontade era ser bombeiro, ajudar as pessoas. Mas o destino acabou levando Mark Webber para as pistas.
Primeiro às de moto, já que seu pai, Alan, era dono de uma concessionária na Austrália. Depois às de kart e, finalmente, às de carro.
Oito anos depois de fazer sua estreia na F-1 pela Minardi, Webber experimenta neste ano, pela primeira vez, o gosto de liderar um Mundial.
Aos 34 anos (completados ontem), tem em nas mãos aquela que pode ser sua última chance de ser campeão.
"Sei que não vou conquistar sete títulos a esta altura", disse o piloto da Red Bull à Folha em Spa-Francorchamps, onde disputa, neste final de semana, o GP da Bélgica.
"Talvez possa ganhar um, ou até dois. Mas para quem não havia nunca vencido uma corrida até dois anos atrás, só posso ficar feliz com essa oportunidade."
E não é demagogia. Webber é um dos poucos pilotos no paddock que realmente fala o que pensa, o que já lhe causou alguns problemas.
O maior deles no GP da Inglaterra, quando aproveitou a vitória para, via rádio, escancarar para o mundo sua insatisfação com o fato de a equipe ter privilegiado seu escudeiro, Sebastian Vettel.
"Minha intensão nunca foi causar tensão no time, mas precisava falar", disse o ex-gandula de rúgbi e ex-instrutor de auto escola, que na semana passada realizou um sonho. Comprou seu primeiro carro: um Porsche 911.

FOLHA - Imaginou que a esta altura da carreira estaria lutando por um título? MARK WEBBER - As coisas na vida acontecem por uma razão. Sempre acreditei que se continuasse aprendendo e esperando, a oportunidade viria. Acredito em destino e que as coisas acontecem porque têm que acontecer. Alguns anos atrás eu não tinha vencido nenhuma corrida e agora já venci seis. Sou grato por isso.

Então sempre acreditou que um dia isso podia acontecer com você...
Sim, apesar de não estar muito motivado na época que estive na Williams, não só com a equipe mas com a F-1 em geral. Naquela época só havia duas equipes com chances de vencer, foi um período difícil, mas mantive a minha motivação.

Pensou que pudesse ter feito uma escolha errada?
Sempre acreditei que um dia teria o que merecia.

Isso é engraçado para quem se descreve como impaciente...
Sim, posso ser bastante impaciente. Sempre estou pensando no amanhã, olhando para o relógio. Mas, com o tempo, aprendi a ser comedido, especialmente no carro. Mudei bastante depois que comecei a ganhar.

Sente-se um azararão na F-1?
Talvez, mas sempre gostei do papel de azarão, de ser o cara em que ninguém acredita. Gosto que as pessoas falem que não posso conseguir algo. Sempre preferi isso a ser elogiado. Para mim, é melhor ser colocado para baixo.

Depois da batida com Vettel na Turquia, a relação de vocês mudou?
Ah, sim. Não é mais como era no ano passado. Ali as coisas ficaram tensas e a partir de então temos uma relação profissional. Mas é normal quando as pessoas ficam juntas por muito tempo haver desgaste.

Sente-se confortável no time?
Muito. Claro que cada equipe tem seus desafios, seu estilo, mas me adapto bem aqui.

Você pode falar o que quiser... Se arrepende de ter reclamado no rádio em Silverstone?
Claro que muitas pessoas não gostaram do que fiz. Eu deveria ter falado uns palavrões assim nunca teriam liberado o rádio para a TV, mas foi o fim da corrida... Foi um final de semana desconfortável para o time.

Foi algo que você planejou antes da corrida?
Sim. Ia falar na classificação, mas fiquei em segundo. Como ganhei a corrida aproveitei para desabafar.

Consegue se ver campeão?
Consigo. Seria um dia especial. Vencer Mônaco neste ano foi incrível, algo que ninguém vai poder tirar de mim. Espero poder conseguir algo ainda maior neste ano. Sei que vai ser uma batalha difícil, mas estou na briga.


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