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azarãoLíder, Mark Webber fala o que quer , surpreende na F-1 e afirma que já se imagina campeão
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SPA
Sua vontade era ser bombeiro, ajudar as pessoas. Mas
o destino acabou levando Mark Webber para as pistas.
Primeiro às de moto, já que
seu pai, Alan, era dono de
uma concessionária na Austrália. Depois às de kart e, finalmente, às de carro.
Oito anos depois de fazer
sua estreia na F-1 pela Minardi, Webber experimenta neste ano, pela primeira vez, o
gosto de liderar um Mundial.
Aos 34 anos (completados
ontem), tem em nas mãos
aquela que pode ser sua última chance de ser campeão.
"Sei que não vou conquistar
sete títulos a esta altura", disse o piloto da Red Bull à Folha em Spa-Francorchamps,
onde disputa, neste final de
semana, o GP da Bélgica.
"Talvez possa ganhar um,
ou até dois. Mas para quem
não havia nunca vencido
uma corrida até dois anos
atrás, só posso ficar feliz com essa oportunidade."
E não é demagogia. Webber é um dos poucos pilotos
no paddock que realmente
fala o que pensa, o que já lhe causou alguns problemas.
O maior deles no GP da Inglaterra, quando aproveitou
a vitória para, via rádio, escancarar para o mundo sua
insatisfação com o fato de a
equipe ter privilegiado seu
escudeiro, Sebastian Vettel.
"Minha intensão nunca
foi causar tensão no time,
mas precisava falar", disse o
ex-gandula de rúgbi e ex-instrutor de auto escola, que na
semana passada realizou um
sonho. Comprou seu primeiro carro: um Porsche 911.
FOLHA - Imaginou que a esta
altura da carreira estaria lutando por um título?
MARK WEBBER - As coisas
na vida acontecem por uma
razão. Sempre acreditei que
se continuasse aprendendo e
esperando, a oportunidade
viria. Acredito em destino e
que as coisas acontecem porque têm que acontecer. Alguns anos atrás eu não tinha
vencido nenhuma corrida e
agora já venci seis. Sou grato
por isso.
Então sempre acreditou que
um dia isso podia acontecer
com você...
Sim, apesar de não estar
muito motivado na época
que estive na Williams, não
só com a equipe mas com a
F-1 em geral. Naquela época
só havia duas equipes com
chances de vencer, foi um período difícil, mas mantive a
minha motivação.
Pensou que pudesse ter feito
uma escolha errada?
Sempre acreditei que um
dia teria o que merecia.
Isso é engraçado para quem
se descreve como impaciente...
Sim, posso ser bastante
impaciente. Sempre estou
pensando no amanhã,
olhando para o relógio. Mas,
com o tempo, aprendi a ser
comedido, especialmente no
carro. Mudei bastante depois
que comecei a ganhar.
Sente-se um azararão na F-1?
Talvez, mas sempre gostei
do papel de azarão, de ser o
cara em que ninguém acredita. Gosto que as pessoas falem que não posso conseguir
algo. Sempre preferi isso a
ser elogiado. Para mim, é melhor ser colocado para baixo.
Depois da batida com Vettel
na Turquia, a relação de vocês mudou?
Ah, sim. Não é mais como
era no ano passado. Ali as
coisas ficaram tensas e a partir de então temos uma relação profissional. Mas é normal quando as pessoas ficam
juntas por muito tempo haver desgaste.
Sente-se confortável no time?
Muito. Claro que cada
equipe tem seus desafios,
seu estilo, mas me adapto
bem aqui.
Você pode falar o que quiser... Se arrepende de ter reclamado no rádio em Silverstone?
Claro que muitas pessoas
não gostaram do que fiz. Eu
deveria ter falado uns palavrões assim nunca teriam liberado o rádio para a TV,
mas foi o fim da corrida... Foi
um final de semana desconfortável para o time.
Foi algo que você planejou
antes da corrida?
Sim. Ia falar na classificação, mas fiquei em segundo.
Como ganhei a corrida aproveitei para desabafar.
Consegue se ver campeão?
Consigo. Seria um dia especial. Vencer Mônaco neste
ano foi incrível, algo que ninguém vai poder tirar de mim.
Espero poder conseguir algo
ainda maior neste ano. Sei
que vai ser uma batalha difícil, mas estou na briga.
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