São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011

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Inalcançável

Recordista, Bolt ofusca geração forte nos 100 m, passa fácil pelas eliminatórias e correrá rumo ao ouro sem os principais adversários no Mundial

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A DAEGU

Com Usain Bolt na pista, é natural que quase todas as atenções estejam voltadas para o velocista jamaicano.
Além dos resultados, ele impressiona pelo porte físico (com 1,93 m, alguns de seus rivais chegam a ter mais de 20 cm a menos que ele) e pelo carisma (seus trejeitos e poses antes e após as provas fazem sucesso com o público).
Com isso, o recordista mundial dos 100 m (9s58) e 200 m (19s19) ofusca uma grande geração de velocistas.
O ranking da Iaaf, entidade que comanda o atletismo, mostra que nove atletas conseguiram correr os 100 m em 9s90 ou abaixo neste ano.
Essa marca só não garantiria medalha em duas competições na história: a Olimpíada de Atenas-04 e o último Mundial, em Berlim-09.
Desde o torneio alemão, a lista de atletas que correram abaixo desse tempo pela primeira vez cresceu quase 50%: passou de 19 para 27 nomes.
A tendência é que o número de sub-9s90 cresça em 2011, pois, além do Mundial, há outras competições importantes, como as etapas de Zurique e Bruxelas da Liga Diamante, até o final do ano.
Apesar disso, a prova sofreu algumas baixas para a disputa na Coreia do Sul.
O jamaicano Asafa Powell e o americano Tyson Gay, os dois mais rápidos do ano, estão fora do Mundial por lesão.
Terceiro e quarto da temporada, o jamaicano Steve Mullings e o americano Mike Rodgers enfrentam problemas com o antidoping e também não correm em Daegu.
Bolt, porém, chegou ao Mundial com apenas o oitavo melhor tempo de 2011.
Nessas circunstâncias, o americano Maurice Greene, tricampeão mundial (1997, 1999 e 2001), acredita que o jamaicano pode ser superado hoje -as semifinais do Mundial de Daegu acontecem às 6h30, e a final, às 8h45.
"Ele [Bolt] desceu do topo e está no mesmo nível dos demais", afirmou Greene. "Todos sabemos do que ele é capaz, mas ele não nos mostrou essa capacidade neste ano."
Powell, que anunciou só anteontem sua saída do Mundial, também acha que sua ausência e a de Gay não vão tornar a prova fácil para Bolt.
As opiniões são diferentes da de Tyson Gay, que aposta que o jamaicano levará o bi.
Bolt reconhece que não está na mesma forma de 2009 e que há muitos oponentes correndo rápido, mas afirmou que está focado e pronto.
Foi o que ele mostrou ontem. Venceu a sexta série das eliminatórias de maneira muito tranquila, com uma grande desaceleração depois da metade do percurso.
Mesmo assim, marcou 10s10, melhor tempo entre as sete séries e dois centésimos mais rápido do que seu compatriota Yohan Blake, que foi o segundo na classificação.
Na mesma série de Bolt correu o brasileiro Nilson André, o único representante do país na prova, que marcou 10s54 -ficou em quinto na série e fora das semifinais.
"Fico feliz [em correr ao lado de Bolt]. Isso mostra que estou entre os melhores", disse ele, que terminou na 35ª posição entre os 56 inscritos.
País com medalhas olímpicas e mundiais no revezamento 4 x 100 m e histórico de finais nos 100 m, o Brasil tem como recorde a marca de 10s00, de Robson Caetano.


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