São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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ATLETISMO
Com a prata de Claudinei Quirino nos 200 m rasos, desempenho brasileiro já é o melhor da história
Brasil alcança seu melhor Mundial

France Presse
O brasiliero Claudinei Quirino (dir.) mostra a medalha de prata que conquistou nos 200 m rasos, vencidos por Maurice Greene


da Reportagem Local

e das agências internacionais

Com uma medalha de prata de Claudinei Quirino da Silva nos 200 m rasos, o Brasil alcançou ontem sua melhor campanha na história do Mundial de atletismo.
Quirino, 28, conseguiu a segunda prata brasileira ao marcar 20s ontem, ficando atrás apenas do norte-americano Maurice Greene, que venceu com 19s90. Em terceiro lugar ficou o nigeriano Francis Obikwelu (20s11).
Com o tempo obtido, o brasileiro melhorou em 13 centésimos de segundo sua melhor marca.
"Não pensava em ganhar a medalha. Meu objetivo era estar entre os oito primeiros. Mas, quando me classifiquei para a final, pensei que poderia repetir o que fiz em Atenas (o bronze), porque estou em meu melhor momento na temporada. A prata me dá muita confiança para a Olimpíada", disse ele.
Depois de dedicar a medalha a seu pai, a sua namorada e a seu treinador, Quirino fez também uma dedicatória aos "sul-americanos". "A medalha não é só brasileira. É para todo o povo sul-americano, chileno, argentino, peruano, colombiano, somos todos uma família. Quero que a Europa dê mais valor à América do Sul. Terão de nos respeitar mais."
A medalha de Quirino foi a segunda prata do país na competição, que ocorre em Sevilha, Espanha. A primeira havia sido conquistada anteontem, por Sanderlei Parrela, nos 400 m rasos.
A campanha deste Mundial é superior a toda história brasileira na competição -cujas conquistas, até este ano, limitavam-se a uma prata (em 91, com Zequinha Barbosa nos 800 m) e quatro bronzes (Joaquim Cruz, em 83, nos 800 m, Zequinha, em 87, nos 800 m, Luiz Antônio dos Santos, em 95, na maratona, e Quirino, em 97, nos 200 m).
A equipe brasileira em Sevilha é a menor do país em Mundiais nesta década. São 16 atletas, contra 30 em Tóquio-91, 37 em Stuttgart-93, 28 em Gotemburgo-95 e 26 em Atenas-97.
Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo, tal redução se deve à elevação dos índices exigidos pela entidade para garantir vaga na competição.
O Brasil obteve sua melhor participação mesmo desfalcado do único atleta do país dono de uma melhor marca mundial -o mineiro Ronaldo da Costa, que tem o tempo mais baixo da maratona, está contundido.
"O atletismo brasileiro está caminhando passo a passo para ser uma grande força internacional nesse esporte. Estamos provando isso", disse Quirino.
Apesar do sucesso, o Brasil ainda tem um desempenho discreto no quadro de medalhas -ocupa, no momento, o 17º lugar.
Ontem, outro brasileiro quase conquistou outra medalha para o país: Eronilde Araújo, nos 400 m com barreiras.
Medalha de ouro no último Pan-Americano, ele acabou em quarto lugar ontem, com o mesmo tempo (48s13) do terceiro, o suíço Marcel Schelbert.
A delegação brasileira registrou protesto, pedindo revisão da classificação com base em fotos de chegada, mas não teve sucesso.
Os brasileiros, de qualquer forma, não foram os únicos a protestar contra o resultado.
Os franceses reclamaram, também sem sucesso, do vencedor da prova, o italiano Fabrizio Mori (47s72), que teria corrido fora da raia, atrapalhando o francês Stéphane Diagana, que defendia o título mundial.
Na semifinal, na quarta-feira, Mori chegou a ser desclassificado pelo mesmo motivo, mas recorreu e pôde disputar a final.


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