da Reportagem Local

Medalha de ouro em Seul-88 e bronze em Atlanta-96, Aurélio Miguel lutará em duas frentes hoje no Rio para assegurar sua vaga no Mundial de judô, que será realizado em outubro, na Inglaterra.
Envolvido num imbróglio com a CBJ (Confederação Brasileira de Judô), que exige R$ 50 mil para homologar sua transferência da Federação de São Paulo para a do Rio, o meio-pesado pretende defender o Flamengo nas seletivas a partir das 9h no ginásio do clube.
No início de agosto, a CBJ enviou um comunicado às federações estaduais, no qual vetava a participação de quatro atletas: Aurélio Miguel, Edelmar Zanol, Danusa Shira e Rubens Neres na seletiva de hoje e amanhã.
Os três últimos defenderam a equipe nacional no Pan-Americano de Winnipeg, Canadá. Indagado na época, Joaquim Mamede, diretor-superintendente da entidade, desmentiu a existência do veto. Segundo ele, o veto só existia para Vânia Ishii, ouro no Pan e que já estaria com vaga no Mundial. ""Os demais, se não forem competir, estarão se vetando por conta própria", disse, na ocasião.
Segundo a assessoria do Flamengo, a única providência tomada em relação a Aurélio Miguel foi o pagamento da taxa de inscrição para a seletiva.
O clube se recusa a desembolsar os R$ 50 mil reclamados pela CBJ, embora tenha solicitado na federação do Rio a transferência. De Henrique Guimarães, bronze em Atlanta-96, também do Flamengo e que deve participar da seletiva, foram exigidos R$ 20 mil. Ao contrário de Miguel, Guimarães não sofreu veto da CBJ.
Exaltado -a ponto insultar o repórter-, Mamede disse ontem que ""nada impede que Aurélio Miguel participe da seletiva".
Mas impôs condições.
""Se ele chegar e disser que só participa com o uniforme do Flamengo e pela Federação do Rio, não compete de jeito nenhum. Ele pode participar com o uniforme que quiser, mas como atleta da Federação de São Paulo."
Mamede disse que há uma ""diferença muito grande entre atuar por uma ou outra federação". Indagado pelo motivo, voltou a ficar nervoso e não respondeu.
Negando-se a comentar o caso (""Estou num grande clube para que eles lutem por mim fora."), Miguel afirmou que hoje, depois da seletiva, apresentará uma série de documentos sobre condutas irregulares da confederação em relação a seu caso.
""Amanhã (hoje), eu vou entrar no tatame e lutar. Depois vocês (jornalistas) vão receber os documentos", disse o judoca. ""Por que me cortaram? Eles poderiam me cortar?", disse em alusão ao veto da confederação.
Em junho, antes de fechar com o Flamengo, o medalhista olímpico havia pedido dispensa do Pan, alegando que não tinha condições de fazer uma preparação adequada. Parte de seu salário é bancado com o patrocínio do atacante de futebol Ronaldo, da Inter (Itália).


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