São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAULO VINICIUS COELHO
Cidade x Cidade


Na corrida para participar da Copa-2014, enquanto Cuiabá ganha espaço, política deixa Curitiba em situação delicada

O SECRETÁRIO de Turismo do Paraná, Celso Caron, apresenta amanhã o projeto de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014. É o capítulo mais importante de uma semana repleta de decisões sobre o Mundial do Brasil.
Desde ontem, até terça-feira, as cidades candidatas apresentarão as ações adotadas para sediar a Copa. As que avançaram nas questões políticas estão mais tranqüilas. É o caso de Cuiabá, capital da soja, do governador Blairo Maggi. Não é o de Curitiba, nem o de São Paulo.
A semana lembra o quadro Cidade x Cidade, do "Programa Silvio Santos", mas os personagens são menos ingênuos do que os estudantes que enfeitavam os estúdios de TV.
Um dos personagens é o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni. Outro é Francisco Müssnich, cunhado e advogado de Daniel Dantas. Do cenário também fazem parte 18 governadores que já se sentaram à mesa com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Cada um deles manda sua comissão ao Rio, para tentar entrar num mapa que já está quase fechado. O número de capitais contempladas será de oito, no mínimo, e de 12, no máximo. Mas é quase certo que ficará em dez.
Rio, Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre estão confirmadas, o que não livra paulistas, mineiros e brasilienses de outra disputa -a abertura da Copa. A jóia da coroa é Brasília, porque o novo Mané Garrincha terá suas obras iniciadas em dezembro, enquanto Morumbi e Mineirão vivem de conjecturas.
Aí começam as maiores disputas. Manaus briga com Belém e está em desvantagem, porque o Amazonas não acena com a estrutura do Pará. Como prêmio de consolação, pode ficar com o sorteio dos grupos.
Mato Grosso é o mais bem colocado para ser a sede Pantanal. Blairo Maggi, que já defendeu o desmatamento da Amazônia para plantar comida, está desmatando a Copa. Cuiabá deve ser sede. Manaus, não.
As três favoritas que restam são do Nordeste. Recife está garantida; Salvador, quase. A terceira força é Fortaleza. Nesse mapa, Curitiba dançou, mas Celso Caron viaja ao Rio com a missão de mudar o cenário.
Não existe cidade mais perfeita entre as que terão papel pequeno. Curitiba tem transporte, hotelaria e estádio suficientes para três jogos da primeira fase e um das oitavas-de-final. O que matou Curitiba foram as brigas entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião e os problemas da federação, que não descarta o Couto Pereira, enquanto a Arena da Baixada é o único estádio em obras para 2014.
"Está tudo bem e já fizemos reunião com o Ricardo Teixeira", diz o vice-governador Orlando Pessutti. Não está, porque Teixeira não ficou feliz com as garantias de Requião e porque Curitiba foi a última a se sentar com o presidente da CBF.
Depois de entender o jogo político, pense no aspecto técnico. É impensável Curitiba fora da Copa e Cuiabá dentro. Por quê? O legado. Em 1º de agosto de 2014, o futebol brasileiro terá herdado tudo o que for feito em Curitiba e nada do que se fizer em Mato Grosso, que não tem time nem na Série B desde 1992. Mas o mapa se desenha levando em conta aspectos técnicos e políticos. Se quiser voltar à Copa só sob o argumento técnico, Curitiba fica fora.

pvc@uol.com.br


Texto Anterior: Fifa pede atenção à segurança de 2014
Próximo Texto: "Rebeldes" não jogam Mundial da Fifa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.