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AUTOMOBILISMO
Com propostas polêmicas, reunião pode trazer a maior transformação da categoria nos últimos anos
FIA vota hoje pacote de mudanças na F-1
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Lastro nos carros, revezamento
de pilotos, quatro treinos classificatórios... Ao todo, são nove pontos. Nove propostas que podem
mexer profundamente com a F-1.
A FIA vota hoje, na Inglaterra, o
maior pacote de mudanças técnicas da categoria dos últimos anos.
O encontro entre dirigentes da
entidade máxima do automobilismo, chefes e fornecedores de
equipes e promotores de GPs será
em Heathrow. E o ambiente não
deverá ser dos mais tranquilos.
Dois princípios movem a reunião. Primeiro, encontrar alternativas para reduzir os custos da categoria. Segundo, tornar mais difícil um domínio tão acachapante
como o da Ferrari em 2002.
"Certamente vai ter pancadaria.
Sempre tem um quebra pau",
afirmou à Folha Tamas Rohonyi,
promotor do GP Brasil e um dos
28 integrantes da comissão de F-1.
"Dá para dizer que algumas sugestões técnicas serão aprovadas.
Mas outras são bois de piranha."
No primeiro caso, Rohonyi se
refere às propostas de limitação
do uso de motores, de implantação de quatro treinos classificatórios e da proibição de testes em
circuitos que recebem o Mundial.
"São idéias interessantes porque reduzem os custos de operação das equipes e trazem mais interesse para as provas", declarou.
Mas há o segundo caso, aquele
das sugestões "bois de piranha".
"Essas pseudo-propostas não
foram sugeridas seriamente. Não
podemos admitir que o Bernie
Ecclestone [dirigente comercial
da F-1" e o Max Mosley [presidente da FIA" pensem mesmo em
pôr o Schumacher na Minardi.
Eles não são idiotas", disse o promotor. "E a história do lastro é só
para dar um susto nas equipes
grandes. A FIA só lançou essas
idéias para entreter o público."
Se foi esse o objetivo, a entidade
o atingiu: com a temporada decidida há meses, a polêmica ganhou
espaço na mídia. Mais prestigiosa
publicação de automobilismo, a
inglesa "Autosport" se divertiu
imaginando o tal revezamento de
pilotos. Foram montagens com
Michael Schumacher na Minardi,
Alex Yoong em um Williams...
Com base em dados de equipes,
a "Autosport" também fez uma
simulação do que Schumacher
conseguiria neste ano se a regra
do lastro estivesse vigorando.
Na experiência, o carro do alemão receberia um quilo para cada
ponto conquistado, como sugere
a FIA. Isso seria suficiente para
que, na penúltima prova do ano,
ele fosse superado por Yoong, paradigma de piloto ruim. Um detalhe desmascara a seriedade da
proposta: se adotado, o lastro tornaria a F-1 mais cara, efeito oposto do que os dirigentes buscam.
Isso porque as equipes obviamente tentariam compensar a
desvantagem em outros campos.
"Em carros de F-1 temos que
considerar três componentes: a
potência do motor, que determina a velocidade; o peso, que define a aderência do veículo ao solo e
o espaço de frenagem e a aceleração máxima nas retomadas; e a
relação potência/peso. Quanto
mais potente e mais leve for o carro, maior será a aceleração", disse
o professor Manfredo Tabacniks,
do Instituto de Física da USP.
"Para a mesma potência, carros
mais pesados têm menor aceleração final, mas em pistas sinuosas
podem compensar isso nas freadas e nas saídas de curva pois são
melhores na retomada de velocidade devido à maior aderência."
O resultado da reunião sai hoje.
Por hora, a única certeza é que no
dia 9 de março a F-1 estará bem
diferente da de Suzuka, há 15 dias.
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