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BASQUETE
O playground de Jordan
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Há muitos anos a indústria
do basquete procura um sucessor para Michael Jordan. Empilhadas na prateleira, as revistas
americanas anunciam na capa os
candidatos -antes mesmo de o
"original" ter pensado em parar.
O criativo Penny Hardaway,
que cativou o torcedor de imediato, virou até brinquedo e programa na MTV. Mas não conteve o
ego até que perdeu a simpatia dos
colegas. De joelhos amolecidos pela idade, hoje o armador entra e
sai discretamente, coadjuvante
no time do Phoenix, ameaçado de
perder minutos até para o novato
brasileiro Leandrinho.
Grant Hill, versado em todos os
fundamentos, a quem faltaram
uma pitada de ambição (personalidade?) e tornozelos resistentes
para cumprir o prognóstico. O ala
se recupera da terceira cirurgia
no pé. Frustrado com os dividendos da contratação de US$ 93 milhões, o Orlando fala que ele só
voltará às quadras em 2004/05.
Jerry Stackhouse não teve papas
na língua. Prometeu revolucionar
o esporte tão logo aterrissou na
NBA com currículo semelhante
ao do ídolo. Mas, humilhado pelos veteranos nas primeiras rodadas, refugiou-se em uma redoma
psicológica. Ficou ainda mais fominha. Hoje o armador implora
reconhecimento no Washington.
A festa para Vince Carter foi a
mais barulhenta, tanto quanto as
enterradas dele. Talvez seja a que
termina de forma mais silenciosa.
Não houve crises de relacionamento. Nenhuma contusão gravíssima. Nem problemas de adaptação. O armador do Toronto
simplesmente murchou aos poucos, incapaz de adicionar dimensões ao fantástico "jogo aéreo".
Vistoso dentro e discreto fora
dos ginásios, Kobe Bryant caminhava para corresponder às expectativas. Aos 25 anos, ostenta
três títulos e estatísticas tão ou
mais impressionantes que as de
Jordan (este só ganhou o primeiro
de seis campeonatos aos 28).
O armador do Los Angeles Lakers reeditava o ex-astro do Chicago com o mesmo estilo acrobático, a obsessão pelo exercício de
fundamentos, o prazer em defender (e não só em atacar). A mesma fixação com o visual, a preocupação com a imprensa, a voz de
barítono, a mania de pendurar a
língua nos lances difíceis.
Um incidente, porém, deve
comprometer a trajetória de
emulações e glórias. Acusado de
estupro por uma recepcionista de
hotel nas montanhas do Colorado, Kobe irá a julgamento ao longo do torneio que começa nesta
noite. A defesa diz ter evidências
suficientes para absolvê-lo. Mas
como abstrair em quadra a possibilidade de prisão perpétua? Ou
conciliar a rotina de treinos e partidas com as audiências? A próxima, por exemplo, no dia 10, coincide com um jogo em Memphis.
Aos poucos, os Lakers manifestam desconforto. Para o neófito
Gary Payton, Kobe está fora de
forma e deve ter paciência até se
reencontrar. Já Shaquille O'Neal
sem diplomacia anunciou que a
"equipe agora é só minha".
Penso no drama de Kobe quando recebo outra revista, desta vez
indicando para o altar o calouro
LeBron James, sensação do Cleveland. Vai amarelar na minha estante também, aposto.
Enterrada 1
A NBA abre o campeonato com 80 "estrangeiros" inscritos, recorde.
Enterrada 2
Com a renúncia do engomado Pat Riley (Miami), sobe para 11 o número de times que trocaram de técnico, outra marca significativa.
Enterrada 3
Como em 2002/03, o jovem jornalista Rodrigo Alves promete fazer
atualizações diárias desta temporada no www.rebote.blogspot.com,
mais inteligente (e bonito) site em português sobre a NBA. Confira.
Enterro
A coluna passada esqueceu que Ray Allen há meses defende o Seattle.
E-mail melk@uol.com.br
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