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FUTEBOL
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SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Um espectador descontrolado (ou mal intencionado)
atira um copo d'água no gramado. É justo punir o time, o clube e
os outros milhares de torcedores
por causa de um energúmeno? De
todo modo, é preciso tomar alguma atitude.
O ideal, claro, é se precaver de
modo a diminuir o risco de agressões: proibir a entrada de garrafas, revistar cuidadosamente todos os torcedores, instalar câmeras nas roletas, para impedir
fraudes e superlotação, e também
diante das arquibancadas, para
inibir impulsos indesejáveis e
identificar infratores se for o caso.
Sou contra a perda de pontos,
porque acho que se deve mexer o
mínimo possível no resultado do
jogo. A transferência de partidas
para 150 km de distância pode
não punir de fato o mandante
(que às vezes tem torcida maior e
mais calorosa longe da sede) e
ainda prejudicar o visitante, que
tem de se deslocar para mais longe. A inversão de mando acabaria beneficiando um terceiro time, que jogaria em casa uma vez
a mais do que o previsto. Para
mim, jogar em casa com portões
fechados seria o castigo com menos efeitos colaterais indesejáveis.
Os torcedores ficam revoltados
com a idéia. Os dirigentes nem
sempre. Meses atrás, em reunião
no Procon de São Paulo, alguns
reagiam a recomendações ou sugestões da Procuradoria com desdém: "Para que vou gastar dinheiro com isso? O estádio corresponde a 9% do faturamento. Prefiro jogar com portões fechados".
O desprezo fica evidente na prática. O Palmeiras colocou menos
de 20 mil ingressos à venda para o
jogo de sábado passado, contra o
líder do torneio, só para fugir do
artigo 25 do Estatuto do Torcedor. Aliás, fugir da responsabilidade tinha levado o clube a banir
a venda de lanches no estádio...
No dia do jogo, os meios de comunicação (como o Lancenet e a
Gazeta Esportiva) passaram
adiante a informação de que havia mais de 18.900 pagantes. O
borderô divulgado nos sites do
clube e da CBF registra 18.755.
Mesmo que o erro tenha sido dos
jornalistas, o difícil é acreditar em
qualquer um desses números -o
Parque estava cheinho; onde caberiam mais 10 mil pessoas para
completar a lotação do estádio?
O borderô tem outras coisas estranhas, como a remuneração da
arbitragem (por lei, obrigação da
CBF) e, depois de várias despesas
detalhadas, o item "despesas diversas", sem explicações, que é
maior do que os outros: R$ 18.795.
A prestação de contas do ingresso-família (que o clube acaba de
suspender) também é meio estranha. Que história é essa de "meia-entrada do ingresso família"?
Aliás, um sócio do clube tentou
comprar meia-entrada e foi informado de que estavam esgotadas.
Na seqüência, viu uma pessoa retirar discretamente uma meia-entrada em outro guichê. Em vez
de se queixar das carteiras falsificadas, como fazem, por que os dirigentes não investigam esquemas internos de corrupção?
Às vezes é difícil crer que as coisas possam mudar, mas a saída é
continuar tentando. Não é o que
esperamos dos atletas em campo?
Pesos e medidas
O Atlético-PR demonstrou, no
tribunal, ter tomado todas as
medidas que podia para evitar
agressões. Mesmo sem ter sido
punido antes, pegou uma pena
de dois jogos. O Botafogo, reincidente, pegou um só e conseguiu efeito suspensivo. O Atlético-MG foi condenado a jogar
fora de Minas Gerais. Tudo
bem que cada caso é um caso,
mas por isso mesmo as regras
têm de ter um mínimo de consistência e uniformidade.
Boa tentativa
Legal a iniciativa do São Paulo
de vender pacotes de ingressos
a preços promocionais para a
reta final do torneio. Não sei se
vai dar certo já na primeira tentativa, mas vale a pena testar.
Falta ainda resolver o problema
das filas na bilheteria...
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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