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AÇÃO
Faça esporte, não faça guerra
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Aconteceu em Aruba, há
três anos. O sujeito estava
havia mais de três horas em sua
prancha de windsurfe, apesar do
tempo chuvoso e do swell agressivo, quando suas mãos, cansadas
de tanto segurar a vela, começaram a sangrar. Ele desceu da
prancha, "enfaixou" as mãos com
silvertape e continuou a velejar
por horas, para desespero de sua
mulher, que o observava da areia.
Aconteceu no Texas, há dez
anos. O rapaz, frustrado porque
seu pai havia sofrido uma derrota
política, decidiu afogar as mágoas treinando para correr uma
maratona. Embora tivesse sido
orientado a começar devagar, ignorou a dica e decidiu correr todos os dias o máximo que agüentasse e no ritmo mais forte possível. Completou a prova em três
horas e 44 minutos, mas não demorou para estourar os joelhos.
As histórias, reveladas pelo jornal "The LA Times", seriam banais não fossem seus protagonistas os candidatos à Presidência
dos EUA, John Kerry e George
Bush. "Bush e Kerry são ávidos esportistas outdoor", começa a matéria, "e são também parecidos
quando se trata de lidar com
pressões, sejam elas quais forem".
No começo do mês, enquanto
câmeras de TV seguiam Kerry
numa caçada pelo interior do Estado de Iowa, a 1.500 km dali
mais uma multidão de repórteres
registrava Bush pescando em seu
rancho no Texas. Leve-se em conta que nos EUA existem cerca de 7
milhões de caçadores e 20 milhões
de pescadores e qualquer marqueteiro de primeira viagem saberá avaliar a importância dessas
atitudes. Mas com Bush e Kerry
não podem apenas ser consideradas demagógicas e eleitoreiras.
A verdade é que Kerry, há muitos anos, dedica-se ao alpinismo,
ao mountain bike (ele pilota uma
Serotta Ottrott que vale US$
8.000), ao windsurfe e, mais recentemente, ao kitesurfe. Nervin
Sayre, estrela do wind, velejou ao
lado do democrata e disse ao "LA
Times" que, embora Kerry não
seja tecnicamente perfeito, não
desiste nunca. "No primeiro dia, o
tempo estava caótico, o mar muito mexido e o vento maluco. Pensei que ele fosse desistir, mas fui tirado de casa por seus gritos de
"vamos logo, aqui fora está bombando!'", diz Sayre, que também
estava ao lado de Kerry em Aruba
quando do silvertape.
Já Bush há muitos anos corre,
pedala e pesca. Sua bicicleta
(uma Trek Fuel de US$ 3.000) e
sua técnica parecem ser mais modestas do que as de Kerry. Recentemente, o presidente capotou espetacularmente, ganhando hematomas. Por isso, quando se
aventura com sua bike, ele não
permite mais a companhia de fotógrafos e repórteres. Já Kerry teve uma malograda aventura registrada pelos marqueteiros de
Bush e transformada em anúncio
na TV: a cena mostra o democrata sendo nocauteado por uma onda no litoral de Massachusetts.
Entre questões como "Terão os
seguranças da Casa Branca que
aprender a velejar?" e "Você liga
para o fato de o presidente gostar
de aventuras?", a matéria conclui
em tom de ironia que, como disse
Bertrand Russel, se todos os líderes do mundo andassem 25 milhas por dia, não haveria guerras.
Mundial de surfe - WQS
Mais estrangeiros que brasileiros na etapa seis estrelas que começou
ontem em Florianópolis. A restrição para apenas os cem melhores do
ranking participarem da etapas havaianas, que vêm a seguir, e do
"Super Series", a ser criado em 2005, ajudam a explicar a adesão.
Mountain bike - Downhill, Cross Crountry e Four X
Em 2005, ocorre pela primeira vez na América do Sul etapa do Mundial. E será no Brasil, em Balneário Camboriú, SC, em 2 e 3 de julho.
Rali humano
O Ecomotion/Pro, realizado na Bahia, vem se firmando como uma
das maiores e mais bem organizadas corridas de aventura do mundo. Foram 9 dias, 196 atletas e 465 km. De 39 equipes, 28 chegaram.
E-mail sarli@trip.com.br
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