São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006 |
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RODRIGO BUENO Respeitável público
O PÚBLICO nos estádios italianos despencou. Menos de 20 mil torcedores em média por jogo. A ""Gazzetta dello Sport" mostrou com estranheza a queda de público pela nona temporada seguida. A discussão aponta para questões óbvias e universais: preço alto dos ingressos, extensa cobertura televisiva, violência e falta de credibilidade após manipulação de resultados. Tudo isso tem sua parcela de culpa, mas o grosso mesmo não está aí. E a Itália é o maior exemplo. Desde os anos 80 o badalado Campeonato Italiano é produto caro, toma conta da mídia, vê confusões e conflitos nos estádios e assiste a escândalos com jogos e jogadores vendidos. A simples queda da Juventus para a Série B tirou cerca de 70 mil potenciais torcedores por rodada. A capacidade dos estádios dos clubes tem influência pesada nas médias de público dos Nacionais europeus (nos de outros continentes também, mas menos porque na Europa é comum um time encher 100% dos assentos). O rebaixamento do Lecce impediu outros potenciais 40 mil torcedores de animar os finais de semana do calcio no estádio. Quando grandes cidades e grandes times, casos de Genoa, Napoli, Verona e Bologna, ficam ausentes da elite, naturalmente um ""buraco" de público é notado. O tetra italiano não deu o impulso que alguns poderiam esperar nos tifosi, porém há essa questão física básica (se o melhor espetáculo do mundo for realizado em um palco pequeno...). A animação no país do calcio no pós-Copa talvez seja igual à vista na Alemanha, mas a queda de Kaiserslautern, Colônia e Duisburgo sacou cerca de 130 mil potenciais torcedores por rodada da Bundesliga -os estádios dos pequenos que ascenderam concentram pouco mais de 20 mil pessoas. A média de público na liga alemã, porém, vem crescendo bastante nos últimos anos (hoje é o dobro da média italiana, com quase 40 mil torcedores por partida). Muito disso deve-se à modernização e à ampliação dos estádios por causa do Mundial -o Bayern, na Allianz Arena, tem média de quase 70 mil torcedores por jogo. No Japão, um ano antes da Copa-2002, a J-League celebrava média de 16 mil torcedores por jogo (chegou a 10 mil por partida em 1997). Depois do Mundial asiático e seus belos estádios, a média supera hoje os 18 mil torcedores por jogo. O Inglês ganhou com só um estádio novo, o Emirates do Arsenal, cerca de 20 mil torcedores a mais por rodada. O simpático Highbury não comportava 40 mil pessoas. Agora, a média dos Gunners é de quase 60 mil torcedores/jogo. Apesar das bacanas casas dos times ingleses, desde o gigante Liverpool até o humilde West Ham querem usar logo arenas maiores -o segundo ""herdaria", talvez com o apoio de Kia, estádio de Londres-2012. O Brasil já tem pontos corridos. Deve ter em breve uma Copa e alguns bons estádios. O torcedor não precisará do hexa para ir a campo. PORTUGAL O Português faz um grande teste nesta temporada ao reduzir seu número de clubes (16, como sugere a Fifa). A idéia é aumentar o espetáculo. A média de público, porém, não alcança 10 mil torcedores por jogo. E Portugal fez a última Euro. O problema é que só há três grandes mesmo lá (os três levam mais de 30 mil torcedores por partida). BRASIL Alguns times, como Figueirense, Grêmio e Inter, enchem estádios com sócios. O ""problema" passa a ser a lotação em certos jogos. O Barcelona, com média de 80 mil torcedores por partida, quer aumentar o Camp Nou por isso. A média do Brasileiro está em 12 mil pessoas/jogo e vai aumentando. Deverá ser recorde na era dos pontos corridos aqui. Em 2007, com Atlético-MG e sem São Caetano... rbueno@folhasp.com.br Texto Anterior: Por folga, São Paulo desafia o abatedouro dos melhores Próximo Texto: Abin vai investigar envolvidos no Pan-07 Índice |
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