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No Brasil, anfitriões viveram extremos
DA REPORTAGEM LOCAL
Levar a Copa do Mundo para
sua cidade ou Estado. Investir
em arenas e estrutura. Há mais
de 50 anos, como vai acontecer
para 2014, políticos brasileiros
fizeram isso, e o resultado nas
urnas após a competição não
foi uniforme. Longe disso.
Alguns fizeram do Mundial
de 1950 no Brasil um trunfo para se tornarem imbatíveis nas
eleições. Outros perderam popularidade nos pleitos seguintes ao evento. Poucos partiram
para o ostracismo.
Quem melhor ilustra o primeiro caso é Ildo Meneghetti.
Ele era prefeito nomeado de
Porto Alegre quando o país sediou o Mundial pela primeira
vez. Antes disso, como cartola
do Internacional, já havia sido
o principal articulador da construção do estádio dos Eucaliptos, que foi palco da Copa. Para
a competição, seu governo também investiu pesado.
Depois do Mundial ele ganhou seguidas eleições contra
ícones da política gaúcha. Leonel Brizola, por exemplo, foi
derrotado por ele na eleição à
Prefeitura de Porto Alegre. Foi
ainda duas vezes governador do
Rio Grande do Sul.
Mas algumas lendas da política nacional não conseguiram
fazer da Copa um trunfo em
eleições realizadas nos anos seguintes ao Mundial brasileiro,
num intervalo com democracia
entre o Estado Novo de Getúlio
Vargas e a ditadura militar.
Fazem parte dessa lista
Adhemar de Barros, Milton
Campos e Barbosa Lima Sobrinho, respectivamente governadores de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco à época.
Os três acumularam fracassos nas urnas na década de 50.
Adhemar foi apenas o terceiro
colocado na eleição presidencial de 1955. Um ano antes havia sido batido por Jânio Quadros na luta pelo governo paulista. Sua ligação com o futebol
era grande. Esteve na linha de
frente da construção dos dois
maiores estádios paulistanos
-o Pacaembu e o Morumbi- e
era são-paulino fanático.
Elo com o futebol também
não faltava a Barbosa Lima Sobrinho, que na sua vida centenária aliou a política com o jornalismo e a literatura.
Quando jovem, ele foi jogador do Náutico. Como governador pernambucano, indicou
um cartola do clube, Manoel
Cesar de Moraes Rego, para a
Prefeitura do Recife, que com a
Ilha do Retiro foi palco do
Mundial. Os pernambucanos
não acharam grande coisa.
Na eleição para o Senado, em
1954, o ex-acadêmico foi apenas o quarto mais votado e não
conseguiu vaga.
O mineiro Milton Campos
tentou ser eleito vice-presidente (na época havia pleito específico) em 1955 e 1960 e não teve sucesso nas duas ocasiões.
Mas quem melhor sentiu o
apogeu e a decepção com a Copa foi Ângelo Mendes de Moraes, o prefeito carioca que
construiu o Maracanã.
Ele entrou para a lista dos
"responsáveis" pela derrota para o Uruguai na final ao fazer
um discurso que muitos dizem
ter servido como incentivo para os rivais dos brasileiros. Moraes não demorou para sair da
cena política. Hoje, seu nome
batiza uma rua do sofisticado
bairro de São Conrado, mas não
aparece com destaque no estádio edificado na sua gestão.
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