São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Lula move plano para capitalizar como "patrono"

Presidente pretende usar evento para deixar sua marca e, se houver clima, impulsionar candidatura ao Planalto em 2014

Para petista, Teixeira é um aliado importante e um dirigente vitorioso, que venceu duas Copas e criou condições para país ser sede

KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende capitalizar ao máximo o anúncio de que a Copa de 2014 será no Brasil, uma estratégia visando sedimentar a imagem de patrono do evento que acontecerá depois que ele deixar o poder.
O governo fará um plano específico de obras que deverá começar até o final do seu mandato. Assim, o sucessor de Lula, a partir de janeiro de 2011, encontraria um plano em andamento, com a marca do petista.
A paixão pelo futebol, tema de inúmeras metáforas do corintiano Lula, conta a favor da fixação da imagem do petista como um "pai político da Copa", afirmou à Folha um auxiliar direto do presidente.
Segundo assessores, soa natural o interesse de Lula por futebol. Um auxiliar presidencial chegou a especular que, se em 2014 Lula for candidato a presidente, hipótese que admitiu em recente entrevista à Folha, a figura de patrono da Copa poderia lhe render dividendos.
O presidente também se fia na excelente relação política e pessoal com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para estabelecer um plano de vôo que lhe garanta destaque na conquista e organização da Copa.
Na avaliação do petista, Teixeira é um aliado importante, um dirigente vitorioso. Na gestão Teixeira, o Brasil venceu duas Copas (1994 e 2002) e criou as condições políticas para que o país sedie o evento.
Ao lado de Teixeira, Lula estará presente na cerimônia de terça, na qual a Fifa anunciará o Brasil como sede. A intenção do governo é fazer da escolha um feito histórico. "O futebol é a paixão dos brasileiros, e o Brasil, país do futebol, não sedia a Copa há mais de meio século", disse o porta-voz do presidente, Marcelo Baumbauch.
O anúncio acontecerá às 11h (de Brasília) da terça. Atendido o pleito, Lula discursará.
A Folha apurou que Lula enfatizará o empenho do Brasil para fazer uma Copa "inesquecível", argumentando que a organização do Pan, em julho, teria mostrado que o país tem condições de sediar um evento internacional. Deverá dizer que será providenciada infra-estrutura turística e condições de segurança necessárias.
O governo já prevê campanhas para divulgar a Copa e "os benefícios que esta escolha trará à população", diz o porta-voz de Lula. A resposta às críticas de que o país teria prioridades mais urgentes é que o evento colocará o Brasil em evidência internacional, criará empregos e os investimentos públicos trarão benefícios permanentes.
Três ministros integrarão a comitiva presidencial em Zurique: Orlando Silva Jr. (Esporte), Marta Suplicy (Turismo) e Celso Amorim (Relações Exteriores). Até o final da tarde de sexta, a previsão era que, dos governadores convidados, só o petista Jaques Wagner (Bahia) iria no avião presidencial. Lula terá um evento amanhã na Bahia. De lá, seguirá para a Suíça.
Convidados pela CBF, outros governadores estarão no evento, entre eles Sérgio Cabral (PMDB-RJ), José Serra (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG), José Roberto Arruda (DEM-DF) e Eduardo Campos (PSB-PE).

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