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Lula move plano para capitalizar como "patrono"
Presidente pretende usar evento para deixar sua marca e, se
houver clima, impulsionar candidatura ao Planalto em 2014
Para petista, Teixeira é um aliado importante e um dirigente vitorioso, que venceu duas Copas e criou condições para país ser sede
KENNEDY ALENCAR
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende capitalizar
ao máximo o anúncio de que a
Copa de 2014 será no Brasil,
uma estratégia visando sedimentar a imagem de patrono
do evento que acontecerá depois que ele deixar o poder.
O governo fará um plano específico de obras que deverá
começar até o final do seu mandato. Assim, o sucessor de Lula,
a partir de janeiro de 2011, encontraria um plano em andamento, com a marca do petista.
A paixão pelo futebol, tema
de inúmeras metáforas do corintiano Lula, conta a favor da
fixação da imagem do petista
como um "pai político da Copa", afirmou à Folha um auxiliar direto do presidente.
Segundo assessores, soa natural o interesse de Lula por futebol. Um auxiliar presidencial
chegou a especular que, se em
2014 Lula for candidato a presidente, hipótese que admitiu
em recente entrevista à Folha,
a figura de patrono da Copa poderia lhe render dividendos.
O presidente também se fia
na excelente relação política e
pessoal com o presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, para estabelecer um plano de vôo que
lhe garanta destaque na conquista e organização da Copa.
Na avaliação do petista, Teixeira é um aliado importante,
um dirigente vitorioso. Na gestão Teixeira, o Brasil venceu
duas Copas (1994 e 2002) e
criou as condições políticas para que o país sedie o evento.
Ao lado de Teixeira, Lula estará presente na cerimônia de
terça, na qual a Fifa anunciará
o Brasil como sede. A intenção
do governo é fazer da escolha
um feito histórico. "O futebol é
a paixão dos brasileiros, e o
Brasil, país do futebol, não sedia a Copa há mais de meio século", disse o porta-voz do presidente, Marcelo Baumbauch.
O anúncio acontecerá às 11h
(de Brasília) da terça. Atendido
o pleito, Lula discursará.
A Folha apurou que Lula enfatizará o empenho do Brasil
para fazer uma Copa "inesquecível", argumentando que a organização do Pan, em julho, teria mostrado que o país tem
condições de sediar um evento
internacional. Deverá dizer
que será providenciada infra-estrutura turística e condições
de segurança necessárias.
O governo já prevê campanhas para divulgar a Copa e "os
benefícios que esta escolha trará à população", diz o porta-voz
de Lula. A resposta às críticas
de que o país teria prioridades
mais urgentes é que o evento
colocará o Brasil em evidência
internacional, criará empregos
e os investimentos públicos
trarão benefícios permanentes.
Três ministros integrarão a
comitiva presidencial em Zurique: Orlando Silva Jr. (Esporte), Marta Suplicy (Turismo) e
Celso Amorim (Relações Exteriores). Até o final da tarde de
sexta, a previsão era que, dos
governadores convidados, só o
petista Jaques Wagner (Bahia)
iria no avião presidencial. Lula
terá um evento amanhã na Bahia. De lá, seguirá para a Suíça.
Convidados pela CBF, outros
governadores estarão no evento, entre eles Sérgio Cabral
(PMDB-RJ), José Serra
(PSDB-SP), Aécio Neves
(PSDB-MG), José Roberto Arruda (DEM-DF) e Eduardo
Campos (PSB-PE).
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