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Disputa pela Copa expõe rixas entre os Estados
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é à toa que oito governadores acompanham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
na viagem que selará, na terça, a
escolha do Brasil como sede da
Copa de 2014. Interessados nos
dividendos econômicos e eleitorais, 18 Estados brasileiros se
lançaram numa acirrada disputa pelo direito de abrigar os jogos. Aqui ou em Zurique, a marcação será homem a homem.
Em disputa, não só os eventos simbólicos - como abertura e final - mas também os de
maior rentabilidade. No máximo 12 cidades serão escolhidas.
Os governadores de São Paulo,
José Serra (PSDB), e do Rio,
Sérgio Cabral (PMDB), se apresentam, numa dobradinha, como anfitriões naturais para festas de abertura e encerramento. À comitiva de inspeção da
Fifa Serra até sugeriu que o Rio
fosse palco da final por guardar,
desde a derrota em 1950, um
grito na garganta.
"O governador Serra e eu
acreditamos que São Paulo é a
cidade que abre e o Rio a que fecha [a Copa]", afirma Cabral.
Mas, sob o argumento de que
"não há Copa em que a capital
do país não tenha sido centro
dela", o governador do Distrito
Federal, José Roberto Arruda
(DEM), reivindica a abertura.
Arruda sabe que São Paulo
também a quer. "Em 2014, Serra estará aqui [em Brasília]. Vai
ser mais fácil para ele", brinca.
Fora as atividades de maior
visibilidade, a sede da Fifa e do
centro de mídia são alvo da cobiça de governadores e prefeitos. Sem chance de abrir ou encerrar a Copa, Minas reivindica
receber os jogos do Brasil ou
hospedar o centro de mídia.
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(DEM), reage: "Por mais que o
[governador de Minas] Aécio
[Neves] seja amigo do Ricardo
Teixeira, a escolha de São Paulo
e Rio é inevitável. Isso não é
brinquedo, não".
Além de exaltar a infra-estrutura das duas cidades, Maia
afirma que os participantes de
eventos como a Copa buscam
"impessoalidade" na vida noturna -"coisas de cotidiano
dos machos". Em Belo Horizonte, diz, essa impessoalidade
não existe. Prometendo "festas
mais bonitas que as do Maracanã", o secretário de Esportes
mineiro, Gustavo Corrêa, contra-ataca: "Minas não tem os
mesmos índices de violência
que São Paulo e Rio".
Ao saber das pretensões de
Minas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB), ironiza. "Também quero. Temos infra-estrutura hoteleira e estamos na cena cultural. Pelo menos, temos mar."
Coordenador da comissão
montada por Serra para organização da Copa, o presidente do
Anhembi, Caio Carvalho, alega
que Rio ou São Paulo deve abrigar o centro de mídia por concentrar as rotas aéreas do país.
"Se dependesse só de vontade
política, todas as rotas iriam
para Brasília", afirma.
Até a aliança Rio-São Paulo
acaba quando o assunto é o
centro de mídia. Os dois Estados querem recebê-lo.
Entre políticos, não há dúvida do efeito eleitoral do evento.
"Disse a ela [governadora Ana
Júlia Carepa]: trazer os jogos da
Copa é garantia de reeleição",
afirmou a secretária de Esportes do Pará, Lúcia Penedo.
Potencial candidato à Presidência, Serra estará com Lula
em Zurique na terça. Informado por Arruda sobre os integrantes da comitiva, Aécio também decidiu viajar. Marcação
homem a homem.
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