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"Pela 1ª vez senti o que era tristeza"
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
É, eu também estava lá. Meu
pai tinha comprado o pacote,
no setor 6, para todos os jogos
do Brasil. Saímos de casa logo
depois do almoço para ver,
além dos jogos, o espetáculo do
Maracanã recém-inaugurado e
da torcida, menos criativa do
que agora, mas tão vibrante
quanto -ou mais.
O tempo passou, mas três
coisas ficaram gravadas na minha memória. A primeira foi no
jogo contra a Espanha, que terminou com o estádio inteiro
cantando "Touradas em Madri", como se estivesse tudo
combinado e ensaiado; a segunda, quando no dia do último jogo, já no lotação que nos levava
ao estádio, meu pai fez uma
brincadeira para me assustar;
botou a mão no peito e disse:
"Ai, esqueci as entradas". Meu
coração quase parou, mas por
pouco tempo; meu pai deu uma
gargalhada e disse que era brincadeira, mas foi horrível.
E aí teve o jogo com o Uruguai; bastava o empate para que
fôssemos campeões, chegamos
ao 1 a 0, que nos deu a certeza
do título. Mas Bigode bobeou
duas vezes, Gigghia aproveitou
e foi o que foi. Pela primeira
vez, senti o que era a frustração,
o que era a tristeza profunda, o
que era perder. Foi duro.
Estou prontinha para a Copa
de 2014 no Maracanã, onde espero tirar a forra daquela dolorosa final em 1950.
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