São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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"Pela 1ª vez senti o que era tristeza"

DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA

É, eu também estava lá. Meu pai tinha comprado o pacote, no setor 6, para todos os jogos do Brasil. Saímos de casa logo depois do almoço para ver, além dos jogos, o espetáculo do Maracanã recém-inaugurado e da torcida, menos criativa do que agora, mas tão vibrante quanto -ou mais.
O tempo passou, mas três coisas ficaram gravadas na minha memória. A primeira foi no jogo contra a Espanha, que terminou com o estádio inteiro cantando "Touradas em Madri", como se estivesse tudo combinado e ensaiado; a segunda, quando no dia do último jogo, já no lotação que nos levava ao estádio, meu pai fez uma brincadeira para me assustar; botou a mão no peito e disse: "Ai, esqueci as entradas". Meu coração quase parou, mas por pouco tempo; meu pai deu uma gargalhada e disse que era brincadeira, mas foi horrível.
E aí teve o jogo com o Uruguai; bastava o empate para que fôssemos campeões, chegamos ao 1 a 0, que nos deu a certeza do título. Mas Bigode bobeou duas vezes, Gigghia aproveitou e foi o que foi. Pela primeira vez, senti o que era a frustração, o que era a tristeza profunda, o que era perder. Foi duro.
Estou prontinha para a Copa de 2014 no Maracanã, onde espero tirar a forra daquela dolorosa final em 1950.

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