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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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ESTRANHO NO PRÓPRIO NINHO

Único titular absoluto da equipe nascido em MG, goleiro diz que responsabilidade é maior para os jogadores locais

Gomes tenta provar que mineiros são bons de bola

Jorge Gontijo/'Estado de Minas'
O goleiro Gomes, único titular absoluto do Cruzeiro de Luxemburgo que é nascido em Minas Gerais, treina na Toca da Raposa


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Único titular absoluto do time dirigido por Wanderley Luxemburgo que nasceu em Minas, o goleiro Heurelho Silva Gomes diz que a responsabilidade dos poucos atletas mineiros do elenco aumenta perante o público local.
"É importante a gente mostrar que tem grandes jogadores aqui em Minas também", afirmou Gomes, nascido em João Pinheiro.
Além do goleiro, o meia Wendell, de Mariana, também atua com frequência como titular do Cruzeiro, mas fica na reserva em algumas oportunidades.
Já os "estrangeiros" do time vão muito bem, segundo o goleiro. E a adaptação da legião, brinca ele, ocorre mais facilmente pelo estômago. "Os caras estão bem adaptados, sabem que a comida mineira é a melhor do Brasil."
Titular da seleção pré-olímpica, Gomes, 22, começou a carreira no interior de seu Estado natal.
Antes de chegar à Toca da Raposa, o goleiro defendeu o Democrata de Sete Lagoas.
Gomes, que mede 1,91 m, chegou a ser apontado, antes de se firmar na posição, como ponto fraco do time, e a contratação de alguém mais veterano para a posição foi ventilada no clube.
Ele, porém, participou das campanhas vitoriosas da equipe na Copa do Brasil e no Mineiro e é o segundo goleiro menos vazado do Brasileiro, com média de 1,02 gol sofrido por partida. O São Caetano, com Silvio Luiz, leva, em média, 0,77 gol por jogo.
Em campo, o mineiro Gomes é bem diferente do único "estrangeiro" no esquadrão de Tostão e Dirceu Lopes, na década de 60, o paranaense Raul.
O primeiro é tímido e usa uniformes discretos, geralmente em tons de cinza. Já o antigo, com personalidade forte e bem articulado, entrou para a história do futebol por trocar as camisas escuras dos goleiros por cores berrantes, como amarelo e laranja.
Agora, com tantos forasteiros no time, a mineiridade é o que menos se percebe na Toca da Raposa. Interjeições típicas, como o uai, quase nunca são ouvidas.
"São maneiras de viver e costumes diferentes, palavras diferentes. Às vezes é muito engraçado. O Augusto Recife e o Mota [atacante cearense], dependendo do que falam, têm que traduzir. Mas o Maldonado e o Aristizábal estão proibidos de falar o espanhol aqui. Parece que estão xingando", conta Gomes.
Com gente de 12 Estados, Wendell disse que "é inevitável não aprender um pouco das outras culturas". Mas diz que os mineiros não correm o risco da aculturação. "É interessante. Alguns já estão virando mineiros. É inevitável. Já falam até o sô."
A comida é, de fato, um dos elementos de integração da legião. Perto da Toca da Raposa, na Pampulha, está um dos mais tradicionais restaurantes de comida mineira de Belo Horizonte, frequentado com assiduidade pela maioria dos atletas. "Eu já conheço o Xapuri, e muito bem", disse o chileno Maldonado.

Colaborou a Reportagem Local

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