São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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MOTOR

O avesso do avesso


Corrida de rua em São Paulo é uma incoerência, uma enorme loucura, mas será também um grande barato


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

QUINTA-FEIRA , 21h40 em São Paulo. As ruas estavam molhadas, e a cidade ainda tentava se recuperar da forte chuva do fim de tarde. Como a capital paulista é desprovida de semáforos à prova d'água, o resultado foi um nó no trânsito. Em alguns casos, benéfico: em baixa (ou zero) velocidade, é mais difícil estourar as rodas num buraco encoberto por uma poça, assim como torna-se improvável levar multa num daqueles radares de 40 km/h que pululam pelas avenidas.
É o velho e bom princípio de exclusão de Pauli. A cidade tem mais gente e veículos do que pode comportar. E obras como o Rodoanel ou as novas pistas da Marginal Tietê apenas driblam temporariamente a física. Haverá algum tempo de alívio até que tudo se enrosque de novo.
(Dia desses, a TV Cultura mostrou um documentário sobre a São Paulo dos anos 70. Ali na altura do Canindé, passava um carro e levava alguns segundos até que passasse outro. A marginal era mais do que a cidade precisava. Um dia, isso acabou.)
Pois esta cidade que não anda e que trava quando meia dúzia de ruas é fechada receberá a Indy em 2010.
Loucura? Sim, enorme. "Ah, mas divulgará a cidade para o exterior."
Balela. A Indy diz ser transmitida para 175 países -estatística de que desconfio muito-, enquanto a F-1 vai para mais de 200. Mais: São Paulo não precisa ser divulgada. A vocação da cidade é para turismo de negócios, e o calendário de eventos está lotado até 2016, diz a SPTuris.
Se a ideia fosse boa, teria sido a primeira. Passou longe disso. Os promotores da Indy tentaram Rio, Campinas, Ribeirão Preto e Salvador. Ninguém pareceu a fim de pagar US$ 21 milhões fora as obras.
Coincidência ou não, São Paulo, comandada por homens que almejam voos políticos mais altos em 2010, aceitou. Detalhe: topou para só depois decidir onde será a prova.
Chiados postos, ela está marcada, seria um vexame não acontecer.
E querem saber? Será um grande barato, daqueles para contar aos netos incrédulos em alguns bons anos. Loucura? Sim, enorme. Mas quem nunca viveu uma loucura divertida?

PRA FORA-1
São Paulo garantiu a Indy, mas se desfez da MotoGP. A prefeitura considerou inviáveis as exigências da categoria para correr em Interlagos, em 2011, no sentido horário -na "contramão", portanto. Com toda a razão: a proposta da FIM incluía até a absurda demolição de algumas arquibancadas fixas.

PRA FORA-2
A concordata de Dubai já tem reflexos na F-1. Em setembro, a BMW anunciou a venda da equipe ao grupo Qadbak, com investidores europeus e árabes. Não por acaso, ontem a venda do time foi concluída. Para Peter Sauber. Que, aliás, terá de volta os motores Ferrari.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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