|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
São Silvestre economiza até no teste antidoping
Prova fará número mínimo de controles para preencher regra de confederação
Corrida, que já foi a pioneira em realizar testes para a droga EPO em 2001, não deve desembolsar mais de R$ 7.200 com exames agora
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Esvaziada e sem a presença
de nenhum ex-campeão na
prova masculina, a 82ª edição
da São Silvestre faz economia
até no controle antidoping.
Embora os organizadores da
prova não divulguem oficialmente o número de testes que
serão realizados, a Folha apurou que estão previstas somente oito coletas, quatro no masculino e quatro no feminino.
Em uma época em que os
controles têm flagrado até astros das pistas e se caracterizam por adotar cada vez maior
rigor, a prova paulistana segue
tendência diversa, fugindo até
de sua tradição. Há cinco anos,
a corrida promovia dez testes.
Além disso, em 2001, a São
Silvestre introduziu uma novidade no antidoping: foi a primeira corrida de rua do Brasil
que fez testes de urina e sangue
para EPO (eritropoietina).
A substância já estava largamente disseminada no ciclismo e começava a ter incidência
também no atletismo.
O primeiro caso de EPO no
atletismo brasileiro ocorreria
no ano seguinte, em nova corrida de rua, com Ramiro Nogueira Filho nas Dez Milhas Garoto, disputadas em Vitória (ES).
Na São Silvestre de 2001,
houve até desconfiança de que
alguns competidores tiveram
performance abaixo do esperado para fugir do exame. Apenas
os cinco primeiros colocados
da prova, vencida pelo etíope
Tesfaye Jifar, tiveram que passar pelo controle.
O total de dez testes foi seguido até a edição de 2003. No
ano seguinte, esse número caiu
para oito e não aumentou mais.
Para efeito de comparação, a
Volta da Pampulha, em Belo
Horizonte, bem menos tradicional do que a prova paulistana -teve sua oitava edição no
dia 3-, realizou 28 testes.
Desses, oito foram bancados
pelos organizadores da corrida
mineira e 20 pela Anadi (Agência Nacional Antidoping), órgão da Confederação Brasileira
de Atletismo que gerencia os
controles feitos no Brasil.
Para a São Silvestre, no entanto, a Anadi não deve promover nova blitz antidoping.
"Estamos fazendo tudo de
acordo com as regras da CBAt",
afirma Thadeus Kassabian, um
dos organizadores da corrida.
"Mas a quantidade de controles só será confirmada no
dia da prova", completa ele.
De fato, a São Silvestre cumpre os critérios mínimos do regulamento da confederação para receber o aval da entidade.
"A regra diz que uma competição, para entrar no calendário
oficial da CBAt como nacional,
tem que fazer oito testes antidoping. Eventos regionais necessitam fazer quatro controles", explica Thomaz Mattos de
Paiva, presidente da Anadi.
Segundo Rafael de Souza
Trindade, diretor médico da
Anadi, que comanda as coletas
na São Silvestre deste ano, cada
teste enviado ao exterior custa
cerca de US$ 420 (R$ 900).
Com isso, o total despendido
com os testes não deve passar
de US$ 3.360 (R$ 7.200).
"Esses valores podem mudar
um pouco dependendo das
despesas com transporte das
amostras", conta Trindade.
A economia não está restrita
ao antidoping. Desde 2004 a
premiação dada ao vencedor
está estacionada em R$ 21 mil.
As competições disputadas
de rua são a maior fonte de casos positivos no atletismo brasileiro dos últimos anos.
De acordo com dados da
Anadi, que contabiliza em seu
site o total de testes desde
2003, seis atletas foram flagrados nos últimos quatro anos.
Os números deste ano, em que
estão previstos cerca de 400
controles e não houve a divulgação de nenhum caso positivo, ainda não estão fechados.
Do total de flagrados desde
então, quatro corriam provas
de rua -Maria Salete Schneider, Marizete Rezende, Daniel
Ferreira e Dione D'Agostini.
Texto Anterior: Itamaraty já se mexe para ter chefes de Estado no Rio Próximo Texto: Regra: Kit só é retirado com documento Índice
|