São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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São Silvestre economiza até no teste antidoping

Prova fará número mínimo de controles para preencher regra de confederação

Corrida, que já foi a pioneira em realizar testes para a droga EPO em 2001, não deve desembolsar mais de R$ 7.200 com exames agora

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esvaziada e sem a presença de nenhum ex-campeão na prova masculina, a 82ª edição da São Silvestre faz economia até no controle antidoping.
Embora os organizadores da prova não divulguem oficialmente o número de testes que serão realizados, a Folha apurou que estão previstas somente oito coletas, quatro no masculino e quatro no feminino.
Em uma época em que os controles têm flagrado até astros das pistas e se caracterizam por adotar cada vez maior rigor, a prova paulistana segue tendência diversa, fugindo até de sua tradição. Há cinco anos, a corrida promovia dez testes.
Além disso, em 2001, a São Silvestre introduziu uma novidade no antidoping: foi a primeira corrida de rua do Brasil que fez testes de urina e sangue para EPO (eritropoietina).
A substância já estava largamente disseminada no ciclismo e começava a ter incidência também no atletismo.
O primeiro caso de EPO no atletismo brasileiro ocorreria no ano seguinte, em nova corrida de rua, com Ramiro Nogueira Filho nas Dez Milhas Garoto, disputadas em Vitória (ES).
Na São Silvestre de 2001, houve até desconfiança de que alguns competidores tiveram performance abaixo do esperado para fugir do exame. Apenas os cinco primeiros colocados da prova, vencida pelo etíope Tesfaye Jifar, tiveram que passar pelo controle.
O total de dez testes foi seguido até a edição de 2003. No ano seguinte, esse número caiu para oito e não aumentou mais.
Para efeito de comparação, a Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, bem menos tradicional do que a prova paulistana -teve sua oitava edição no dia 3-, realizou 28 testes.
Desses, oito foram bancados pelos organizadores da corrida mineira e 20 pela Anadi (Agência Nacional Antidoping), órgão da Confederação Brasileira de Atletismo que gerencia os controles feitos no Brasil.
Para a São Silvestre, no entanto, a Anadi não deve promover nova blitz antidoping.
"Estamos fazendo tudo de acordo com as regras da CBAt", afirma Thadeus Kassabian, um dos organizadores da corrida.
"Mas a quantidade de controles só será confirmada no dia da prova", completa ele.
De fato, a São Silvestre cumpre os critérios mínimos do regulamento da confederação para receber o aval da entidade.
"A regra diz que uma competição, para entrar no calendário oficial da CBAt como nacional, tem que fazer oito testes antidoping. Eventos regionais necessitam fazer quatro controles", explica Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Anadi.
Segundo Rafael de Souza Trindade, diretor médico da Anadi, que comanda as coletas na São Silvestre deste ano, cada teste enviado ao exterior custa cerca de US$ 420 (R$ 900). Com isso, o total despendido com os testes não deve passar de US$ 3.360 (R$ 7.200).
"Esses valores podem mudar um pouco dependendo das despesas com transporte das amostras", conta Trindade.
A economia não está restrita ao antidoping. Desde 2004 a premiação dada ao vencedor está estacionada em R$ 21 mil.
As competições disputadas de rua são a maior fonte de casos positivos no atletismo brasileiro dos últimos anos.
De acordo com dados da Anadi, que contabiliza em seu site o total de testes desde 2003, seis atletas foram flagrados nos últimos quatro anos. Os números deste ano, em que estão previstos cerca de 400 controles e não houve a divulgação de nenhum caso positivo, ainda não estão fechados.
Do total de flagrados desde então, quatro corriam provas de rua -Maria Salete Schneider, Marizete Rezende, Daniel Ferreira e Dione D'Agostini.


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