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Federação critica antidoping de atletismo do país
Iaaf, entidade que comanda esporte, diz que Brasil deveria intensificar testes fora de provas e ter astros como alvo
Confederação brasileira concentrou, em 2008, 98% dos exames em competição; já órgão internacional fez 56% das coletas em treinos
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O atletismo brasileiro erra
em sua estratégia de combate
ao doping. Essa é a avaliação da
Iaaf (Associação Internacional
das Federações de Atletismo).
Para Chris Butler, diretor do
Departamento Médico e de Antidoping da entidade, é um erro
a Anad (Agência Nacional Antidoping), órgão ligado à CBAt
(Confederação Brasileira de
Atletismo), concentrar seus
exames durante competições.
"Os testes fora de competição são os mais importantes
porque podem acontecer a
qualquer momento e em qualquer lugar", destaca Butler,
lembrando que o imponderável
ajudou a desmascarar muitos
fraudadores no passado.
Tal plano não é seguido no
Brasil. Segundo o site da CBAt,
em 2008 houve 316 análises em
eventos oficiais ou 98% do total
-o levantamento será finalizado só após a São Silvestre.
"Talvez você devesse questionar a confederação brasileira [de atletismo] sobre quantas
amostras em testes fora de
competição foram coletadas.
Acho que você vai descobrir
que não foram muitas", sugere.
De fato, apenas sete vezes
-2% das tentativas de flagrar
doping no atletismo nacional
neste ano- houve coleta fora
do ambiente de competição.
Não bastasse isso, só quatro
atletas tiveram que passar pelo
teste durante seus treinamentos. Desses, o único nome significativo é o de Marizete Rezende, vencedora da São Silvestre-02, que cumpriu suspensão em
2003 após ser flagrada em teste
para EPO (eritropoietina).
No exterior, o plano é diferente. Em 2007, último ano em
que a contabilidade está finalizada, a Iaaf realizou 3.277 exames no mundo. Desses, 56%
ocorreram fora de competição.
Para Rafael de Souza Trindade, coordenador-médico da
Anad, a concentração de exames em provas faz parte da estratégia de combate no país.
"Em competição é possível
testar o atleta para mais drogas", explica Trindade, citando
como exemplo os estimulantes
e as drogas sociais. "Fora de
competição, a maconha nem é
analisada", completa o médico.
De fato, neste ano, o único
exame positivo no atletismo
nacional foi o de Lindomar Modesto de Oliveira para uma droga desse tipo, o estimulante efedrina -o fundista recebeu suspensão de quatro meses.
Segundo Thomaz Mattos de
Paiva, presidente da Anad, o
plano é híbrido: pegar o atleta
inesperadamente nas provas.
"Normalmente, testamos os
corredores que chegam ao pódio. Mas, às vezes chegamos de
surpresa e colhemos amostra
também de atletas do bloco
mais intermediário", conta ele.
Para Butler, tal plano merece
outra crítica por ter como alvo
competidores de menor nível.
"Há concentração de exames
em atletas de nível nacional."
A estratégia da CBAt promoveu a diminuição de casos. Desde que foi implantado o código
da Agência Mundial Antidoping, em 2003, houve 15 flagrados no atletismo brasileiro.
Um terço desses competidores foram pegos em 2003,
quando os controles da CBAt
-principalmente em corredores de rua de menor expressão- passaram a ser mais efetivos. "Os atletas sabem que serão testados e, por isso, passam
a evitar o doping", diz Paiva.
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