São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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LOS GRINGOS

JOHN CARLIN

Os maiores da década


Não demorará para falarmos que Messi tem lugar no topo da lista, ao lado de Pelé e Maradona

JÁ QUE estamos no fim do ano e todo mundo parece distribuir prêmios, vou participar da festa. Mas escolherei meus jogadores favoritos não só deste ano como de toda a década, e três deles são brasileiros.
Ronaldinho, para começar. Em seus melhores momentos (infelizmente vestindo a camisa do Barcelona e não a canarinho), ele me propiciou mais diversão do que qualquer outro futebolista. Combinava um domínio artístico da bola a uma eficiência devastadora, tanto como artilheiro quanto como criador. Dotado de sublime talento individual, também era um sonho como companheiro de time.
Em seguida, Ronaldo -não o português (a quem considero muito difícil amar), mas o brasileiro. A força de búfalo em disparada que exibia sempre me entusiasmou. Talvez tenha chegado ao seu pico bem jovem, quando defendeu o Barcelona. Recuperou-se de lesões devastadoras para vencer uma Copa do Mundo, e os gestos de consolo genuíno que ofereceu aos jogadores alemães após derrotá-los na final sempre terão lugar privilegiado em minhas lembranças. Assisti àquele jogo em Yokohama e, ao observá-lo, sentia estar na presença da grandeza.
O próximo pode surpreender: Rivaldo. Pouco querido tanto no Barcelona quanto no Brasil, ele foi um dos maiores atletas a vestir as camisas das duas equipes.
Teve papel chave na seleção que venceu a Copa-2002 e no Barça.
Os três gols que marcou contra o Valencia num jogo pelo Espanhol mereceriam lugar num museu, para que possam ser saboreados ao longo dos séculos.
Dois mais. Zidane, cuja altura e porte físico deveriam resultar em um jogador desajeitado, é o futebolista mais elegante que já vi. Se tivesse marcado mais gols, faria parte do panteão dos maiores. Sempre será o Rudolf Nureyev do futebol, para mim.
O melhor de todos vem sendo Messi. Artilheiro sensacionalmente prolífico, jamais vi outro atleta que tenha dominado em tamanha medida a arte do drible. Talvez Garrincha tenha sido melhor, mas nunca o vi jogar. No caso de Messi, ele não só tem domínio absoluto da bola, como é capaz dos mais belos passes em alta velocidade, sob pressão, dentro da área. Seus olhos e pés agem com a precisão de um laser, e ele cria quase tantos gols quanto faz.
Não creio que seja heresia sugerir que não demorará para que todos digamos que o pequeno argentino tem lugar no topo da lista, ao lado de Pelé e Maradona, como um dos maiores de todos os tempos.

JOHN CARLIN é colunista do diário espanhol "El País"

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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