São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Favela surge como opção de hospedagem

DA SUCURSAL DO RIO

As vilas Canoas e da Pedra Bonita são duas favelas com cerca de 500 casas simples e sem a presença do tráfico de drogas onde turistas que vêm para o Pan podem se hospedar.
Em São Conrado, zona oeste, elas têm nos arredores muita mata atlântica, cachoeiras e a rampa de vôo livre da cidade, o que faz da região um "point".
Quem ficar na quitinete da idealizadora da Favela Receptiva, Eneida Santos, 35, terá o som de um riacho que corre atrás da casa dela para embalar o sono. O apartamento pequeno, com menos de 25 metros quadrados, tem quarto, cozinha e banheiro. Todo equipado. "Até o computador eu deixo aí para o hóspede usar", disse.
O Favela Receptiva tem um público basicamente composto de estrangeiros. Mas Eneida imagina que, por causa do Pan, comece a receber também brasileiros que vão competir e não vão encontrar vagas em hotéis. Argentinos e chilenos já começaram a procurá-la para o Pan.
"Quando a gente fala para os brasileiros que é na favela, ficam com medo. Não é o caso dos estrangeiros, que querem esse contato", explica Eneida.
Atualmente sua rede conta com 20 casas com capacidade para 60 pessoas, mas ela espera aumentá-la até o Pan. Dependendo das mordomias da casa e da época do ano, a diária varia de R$ 55 a R$ 110 por pessoa.
De olho nesse mercado, há gente que, para aumentar a renda, até sai de casa para receber os turistas. É o caso da dona-de-casa Joana Darc, 34, que cede sua casa e vai para a de sua sogra, na mesma comunidade, com marido e dois filhos.
Moradores de áreas nobres do Rio também apóiam a idéia de receber famílias de atletas e turistas que vêm para o Pan.
Gerente de um teatro do Rio, a moradora do Leblon Fátima Stockler Macintyre, 51, se desfez de um escritório em casa para transformá-lo em quarto para hóspedes.
Apesar de a renda extra pesar na decisão, ela busca mesmo o contato com outras culturas. "Escolho o perfil do meu hóspede. Eu me interesso por essa troca. Acho que as pessoas que vêm para o Pan são preocupadas com saúde, esporte e a integração cultural dos países", diz.
Ela tem atualmente um austríaco hospedado e recebeu, no fim do ano, duas espanholas. "A convivência é muito boa, são pessoas com cabeça alternativa que buscam o ambiente familiar, que querem o turismo cultural", afirmou Fátima, que já comprou até um futon para dormir na sala porque em dezembro os três quartos da casa estavam alugados. (TF)


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