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Favela surge como opção de hospedagem
DA SUCURSAL DO RIO
As vilas Canoas e da Pedra
Bonita são duas favelas com
cerca de 500 casas simples e
sem a presença do tráfico de
drogas onde turistas que vêm
para o Pan podem se hospedar.
Em São Conrado, zona oeste,
elas têm nos arredores muita
mata atlântica, cachoeiras e a
rampa de vôo livre da cidade, o
que faz da região um "point".
Quem ficar na quitinete da
idealizadora da Favela Receptiva, Eneida Santos, 35, terá o
som de um riacho que corre
atrás da casa dela para embalar
o sono. O apartamento pequeno, com menos de 25 metros
quadrados, tem quarto, cozinha e banheiro. Todo equipado.
"Até o computador eu deixo aí
para o hóspede usar", disse.
O Favela Receptiva tem um
público basicamente composto
de estrangeiros. Mas Eneida
imagina que, por causa do Pan,
comece a receber também brasileiros que vão competir e não
vão encontrar vagas em hotéis.
Argentinos e chilenos já começaram a procurá-la para o Pan.
"Quando a gente fala para os
brasileiros que é na favela, ficam com medo. Não é o caso
dos estrangeiros, que querem
esse contato", explica Eneida.
Atualmente sua rede conta
com 20 casas com capacidade
para 60 pessoas, mas ela espera
aumentá-la até o Pan. Dependendo das mordomias da casa e
da época do ano, a diária varia
de R$ 55 a R$ 110 por pessoa.
De olho nesse mercado, há
gente que, para aumentar a
renda, até sai de casa para receber os turistas. É o caso da dona-de-casa Joana Darc, 34, que
cede sua casa e vai para a de sua
sogra, na mesma comunidade,
com marido e dois filhos.
Moradores de áreas nobres
do Rio também apóiam a idéia
de receber famílias de atletas e
turistas que vêm para o Pan.
Gerente de um teatro do Rio,
a moradora do Leblon Fátima
Stockler Macintyre, 51, se desfez de um escritório em casa
para transformá-lo em quarto
para hóspedes.
Apesar de a renda extra pesar
na decisão, ela busca mesmo o
contato com outras culturas.
"Escolho o perfil do meu hóspede. Eu me interesso por essa
troca. Acho que as pessoas que
vêm para o Pan são preocupadas com saúde, esporte e a integração cultural dos países", diz.
Ela tem atualmente um austríaco hospedado e recebeu, no
fim do ano, duas espanholas. "A
convivência é muito boa, são
pessoas com cabeça alternativa
que buscam o ambiente familiar, que querem o turismo cultural", afirmou Fátima, que já
comprou até um futon para
dormir na sala porque em dezembro os três quartos da casa
estavam alugados.
(TF)
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