São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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OLIMPÍADA

Candidatura gaba-se da verba de campanha, superior à de NY e Madri, ambas calcadas em dinheiro privado

Ao COI, Rio exalta orçamento "generoso"

DA REDAÇÃO

Na documentação que enviou ao COI no início deste ano, o comitê do Rio titulou da seguinte forma o capítulo sobre o financiamento da candidatura para 2012: "Um orçamento generoso".
O Rio prevê no documento uma campanha mais cara que aquela bancada pela iniciativa privada em Nova York (US$ 22,5 milhões). A cidade americana anunciou que vai buscar dinheiro em empresas, sindicatos, fundações e cidadãos, além de montar uma espécie de "clube de amigos" e licenciar produtos da candidatura.
Outra concorrente que aparece com orçamento menor que o carioca é Madri, que que planeja arrecadar US$ 18,6 milhões -sendo 85% deles originados dos bolsos de patrocinadores.
Acima do Rio aparecem as duas grandes favoritas na corrida: Londres (US$ 48 milhões, 29% deles originados de patrocinadores) e Paris (US$ 27,6 milhões, com 25% do total vindo de fontes privadas).
Orçamento maior que o do Rio é também o de Moscou (US$ 25 milhões), mas a cidade não vem sendo incluída entre as favoritas. A candidatura russa disse ao COI que terá a campanha bancada pelos setores público e privado. Não especificou, porém, a divisão.
Concorrem ainda outras três cidades, todas consideradas azarões: Istambul, Havana e Leipzig (Alemanha). Só a primeira tornou pública sua documentação de candidatura. Bancado pela prefeitura e por impostos sobre loterias e apostadores, o orçamento turco é pequeno se comparado ao das favoritas: US$ 6 milhões.
A campanha pelos Jogos de 2012 teve início em 15 de janeiro passado, quando as candidatas responderam a um detalhado questionário do COI.
O próximo passo ocorrerá em 18 de maio, quando o COI anunciará se corta alguma candidata. Até esse dia, o Rio programou gastar US$ 5,5 milhões.
Começa então a chamada "fase dois", que vai até julho do ano que vem, quando será escolhida a vencedora. É a etapa em que a corrida se intensifica, com visitas de comissões de avaliação às candidatas. A escolha, feita por meio de votação dos membros do COI, está programada para julho do ano que vem, em Cingapura.
Só nessa segunda fase da campanha a candidatura carioca planeja desembolsar US$ 17,8 milhões. Esse valor representa quase o quádruplo dos US$ 4,6 milhões que, em julho passado, o Rio programava gastar nessa fase da disputa -a previsão constava dos documentos da disputa interna para indicar a candidatura brasileira, quando a capital carioca derrotou São Paulo.
O orçamento que o Rio estima para a campanha de 2012 representa mais que o dobro daquele utilizado na campanha fracassada pelos Jogos de 2004. Daquela vez, a cidade foi eliminada antes da fase final de seleção para os Jogos de 2004, e o comitê deixou um rastro de R$ 3 milhões em dívidas.
Os US$ 23,3 milhões estimados pela candidatura do Rio não se confundem com o dinheiro necessário para organizar os Jogos, que é muito mais vultoso. No documento que enviou ao COI, o Rio estipulou um orçamento de US$ 985 milhões para o Comitê Organizador dos Jogos, sendo US$ 150 milhões deles repasses de verbas públicas.
Além disso, a candidatura informou que estima que os governos federal, estadual e municipal -"em alguns casos em parceria com parceiro privados"- estão investindo ou irão investir um total de US$ 4,76 bilhões em infra-estrutura. A divisão: US$ 3,7 bilhões em transporte, US$ 400 milhões em novas sedes esportivas, US$ 360 milhões nas Vilas Olímpica e de Mídia e mais US$ 300 milhões em projetos ambientais.
No caso da Prefeitura do Rio, o investimento na campanha olímpica soma-se a outras grandes tacadas na área esportiva.
Seu caixa fomenta também a organização do Pan de 2007, incluindo a construção de um estádio orçado em R$ 166 milhões. Além disso, a administração preparou um pacote de ajuda aos clubes de futebol que pode chegar a R$ 8 milhões. (ROBERTO DIAS)


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