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FUTEBOL
Gols de churrasco
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Kahn é o nome do momento.
Nenhum outro jogador foi
tão comentado nos últimos dias
quanto o goleiro alemão. O motivo todos sabem: o bisonho gol sofrido no chute de Roberto Carlos.
A falha foi mostrada ao vivo para quase todo o planeta (até na
TV aberta brasileira passou, aleluia!) porque aconteceu no melhor jogo da estréia do mata-mata do melhor interclubes do mundo. O suposto melhor goleiro da
atualidade, em um dos piores
chutes do mais potente finalizador de hoje, fez o pior e protagonizou a melhor imagem da semana.
Foi um "gol de churrasco", comum no futebol que nós, mortais,
jogamos nas segundas à noite.
Mas façamos uma análise do
que de melhor aconteceu no meio
de semana, quando os principais
interclubes, Copa dos Campeões e
Libertadores, roubaram a cena.
O Chelsea, turbinada sensação
da Europa, venceu o Stuttgart
com um gol contra (Fernando
Meira). O bom Lyon bateu a Real
Sociedad com um gol contra
(Schurrer). No esperado duelo entre São Paulo e Cobreloa, dois gols
antológicos: um contra de Fuentes e outro contra de Cicinho.
O que o eficiente Thuram fez no
gol que deu a vitória do La Coruña contra a Juventus? Tentou cortar de cabeça um cruzamento,
deu meio uma escorregada e serviu Luque de bandeja. Pastelão!
E o primeiro gol de Edu nos 3 a
2 no Celta? O brasileiro tentou tirar a bola do goleiro, chutou mais
para trás do que para a frente, e o
zagueiro chegou para atrapalhar
ainda mais Cavallero, arqueiro
da seleção argentina que toscamente quebrou o nariz no lance.
Uma cena digna dos Trapalhões.
Foram muitos jogos bacanas e
muitos lances de churrasco. Kahn
mereceu o destaque negativo que
teve, mas muita gente se beneficiou da pisada na bola (melhor
seria barrigada na bola) do alemão, tendo sua falha suavizada,
ofuscada ou mesmo esquecida.
O futebol de alto nível e o futebol do churrasco sempre estiveram misturados, pois não é de hoje que vemos lances pífios na elite
da bola -e vez ou outra há uma
jogada brilhante em uma pelada.
Mas poucas vezes isso ficou tão
evidente como nos últimos dias.
Os saudositas nessas horas devem se lembrar das maravilhas
que viram e condenar o futebol
atual (como se Pelé não tivesse
chutado, por exemplo, uma bola
na lua na final da Copa de 70).
O que eles dirão da eleição que
a Uefa está fazendo em seu 50º
aniversário com os 50 melhores
jogadores europeus da história?
Kahn é o 30º melhor atleta do
velho continente em todos os tempos, com 58.151 votos. O 29º melhor, com 62.375 votos, foi Sepp
Maier, o goleiro alemão campeão
mundial de 1974. Antes do "frango" de terça-feira, parecia haver
um abismo entre os dois. Curiosamente, na semana que passou,
eles ficaram oficialmente quase
no mesmo patamar pela Uefa.
A eleição foi mais bem feita do
que a organizada pela Fifa que
apontou na internet Maradona
como melhor do século, mas colocou entre os Top 50 nomes que os
mais antigos, como Zagallo, terão
alguma dificuldade para engolir
(como um churrasco ruim): Camacho, Costacurta, Schuster...
O gol de Ronaldinho
Ele finalizou duas vezes muito bem, mas a zaga aliviou a bola de forma ridícula e dava para o goleirão Zaza ter espalmado.
O gol de Luis Fabiano
Ele chutou magistralmente, mas deu sorte na luta com os defensores.
O gol de Paredes
Ele abriu o placar para a sensação LDU, mas pegando o rebote de um
pênalti que o veterano Aguinaga não conseguiu converter.
O gol de Coudet
Ele sim fez o gol mais bonito dos últimos dias, encobrindo com estilo
o goleiro do Libertad, do Paraguai, nos 4 a 1 do River Plate.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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