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F-1
Brasileiro treinou menos da metade do que Schumacher para o campeonato que será aberto no próximo domingo
Barrichello começa Mundial com déficit recorde nos testes
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ferrari não esperou a abertura do Mundial. Diante da perspectiva de uma luta acirrada pelo
campeonato que começa no próximo domingo, na Austrália, a escuderia já deu uma prévia do que
pretende para toda a temporada.
E seus planos atingem em cheio
Rubens Barrichello. Nunca, desde
que chegou ao time, o brasileiro
treinou tão pouco com um carro
novo em comparação com Michael Schumacher. A disparidade
na pré-temporada, encerrada na
última quinta, foi recorde.
Desde que o F2004 foi apresentado em Maranello, em 26 de janeiro, Schumacher participou de
14 sessões de testes com o modelo
em três pistas da Itália -Imola,
Mugello e Fiorano. O primeiro
treino do alemão aconteceu quatro dias após o lançamento e, no
total, ele percorreu 3.677,9 km.
Barrichello só teve o gostinho de
experimentar a nova Ferrari em
fevereiro, no dia 7. De lá para cá,
foram apenas seis testes, em Mugello e Imola. A rodagem foi menos da metade da acumulada pelo
companheiro: 1.832 km. Precisamente, uma defasagem de
50,19%. Em números absolutos,
um belo déficit, de 1.845,9 km.
Até agora, a pré-temporada
mais sofrida para o brasileiro havia sido a de 2001. Naquele ano rodou, até o início do Mundial,
31,6% a menos do que Schumacher, situação que até parece tranqüila comparada com a atual.
Desde que foi contratado pela
escuderia, Barrichello só teve
prioridade na pré-temporada de
2000. A justificativa é óbvia: ele
precisava se adaptar à equipe
após sete anos correndo com os
carros sofríveis da Jordan (de 93 a
96) e da Stewart (de 97 a 99).
A explicação para a disparidade
atual também é lógica: tudo indica que a Ferrari enfrentará, neste
ano, concorrentes bem mais fortes do que nos últimos Mundiais.
Por isso, a tendência é que os recursos se concentrem ainda mais
em Schumacher, pelo menos nas
primeiras provas do campeonato
ou até que o cenário fique claro.
Um outro detalhe mostra a diferença do tratamento dispensado
pelo time a seus pilotos. Desde
que sentou pela primeira vez no
F2004, Schumacher não retornou
mais para o carro velho. Já Barrichello intercalou os dois modelos.
Seus últimos dois treinos antes
do embarque para Melbourne,
terça e quarta da semana passada,
foram com o F2003-GA. "Barrichello se concentrou em testes de
pneus", informou a Ferrari.
Enquanto isso, Schumacher trabalhou no desenvolvimento do
novo modelo. E na mesma quarta-feira quebrou o recorde da pista de Imola, levantando o moral
da Ferrari após algumas marcas
importantes batidas por Williams, McLaren, Renault e BAR.
Apesar da disparidade recorde,
Barrichello procura passar uma
postura otimista. "Nunca estive
tão motivado e tão bem preparado para um campeonato como
agora", afirmou. "Vai ser bom
chegar à Austrália com as lembranças da última corrida", completou, referindo-se à pole a à vitória na última prova de 2003, o
GP do Japão, em Suzuka.
O problema é que o hexacampeão vem com um discurso quase
idêntico. "Será o meu 13º Mundial, mas minha motivação está
intacta. Sinto-me como um bom
vinho: melhor a cada ano que passa", declarou o alemão.
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