São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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F-1

Brasileiro treinou menos da metade do que Schumacher para o campeonato que será aberto no próximo domingo

Barrichello começa Mundial com déficit recorde nos testes

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ferrari não esperou a abertura do Mundial. Diante da perspectiva de uma luta acirrada pelo campeonato que começa no próximo domingo, na Austrália, a escuderia já deu uma prévia do que pretende para toda a temporada.
E seus planos atingem em cheio Rubens Barrichello. Nunca, desde que chegou ao time, o brasileiro treinou tão pouco com um carro novo em comparação com Michael Schumacher. A disparidade na pré-temporada, encerrada na última quinta, foi recorde.
Desde que o F2004 foi apresentado em Maranello, em 26 de janeiro, Schumacher participou de 14 sessões de testes com o modelo em três pistas da Itália -Imola, Mugello e Fiorano. O primeiro treino do alemão aconteceu quatro dias após o lançamento e, no total, ele percorreu 3.677,9 km.
Barrichello só teve o gostinho de experimentar a nova Ferrari em fevereiro, no dia 7. De lá para cá, foram apenas seis testes, em Mugello e Imola. A rodagem foi menos da metade da acumulada pelo companheiro: 1.832 km. Precisamente, uma defasagem de 50,19%. Em números absolutos, um belo déficit, de 1.845,9 km.
Até agora, a pré-temporada mais sofrida para o brasileiro havia sido a de 2001. Naquele ano rodou, até o início do Mundial, 31,6% a menos do que Schumacher, situação que até parece tranqüila comparada com a atual.
Desde que foi contratado pela escuderia, Barrichello só teve prioridade na pré-temporada de 2000. A justificativa é óbvia: ele precisava se adaptar à equipe após sete anos correndo com os carros sofríveis da Jordan (de 93 a 96) e da Stewart (de 97 a 99).
A explicação para a disparidade atual também é lógica: tudo indica que a Ferrari enfrentará, neste ano, concorrentes bem mais fortes do que nos últimos Mundiais.
Por isso, a tendência é que os recursos se concentrem ainda mais em Schumacher, pelo menos nas primeiras provas do campeonato ou até que o cenário fique claro.
Um outro detalhe mostra a diferença do tratamento dispensado pelo time a seus pilotos. Desde que sentou pela primeira vez no F2004, Schumacher não retornou mais para o carro velho. Já Barrichello intercalou os dois modelos.
Seus últimos dois treinos antes do embarque para Melbourne, terça e quarta da semana passada, foram com o F2003-GA. "Barrichello se concentrou em testes de pneus", informou a Ferrari.
Enquanto isso, Schumacher trabalhou no desenvolvimento do novo modelo. E na mesma quarta-feira quebrou o recorde da pista de Imola, levantando o moral da Ferrari após algumas marcas importantes batidas por Williams, McLaren, Renault e BAR.
Apesar da disparidade recorde, Barrichello procura passar uma postura otimista. "Nunca estive tão motivado e tão bem preparado para um campeonato como agora", afirmou. "Vai ser bom chegar à Austrália com as lembranças da última corrida", completou, referindo-se à pole a à vitória na última prova de 2003, o GP do Japão, em Suzuka.
O problema é que o hexacampeão vem com um discurso quase idêntico. "Será o meu 13º Mundial, mas minha motivação está intacta. Sinto-me como um bom vinho: melhor a cada ano que passa", declarou o alemão.


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