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FUTEBOL
Estranha saída
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Qual foi o principal motivo,
a gota d'água, da saída do
Luxemburgo? Não foram incompatibilidade de idéias, princípios
éticos ou outros problemas, como
o atraso no pagamento de prêmios. Isso já estava combinado
com o técnico e com os jogadores.
Dias atrás, Luxemburgo disse
que faltava alegria, sintonia e que
o ambiente não era o mesmo do
ano passado. Alex confirmou os
problemas. Técnico e jogadores
não falam essas coisas à imprensa. Será que os dois já sabiam o
que iria acontecer?
Se o técnico pediu para sair e
voltou atrás, por que a diretoria
resolveu demiti-lo? Luxemburgo
enfatizou nas entrevistas que
queria continuar no clube, resolver as divergências e que mudou
de idéia após conversar com familiares e comissão técnica. Será
manobra, de ambas as partes, para evitar pagamentos de multas
por recisão de contrato?
Além dos problemas recentes, a
relação do Luxemburgo com os
clubes é sempre tumultuada. Os
dirigentes reconhecem a sua competência, mas não toleram as suas
condutas. O técnico quer mandar
em tudo, até na diretoria.
Mesmo assim, por causa das
brilhantes conquistas do ano passado e da disputa da Libertadores, esperava-se que o clube fizesse todos os esforços para manter o
treinador. Certamente aconteceram outros fatos mais graves.
Brilho do Zé Roberto
O Bayern de Munique foi superior ao Real Madrid, e Zé Roberto
foi o melhor da partida. Por que
ele brilha pouco na seleção?
Darei explicações técnicas e táticas, o que não significa que sejam corretas e/ou fundamentais.
É apenas a minha opinião. Mas
isso posso ver e analisar. As coisas
não vistas e não ditas são as mais
importantes. Temos de aprender
a enxergar melhor o que se pode
ver e imaginar, deduzir o que não
se pode. A vida se passa mais nas
entrelinhas, na subjetividade do
que na objetividade.
Zé Roberto é o jogador mais habilidoso do Bayern. Ele assume
essa condição e inventa muito
mais do que na seleção. Há atletas que só brilham quando são os
únicos ou os melhores de suas
equipes, principalmente se forem
bons dribladores, como Zé Roberto. Ao lado de grandes craques
deixam de fazer o que mais sabem. Na seleção, Zé Roberto é
coadjuvante, um facilitador, como disse o Parreira. O autêntico
craque é o que joga ainda melhor
ao lado de outros craques.
O Bayern atua com dois volantes, um meia de cada lado e dois
atacantes. Zé Roberto é meia-esquerda. Com freqüência ele está
no campo do adversário, onde pode e deve driblar. A atual seleção
brasileira atua com três no meio.
Zé Roberto é mais volante do que
meia. Joga mais no seu campo,
onde não se deve driblar e nem
conduzir a bola, que são as suas
principais virtudes.
Não há na seleção um armador
canhoto na reserva do Zé Roberto. Juninho Pernambucano e Renato são as opções, mas ficam tortos do lado esquerdo. O canhoto
Edu, que está jogando muito bem
no Arsenal, poderá se tornar o
substituto procurado.
Mas Edu não tem a a velocidade e a habilidade do Zé Roberto.
O Bayern e o Arsenal jogam no
mesmo esquema tático, porém os
dois atuam em posições diferentes. Edu é volante, reserva do Gilberto Silva e do Vieira, e atua pelo
meio. Zé Roberto é meia-esquerda e também avança pela ponta.
O esquema tático preferido pelo
Parreira é o tradicional, o mesmo
do Bayern e do Arsenal, com dois
volantes, um meia de cada lado e
dois atacantes. O Brasil atuou assim na Copa-94. A seleção atual
joga diferente, com três no meio-campo e três no ataque porque o
técnico quer aproveitar os excepcionais meias-atacantes. Ronaldinho, Kaká, Rivaldo e Alex teriam dificuldades em se adaptar
à função de meias pelos lados, defendendo e atacando.
Parreira tem ótimas opções para os dois esquemas. Não é fácil
ser treinador de uma equipe com
tantos craques.
Caminho certo
O São Paulo só tem dois craques
(Luis Fabiano e Rogério Ceni),
não fez uma partida brilhante
contra o Cobreloa, mas já é um time organizado, competitivo e
com chances de ganhar a Libertadores. A equipe marca no meio-campo com muitos jogadores
(Luis Fabiano é o único atacante
fixo) e tem boas jogadas ofensivas
pelos dois lados e pelo meio. O segundo gol do Luis Fabiano foi espetacular, tão bonito como os
mais belos gols do Ronaldo no
Real Madrid.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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