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CARLOS SARLI
Filhos de peixe
No surfe, crescer indo ao pódio com o pai e ver o velho erguer os troféus representa uma vantagem para novos talentos
H
Á ANOS a Austrália organiza
torneios de surfe para as categorias de base e há anos os
australianos são maioria na elite
mundial do esporte. No Brasil, a tradição de pôr a molecada para competir começou há 20 anos, com o
Lightning Bolt Junior Mirim, sucedido há 13 pelo Hang Loose Surf Attack, que divide com o Rip Curl
Grom Search as atenções de quem
planeja futuro profissional no surfe.
Raoni Monteiro, Bernardo Pigmeu, Adriano de Souza usaram a
prancha como brinquedo antes de
virar instrumento de trabalho e hoje
disputam o circuito mundial. E, nos
últimos anos, um dado curioso e
promissor tem chamado a atenção
nas provas para iniciantes: vários filhos de surfistas e ex-surfistas profissionais estão no topo das disputas.
O vencedor da oitava edição do
Grom Search Brasil -que leva os
vencedores na categoria mirim (até
16 anos) a uma etapa final contra os
vencedores ao redor do mundo em
Bells Beach (Austrália), em 2008-,
Miguel Pupo, 15, é filho de Wagner
Pupo, 38, que disputa o SuperSurf, é
o recordista Top 16 da Abrasp e ficou
em terceiro no Mundial master.
Miguel busca o tetra no Surf Attack e, em abril, disputará o Circuito
Brasileiro Amador em Torres, que
pode lhe dar vaga no ISA World Junior em Portugal, em maio. "Ele está
cheio de planos", admira Wagner. O
pai ainda diz que, "ao crescer acompanhando as competições profissionais, é mais fácil entender essa vida".
Na remada dos filhos de peixes
graúdos do surfe nacional, encontramos Ian Gouvea, filho do fabuloso Fabio Gouvea, que cresceu viajando ao redor do mundo e sabe
muito bem como é ser pro-surfer.
Do Havaí à Indonésia, lá estava o garoto com o pai, o mais vitorioso e admirado brasileiro na história do
Mundial da ASP. Abençoado por Fabio, ele corre o circuito júnior.
Outro que parece carregar DNA
competitivo é Felipe Toledo, o Felipinho, 11, que já tem currículo: tricampeão da categoria grommets no
Hang Loose Surf Attack e bicampeão do Rip Curl Grom Search. Filho do ubatubense Ricardo Toledo,
38, bi brasileiro em 91 e 95, anos de
nascimento dos filhos, e que segue
na ativa. "Felipe nunca sofreu pressão. Não quero que os patrocinadores cobrem resultados de um garoto
de 11 anos. Primeiro, ele deve se divertir. Depois, o resultado aparece."
Ricardo concorda que a vivência à
beira da praia facilitou a vida dos filhos. Matheus Toledo, o mais velho,
16, também corre torneios e acaba
de sair de circuitos amadores, chegando à semifinal do Grom Search.
Muitos estão em torneios amadores, como Nathan Brandi, 14, filho
de Murilo Brandi, e Pedro Husadel,
15, filho do ex-top da Abrasp David
Husadel. Crescer indo ao pódio com
o pai, vendo o velho colocar coroa de
flores na cabeça e se consagrar com
troféus, num estilo de vida único, é
para poucos. E uma vantagem dessa
molecada. A máxima é verdadeira:
filho de peixe, peixinho é.
MUNDIAL DE SURFE
Neco Padaratz, 30, ficou em segundo no WQS quatro estrelas em
Newcastle. O sul-africano Jordy
Smith, 19, foi o vencedor. Hoje,
com altas ondas em Margareth River, segue a etapa seis estrelas prime, que dá 3.000 pontos. E na próxima semana rola a segunda etapa
do WCT 2007, em Bell's Beach.
MUNDIAL DE WINDSURFE
Kauli Seadi ficou em segundo na
modalidade wave na etapa de abertura do circuito, em Cabo Verde. A
próxima prova será na praia do
Guincho, em Portugal, em junho.
PROJETO SETE CUMES
Primeira brasileira a chegar ao
topo do Everest, Ana Elisa Boscarioli disputou a corrida de aventura
Adventure Camp como treino no
projeto de conquistar as mais altas
montanhas de cada continente.
sarli@trip.com.br
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