São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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CARLOS SARLI

Filhos de peixe

No surfe, crescer indo ao pódio com o pai e ver o velho erguer os troféus representa uma vantagem para novos talentos

H Á ANOS a Austrália organiza torneios de surfe para as categorias de base e há anos os australianos são maioria na elite mundial do esporte. No Brasil, a tradição de pôr a molecada para competir começou há 20 anos, com o Lightning Bolt Junior Mirim, sucedido há 13 pelo Hang Loose Surf Attack, que divide com o Rip Curl Grom Search as atenções de quem planeja futuro profissional no surfe.
Raoni Monteiro, Bernardo Pigmeu, Adriano de Souza usaram a prancha como brinquedo antes de virar instrumento de trabalho e hoje disputam o circuito mundial. E, nos últimos anos, um dado curioso e promissor tem chamado a atenção nas provas para iniciantes: vários filhos de surfistas e ex-surfistas profissionais estão no topo das disputas. O vencedor da oitava edição do Grom Search Brasil -que leva os vencedores na categoria mirim (até 16 anos) a uma etapa final contra os vencedores ao redor do mundo em Bells Beach (Austrália), em 2008-, Miguel Pupo, 15, é filho de Wagner Pupo, 38, que disputa o SuperSurf, é o recordista Top 16 da Abrasp e ficou em terceiro no Mundial master.
Miguel busca o tetra no Surf Attack e, em abril, disputará o Circuito Brasileiro Amador em Torres, que pode lhe dar vaga no ISA World Junior em Portugal, em maio. "Ele está cheio de planos", admira Wagner. O pai ainda diz que, "ao crescer acompanhando as competições profissionais, é mais fácil entender essa vida". Na remada dos filhos de peixes graúdos do surfe nacional, encontramos Ian Gouvea, filho do fabuloso Fabio Gouvea, que cresceu viajando ao redor do mundo e sabe muito bem como é ser pro-surfer.
Do Havaí à Indonésia, lá estava o garoto com o pai, o mais vitorioso e admirado brasileiro na história do Mundial da ASP. Abençoado por Fabio, ele corre o circuito júnior. Outro que parece carregar DNA competitivo é Felipe Toledo, o Felipinho, 11, que já tem currículo: tricampeão da categoria grommets no Hang Loose Surf Attack e bicampeão do Rip Curl Grom Search. Filho do ubatubense Ricardo Toledo, 38, bi brasileiro em 91 e 95, anos de nascimento dos filhos, e que segue na ativa. "Felipe nunca sofreu pressão. Não quero que os patrocinadores cobrem resultados de um garoto de 11 anos. Primeiro, ele deve se divertir. Depois, o resultado aparece." Ricardo concorda que a vivência à beira da praia facilitou a vida dos filhos. Matheus Toledo, o mais velho, 16, também corre torneios e acaba de sair de circuitos amadores, chegando à semifinal do Grom Search.
Muitos estão em torneios amadores, como Nathan Brandi, 14, filho de Murilo Brandi, e Pedro Husadel, 15, filho do ex-top da Abrasp David Husadel. Crescer indo ao pódio com o pai, vendo o velho colocar coroa de flores na cabeça e se consagrar com troféus, num estilo de vida único, é para poucos. E uma vantagem dessa molecada. A máxima é verdadeira: filho de peixe, peixinho é.

MUNDIAL DE SURFE
Neco Padaratz, 30, ficou em segundo no WQS quatro estrelas em Newcastle. O sul-africano Jordy Smith, 19, foi o vencedor. Hoje, com altas ondas em Margareth River, segue a etapa seis estrelas prime, que dá 3.000 pontos. E na próxima semana rola a segunda etapa do WCT 2007, em Bell's Beach.

MUNDIAL DE WINDSURFE
Kauli Seadi ficou em segundo na modalidade wave na etapa de abertura do circuito, em Cabo Verde. A próxima prova será na praia do Guincho, em Portugal, em junho.

PROJETO SETE CUMES
Primeira brasileira a chegar ao topo do Everest, Ana Elisa Boscarioli disputou a corrida de aventura Adventure Camp como treino no projeto de conquistar as mais altas montanhas de cada continente.

sarli@trip.com.br


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