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Dupla negociou à frente de ministério
DA SUCURSAL DO RIO
Os empresários Pelé e Hélio
Viana continuaram atuando no
ramo dos negócios esportivos no
período em que dirigiram o Ministério dos Esportes, de 1995 até
abril de 1998. Pelé era o ministro.
Viana, seu assessor mais influente. Ao entrar para o governo, prometeram se afastar dos negócios
privados na mesma área.
No dia 5 de fevereiro de 1998, a
Klavi Projetos Especiais vendeu à
TV Globo os direitos de exibição
de partidas do Vasco na Taça Libertadores daquele ano.
O contrato foi assinado pelo sócio controlador da Klavi, Hélio
Viana, que detinha 80% das cotas.
Creso Augusto Aguiar Rocha possuía 20%.
A Klavi receberia US$ 2,035 milhões pelos direitos de transmissão dos jogos a serem disputados
pelo Vasco quando a equipe carioca tivesse o mando de campo.
Parte do pagamento (não se informa quanto) iria para a agremiação, que entregou à Klavi a
venda dos direitos de TV das suas
partidas.
Pelé assinou o contrato duas vezes. Na primeira, como pessoa física, na qualidade de fiador. No
caso de a emissora ser impedida
de exibir as partidas, a Klavi teria
de devolver integralmente os valores recebidos. Se não pagasse,
Pelé pagaria.
O outro fiador era a Pelé Sports
& Marketing Ltda., empresa da
qual Pelé era o sócio majoritário e
Hélio Viana, o minoritário. Pelé e
Viana, então parceiros, assinaram. Se a Klavi não devolvesse
eventual pagamento recebido, a
PS&M Ltda. devolveria.
Quando assinaram o contrato,
Pelé era o ministro dos Esportes e
Hélio Viana, vice-presidente do
conselho do Instituto Nacional do
Desporto.
A criação da Klavi coincidiu
com o período dos sócios no Ministério. O instrumento de constituição da empresa é de 26 de fevereiro de 1997. A Klavi passou a tocar uma série de projetos do mesmo tipo dos que, antes, eram da
alçada da PS&M Ltda., então a
empresa mais conhecida de Pelé.
Curiosamente, um dos parceiros mais constantes da Klavi foi o
Vasco da Gama, do dirigente Eurico Miranda. No governo, Pelé e
Hélio Viana lançavam propostas
que apresentavam como modernizadoras e enfrentavam Miranda
publicamente.
Ao excluir Hélio Viana da
PS&M Ltda., Pelé e diretores do
seu grupo empresarial afirmaram
que Viana desviou fundos da sociedade com Pelé para a Klavi.
Hélio Viana declara que a Klavi é
credora de R$ 1,8 milhão, relativo
ao contrato da Libertadores, que
teria sido transferido para a
PS&M Ltda.
Advogados afirmam inexistir
restrição jurídica à atuação de Pelé e Viana como empresários.
Viana afirmou que, eticamente,
não via impedimento, por não haver envolvimento de órgãos e
bancos públicos nos contratos.
Pelé e um assessor foram procurados, mas não se pronunciaram.
(MM)
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