São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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AÇÃO

O Taiti é aqui

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Maresias não é Teahupoo, mas está sem dúvida entre as ondas mais pesadas do país, e mostrou que, assim como o famoso e temido pico no Taiti, também é capaz de proporcionar tubos incríveis, ondas de 3 m e alguns momentos espetaculares. Foi o que aconteceu na praia do litoral paulista na segunda etapa do ano do Circuito Brasileiro de Surf Profissional, mais conhecido como SuperSurf, entre 21 e 25 de abril, do qual participaram 104 surfistas representando 13 Estados.
Dos 96 surfistas que formam a elite do surfe nacional, 90, entre homens e mulheres, estavam lá. Peterson Rosa, Victor Ribas, Fábio Gouveia, Neco e Teco Padaratz eram alguns dos favoritos ao título e aos longos passeios nos cilindros que rolaram no litoral norte de São Paulo na semana passada. O catarinense Teco está inclusive atrás de um dos poucos títulos que ainda não tem: o do circuito profissional brasileiro.
Entre tantos nomes de peso, foram dois jovens cariocas que conquistaram a nota máxima. Leandro Bastos, 18, protagonizou a cena mais espetacular do torneio ao passar liso e com classe por um tubo perfeito em uma onda de quase 3 m. A primeira nota 10 da disputa foi dele. A segunda, que ratificou Maresias como a onda 10 do Circuito -das 13 notas 10 desde a criação do SuperSurf em 2000, 8 foram lá-, ocorreu pouco depois com outro tubo espetacular, de Gustavo Fernandes, 19.
Apesar do início de tirar o fôlego, no sábado a competição foi adiada porque o mar ficou completamente flat. Domingo, sob chuva, mas com um novo swell entrando, ocorreram as finais. Enquanto os favoritos iam sendo eliminados, o ubatubense Odirlei Coutinho seguia firme e, na bateria final, bateu o conterrâneo Renato Galvão para levar o título. O caminho de Odirlei à final foi facilitado porque o baiano Jojó de Olivença, campeão brasileiro em 88 e 92, torceu o tornozelo na primeira onda da semifinal e deixou a disputa. O campeão assumiu a ponta do ranking e levou para casa um cheque de R$ 22 mil.
Apesar de as atenções terem ficado concentradas na disputa do masculino, foi o feminino que rendeu a final mais emocionante. Aos 45 do segundo tempo, com uma boa onda, Suelen Naraisa tirou o caneco dos pés da catarinense Juliana Quint, que fazia sua primeira final no Circuito Brasileiro e liderou a bateria quase inteira. A próxima etapa do SuperSurf acontece em Pernambuco, na praia de Porto de Galinhas, de 30 de junho a 4 de julho.
Até lá, giramos o pescoço para as disputas do Mundial, quando a emoção promete correr solta e o Taiti volta a ser onde sempre foi: na Polinésia Francesa. Entre os dias 6 e 18 de maio, os melhores surfistas do mundo, homens e mulheres, estarão por lá desafiando o mais temido dos tubos: Teahupoo. O melhor brasileiro até hoje na competição foi Danilo Costa, terceiro colocado em 2003, que participará do evento como convidado do patrocinador, a Bil-labong. No feminino, Tita Tavares tem boas chances. Pelo menos desembarcará no Taiti confiante após o excelente terceiro lugar obtido durante o Roxy Pro de Fiji.

Ainda sobre o XXL
Faltou dizer: a justa vitória pelo melhor tubo para Malik Joyeaux, numa onda descomunal em Teahupoo, e a injusta derrota do brasileiro Evaristo Ferreira na categoria remada.

Eddie Would Go
O campeonato de ondas grandes em sua homenagem não rolou, mas o livro com a biografia do havaiano Eddie Aikau, de Stuart Coleman, acaba de ser lançado no Brasil pela editora Gaia.

Caça-talentos
Promovido pelos campeões Sandro Dias e Fabíola da Silva, evento em Campo Grande, no Rio, reuniu 50 crianças para disputar dez vagas, no skate e nos patins, nos Latin X-Games.

E-mail sarli@trip.com.br


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