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BOXE
Pai da "Menina de Ouro"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Menina de ouro" ("Million Dollar Baby") garantiu muito espaço na mídia. O
que não foi (muito) divulgado e
que é uma das principais razões
para o filme apresentar muita
preocupação com detalhes técnicos e por isso parecer tão real.
Trata-se do fato de o autor do livro de contos no qual o filme foi
baseado, "Rope Burns", ter sido
um ex-treinador e ""cutman",
Jerry Boyd (que como escritor
adotou o pseudônimo F.X. Toole).
Apesar de ter roubado a cena
na cerimônia do Oscar e ter sido
motivo de reportagens na TV e
também de textos nos mais diversos tipos de publicações (até mesmo daqueles que não são tidos
exatamente como "amigos" do
boxe), isso passou despercebido.
Por anos, e até pouco antes de
sua morte, aos 72 anos, Boyd, ou
Toole, como preferir, diariamente
podia ser encontrado observando
a movimentação de lutadores,
treinadores e todos os demais personagens que gravitavam em torno do L.A. Boxing Gym, nos EUA.
Foi nesse ginásio que Toole "sujou as mãos" ao aprender a boxear sob a tutela do ex-pugilista
Dub Huntley, que também desempenhou papel de seu sparring.
Foi interessante a comparação
que Boyd traçou entre o esporte e
sua carreira como escritor. O escritor disse que o boxe era um verdadeiro "passeio no parque" se
comparado à experiência de "você dar o sangue em um texto só
para vê-lo rejeitado por todos".
Assim, Boyd chegou a desistir
diversas vezes de sua carreira como autor, só para, como é um
clássico costume entre os pugilistas, retornar de novo e de novo.
Foi somente pouco antes de sua
morte, em uma mesa de operações, que Boyd conseguiu uma
editora para a sua coleção de contos, batizada de "Rope Burns", já
negociada com a Geração Editorial (traduções de Rubem Fonseca, Moacyr Scliar, Carlos Heitor
Cony, Marçal Aquino, Luiz Fernando Emediato e Sérgio Dávila).
Depois de negociar os direitos
de seus contos com TV e cinema,
Boyd comentou que as pessoas do
mundo do boxe são imensamente
preferíveis àquelas do meio artístico -ele não se referia a Clint
Eastwood, mas a intermediários.
Passado algum tempo do lançamento de "Menina de Ouro", especialistas apontam que o filme
fez mais pelo pugilismo feminino
do que todos os jabs, diretos, cruzados e uppers combinados da
pioneira Christy Martin, de Lucia
Rijker (a vilã de "Menina de Ouro", lutadora na vida real) e também Laila Ali, filha do "homem".
Apesar de a parte técnica ter sido praticamente impecável, nunca é demais lembrar que o filme
trouxe algumas pequenas incorreções. Poucas, mas que podem
ser usadas como arma por aqueles que adoram sujar a imagem
do esporte. Como quando é mostrada a campeã mundial batendo
em suas adversárias já caídas ou
golpeando a oponente por trás,
sem punição da parte do árbitro.
Em uma situação real, o juiz teria desclassificado o faltoso, ou
pelo menos descontado alguns
pontos. É o procedimento padrão,
adotado em combates entre homens e em duelos femininos.
Pesos-pesados 1
O invicto nigeriano Samuel Peter, sexto do ranking do CMB e representante da nova safra de pesos-pesados africanos, pega hoje Gilbert
Martinez. A ESPN exibe o teipe à 0h30 de sábado e às 4h de domingo.
Além de Peter, outros africanos ranqueados pelo CMB atualmente
em atividade são o ex-campeão Corrie Sanders, sul-africano, oitavo
do ranking, e também Peter Okhello, 29º da lista, de Uganda.
Pesos-pesados 2
O norte-americano de origem porto-riquenha John Ruiz defende o
título da AMB contra o ""bad boy" norte-americano James Toney
amanhã, nos EUA. Apesar de ter a vantagem de ser um pesado natural, Ruiz tem contra si o fato de já ter perdido para Roy Jones Jr. Apesar disso, os especialistas apostam em uma vitória de Ruiz.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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