São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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BOXE

Pai da "Menina de Ouro"

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Menina de ouro" ("Million Dollar Baby") garantiu muito espaço na mídia. O que não foi (muito) divulgado e que é uma das principais razões para o filme apresentar muita preocupação com detalhes técnicos e por isso parecer tão real.
Trata-se do fato de o autor do livro de contos no qual o filme foi baseado, "Rope Burns", ter sido um ex-treinador e ""cutman", Jerry Boyd (que como escritor adotou o pseudônimo F.X. Toole).
Apesar de ter roubado a cena na cerimônia do Oscar e ter sido motivo de reportagens na TV e também de textos nos mais diversos tipos de publicações (até mesmo daqueles que não são tidos exatamente como "amigos" do boxe), isso passou despercebido.
Por anos, e até pouco antes de sua morte, aos 72 anos, Boyd, ou Toole, como preferir, diariamente podia ser encontrado observando a movimentação de lutadores, treinadores e todos os demais personagens que gravitavam em torno do L.A. Boxing Gym, nos EUA.
Foi nesse ginásio que Toole "sujou as mãos" ao aprender a boxear sob a tutela do ex-pugilista Dub Huntley, que também desempenhou papel de seu sparring.
Foi interessante a comparação que Boyd traçou entre o esporte e sua carreira como escritor. O escritor disse que o boxe era um verdadeiro "passeio no parque" se comparado à experiência de "você dar o sangue em um texto só para vê-lo rejeitado por todos".
Assim, Boyd chegou a desistir diversas vezes de sua carreira como autor, só para, como é um clássico costume entre os pugilistas, retornar de novo e de novo.
Foi somente pouco antes de sua morte, em uma mesa de operações, que Boyd conseguiu uma editora para a sua coleção de contos, batizada de "Rope Burns", já negociada com a Geração Editorial (traduções de Rubem Fonseca, Moacyr Scliar, Carlos Heitor Cony, Marçal Aquino, Luiz Fernando Emediato e Sérgio Dávila).
Depois de negociar os direitos de seus contos com TV e cinema, Boyd comentou que as pessoas do mundo do boxe são imensamente preferíveis àquelas do meio artístico -ele não se referia a Clint Eastwood, mas a intermediários.
 
Passado algum tempo do lançamento de "Menina de Ouro", especialistas apontam que o filme fez mais pelo pugilismo feminino do que todos os jabs, diretos, cruzados e uppers combinados da pioneira Christy Martin, de Lucia Rijker (a vilã de "Menina de Ouro", lutadora na vida real) e também Laila Ali, filha do "homem".
Apesar de a parte técnica ter sido praticamente impecável, nunca é demais lembrar que o filme trouxe algumas pequenas incorreções. Poucas, mas que podem ser usadas como arma por aqueles que adoram sujar a imagem do esporte. Como quando é mostrada a campeã mundial batendo em suas adversárias já caídas ou golpeando a oponente por trás, sem punição da parte do árbitro.
Em uma situação real, o juiz teria desclassificado o faltoso, ou pelo menos descontado alguns pontos. É o procedimento padrão, adotado em combates entre homens e em duelos femininos.

Pesos-pesados 1
O invicto nigeriano Samuel Peter, sexto do ranking do CMB e representante da nova safra de pesos-pesados africanos, pega hoje Gilbert Martinez. A ESPN exibe o teipe à 0h30 de sábado e às 4h de domingo. Além de Peter, outros africanos ranqueados pelo CMB atualmente em atividade são o ex-campeão Corrie Sanders, sul-africano, oitavo do ranking, e também Peter Okhello, 29º da lista, de Uganda.

Pesos-pesados 2
O norte-americano de origem porto-riquenha John Ruiz defende o título da AMB contra o ""bad boy" norte-americano James Toney amanhã, nos EUA. Apesar de ter a vantagem de ser um pesado natural, Ruiz tem contra si o fato de já ter perdido para Roy Jones Jr. Apesar disso, os especialistas apostam em uma vitória de Ruiz.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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