São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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BRASIL

Apesar da falta de confiança, time de Scolari bate os anteriores em sua preparação

Seleção ostenta melhor currículo em dez Mundiais

DO ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Se a confiança na sua equipe não é das maiores mesmo com bons resultados em partidas amistosas, Luiz Felipe Scolari estaria ainda mais contra a parede se ostentasse os resultados de outras seleções nacionais às vésperas de uma Copa do Mundo.
A equipe dirigida pelo técnico gaúcho tem o melhor aproveitamento, o melhor ataque e a melhor defesa das últimas dez vezes que o Brasil se preparou para disputar o maior torneio de futebol do planeta.
Times que depois foram campeões mundiais, como o de 1970 e o de 1994, chegaram para a estréia na Copa-2002 com um currículo mais pobre nos amistosos preparatórios do que a equipe atual.
E, como agora, também fizeram a maior parte de seus treinamentos contra rivais medíocres.
O time de Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivellino e companhia, que ganhou o tricampeonato, preparou-se para a Copa jogando contra times como o Bangu, a seleção do Estado do Amazonas e combinados de regiões do México.
Mesmo contra adversários desse porte, colheu resultados ruins -empatou, por exemplo, com a equipe suburbana do Rio. Assim, saiu do país desacreditada, mas depois acabou calando os críticos.
O time que encantou o mundo em Guadalajara e na Cidade do México tinha a seu favor, ao contrário do que acontece hoje, tempo para ficar junto durante praticamente três meses.
Oito anos depois, na preparação para a Copa da Argentina, o Brasil fez uma sequência de jogos contra seleções estaduais -em um deles, não saiu de um 0 a 0 contra Pernambuco, defendido pelos zagueiros Paranhos e Marião.
Mais recentemente, em 1998, Zagallo foi para a França com a confiança da torcida mesmo após uma das piores sequências de amistosos preparatórios para um Mundial na história da seleção.
Se a fase pré-Copa fosse um campeonato valendo pontos, a equipe comandada pelo veterano treinador alagoano teria um aproveitamento de 55%, contra 90% do time dirigido por Scolari.
Mesmo com Ronaldo no auge, a produção ofensiva também foi pífia -média de apenas 1,33 gol marcado por partida.
A equipe de 1998 foi mal jogando contra times tão ruins quanto os enfrentados agora. Na lista, aparecem Jamaica, Estados Unidos, Guatemala e Andorra.

Testes
Na maior parte dos casos, a seleção brasileira também chegou à reta final fazendo testes.
Em 1970, Zagallo escalou Marco Antônio na lateral esquerda durante toda a preparação. Só na estréia, contra a Tchecoslováquia, efetivou o gremista Everaldo como titular da posição.
Coisa parecida fez Telê Santana, que comandou, em 1982, uma das mais veneradas equipes de todos os tempos. Até três meses antes do início do Mundial da Espanha, o habilidoso Mário Sérgio era titular da equipe. Depois, acabou descartado e nem foi incluído na lista de convocados para a Copa.
Na última vez que levantou a taça de campeão mundial, o Brasil também se preparou de um jeito e jogou de outro. Nos EUA, Aldair e Márcio Santos só conseguiram ser titulares depois da contusão de outros convocados.
E Mazinho ganhou a posição de Raí, um dos símbolos da era Carlos Alberto Parreira, já no decorrer da competição. (PAULO COBOS)



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