São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 2006

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Copa2006

Alemanha lança Copa dos excluídos

Evento começa hoje em Hamburgo e terá participação de nanicos que buscam status de filiados à Fifa

Torneio, que nasceu após noitada em St. Pauli, bairro boêmio da cidade, critica busca exagerada por lucros no Mundial da entidade

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
PEDRO SCHAFFA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana antes de as atenções estarem voltadas para a Copa, uma outra entidade, com nome de cachorro de madame, a Fifi (Federação Internacional de Futebol Independente), lança sua competição.
O Mundial dos excluídos, nomeado de Wild Cup -Copa dos Países Exóticos, em uma tradução livre-, terá participantes que não são filiados à toda-poderosa entidade que rege o futebol, como Tibete e Zanzibar.
O anfitrião será um clube alemão, o St. Pauli, de Hamburgo. Para dar um toque mais globalizado, a equipe jogará com o nome de República de St. Pauli.
O evento começa hoje com dois jogos: República Turca do Norte do Chipre x Groenlândia e República de St. Pauli x Gibraltar. Sábado será a finalíssima, que terá transmissão da DSF, uma emissora local.
A Copa dos nanicos nasceu no tradicional bairro boêmio de Hamburgo que dá nome ao clube. "A idéia toda saiu basicamente em uma noite de bebedeira", conta Michael Meeske, dirigente do St. Pauli, que atualmente joga a terceira divisão do Campeonato Alemão.
Feitos os convites, houve a divisão em duas chaves de três times cada uma. No Grupo A, estão República de St. Pauli, Gibraltar e Tibete. No B, ficaram Groenlândia, República Turca do Norte do Chipre e Zanzibar.
O discurso dos organizadores é de crítica à Fifa. "Originalmente uma festa do futebol, a Copa tornou-se um festival para fazer dinheiro, no qual os lucros vêm antes de torcedores e jogadores", lamenta a organização no site oficial do torneio.
Mas a Copinha atraiu por outros motivos. Alguns participantes buscam o reconhecimento internacional da própria Fifa; outros, a chance de levantar mais uma bandeira pela independência. E há os que estão na disputa pela mais pura farra.
"A República de St. Pauli será formada pelo time de juniores, com jogadores de 18 a 19 anos. Eles serão reforçados por duas lendas do clube: Holger Stanislawski [ex-vice-presidente do St. Pauli] e André Trulsen [assistente técnico do time adulto]", diz Sven Lindenblatt, assessor do St. Pauli.
Objetivo diverso têm Zanzibar, Gibraltar e Groenlândia, que buscam aceitação da Fifa.
Zanzibar, que faz parte do território da Tanzânia, já disputou as eliminatórias da Copa da África. Não bastasse isso, conta com adesão insuspeita a sua causa. "A Associação de Futebol da Tanzânia apóia a filiação à Fifa", afirma Stephan Ottenbruch, produtor do filme "O Sonho de Zanzibar", que narra a história da seleção local.
Gibraltar, dependência britânica encravada no sul da Espanha, também faz campanha pelo reconhecimento. "Há dois trunfos para que Gibraltar seja reconhecida. Temos uma liga oficial e há muitos jogadores que nasceram aqui, no momento vivem em outros países, mas defenderiam a seleção", prega o site da campanha pela filiação.
Até um abaixo-assinado foi divulgado, mas Gibraltar enfrenta forte oposição da Espanha, temerosa de que o aval da Fifa sirva de alento para a Catalunha e o País Basco reivindicarem o mesmo tratamento.
A Groenlândia, que faz parte da Dinamarca, também busca o reconhecimento internacional -já é filiada à Federação Internacional de Handebol. Mesmo não contando com um único campo com gramado, é apontada como favorita à taça.


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