São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Brasileiro é sequestrado e torturado na África do Sul

Polícia local prende seis nigerianos integrantes de gangue especializada

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

A 20 dias do início da Copa do Mundo, o representante comercial brasileiro Osmar Pereira foi sequestrado por uma gangue especializada em Johannesburgo, torturado e ameaçado de morte.
Com queimaduras feitas por um ferro de passar roupa no corpo, ele foi resgatado anteontem por uma unidade de elite da polícia sul-africana que é conhecida como "Hawks" (Falcões).
Pereira, 58, caiu num golpe conhecido como "esquema 419", em referência a um artigo do código penal da Nigéria. Em e-mails bem elaborados, quadrilhas formadas sobretudo por nigerianos atraem estrangeiros ao prometer negócios vantajosos.
Pereira representa a Terra Industrial S.A., com sede em Belém (PA), especializada em móveis de madeira. O contrato seria para a venda de portas a serem usadas na reconstrução do Iraque.
Ao chegar a Johannesburgo para fechar o negócio, na terça, ele foi sequestrado. Levado a um cativeiro, Pereira permaneceu amarrado.
Os golpistas entraram em contato com a Terra Industrial e, ainda fingindo serem empresários, pediram US$ 70 mil como sinal para o negócio. O dinheiro foi depositado numa conta bancária em Hong Kong, diz a polícia.
Os sequestradores teriam comunicado a Pereira que iriam matá-lo e deixaram que ele entrasse em contato pela última vez com a família.

POLÍCIA SUL-AFRICANA
Antes disso, no entanto, os Hawks estouraram o cativeiro e prenderam seis nigerianos. Eles seguiram dica dada por empresário sul-coreano vítima do mesmo golpe, mas que foi liberado pela gangue após pagamento de resgate.
Pereira recebeu cuidados médicos e é mantido em local não divulgado. Deve retornar ao Brasil nos próximos dias.
Agentes da Polícia Federal brasileira que estão no país em razão da Copa do Mundo ajudam na investigação.
O porta-voz dos Hawks, Musa Zondi, afirmou que não há risco de sequestro para os torcedores no Mundial. "Ele não foi sequestrado por causa da Copa. Nunca alguém perdeu a vida na África do Sul por ser vítima de sequestro. A situação aqui não é pior do que no Brasil", disse.
No entanto as estatísticas da própria polícia apontam para um aumento do caso de sequestros. Entre 2008 e 2009, o número cresceu 9,12% em todo o país.
Na Província a que pertence Johannesburgo, o aumento foi maior: 11,72%.
Para o embaixador do Brasil no país, José Vicente Pimentel, não há motivo para alarmismo. "É caso isolado, de vítima de golpe planejado com antecedência. Não foi sequestrado por ser turista."


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