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Brasileiro é sequestrado e torturado na África do Sul
Polícia local prende seis nigerianos integrantes de gangue especializada
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
A 20 dias do início da Copa
do Mundo, o representante
comercial brasileiro Osmar
Pereira foi sequestrado por
uma gangue especializada
em Johannesburgo, torturado e ameaçado de morte.
Com queimaduras feitas
por um ferro de passar roupa
no corpo, ele foi resgatado
anteontem por uma unidade
de elite da polícia sul-africana que é conhecida como
"Hawks" (Falcões).
Pereira, 58, caiu num golpe conhecido como "esquema 419", em referência a um
artigo do código penal da Nigéria. Em e-mails bem elaborados, quadrilhas formadas
sobretudo por nigerianos
atraem estrangeiros ao prometer negócios vantajosos.
Pereira representa a Terra
Industrial S.A., com sede em
Belém (PA), especializada
em móveis de madeira. O
contrato seria para a venda
de portas a serem usadas na
reconstrução do Iraque.
Ao chegar a Johannesburgo para fechar o negócio, na
terça, ele foi sequestrado. Levado a um cativeiro, Pereira
permaneceu amarrado.
Os golpistas entraram em
contato com a Terra Industrial e, ainda fingindo serem
empresários, pediram US$
70 mil como sinal para o negócio. O dinheiro foi depositado numa conta bancária
em Hong Kong, diz a polícia.
Os sequestradores teriam
comunicado a Pereira que
iriam matá-lo e deixaram que
ele entrasse em contato pela
última vez com a família.
POLÍCIA SUL-AFRICANA
Antes disso, no entanto, os
Hawks estouraram o cativeiro e prenderam seis nigerianos. Eles seguiram dica dada
por empresário sul-coreano
vítima do mesmo golpe, mas
que foi liberado pela gangue
após pagamento de resgate.
Pereira recebeu cuidados
médicos e é mantido em local
não divulgado. Deve retornar
ao Brasil nos próximos dias.
Agentes da Polícia Federal
brasileira que estão no país
em razão da Copa do Mundo
ajudam na investigação.
O porta-voz dos Hawks,
Musa Zondi, afirmou que não
há risco de sequestro para os
torcedores no Mundial. "Ele
não foi sequestrado por causa da Copa. Nunca alguém
perdeu a vida na África do
Sul por ser vítima de sequestro. A situação aqui não é
pior do que no Brasil", disse.
No entanto as estatísticas
da própria polícia apontam
para um aumento do caso de
sequestros. Entre 2008 e
2009, o número cresceu
9,12% em todo o país.
Na Província a que pertence Johannesburgo, o aumento foi maior: 11,72%.
Para o embaixador do Brasil no país, José Vicente Pimentel, não há motivo para
alarmismo. "É caso isolado,
de vítima de golpe planejado
com antecedência. Não foi
sequestrado por ser turista."
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