São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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De volta para o futuro

Pela primeira vez na história da seleção, geração derrotada numa Copa terá chance de vingar caso mal resolvido

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A
BERGISCH GLADBACH

Eles vão ter a chance que gente famosa como Leônidas da Silva, Barbosa, Nilton Santos, Rivellino e Zico não teve.
Pela primeira vez na história da seleção brasileira, uma geração que sofreu uma derrota marcante numa Copa do Mundo vai ter a oportunidade de se vingar na própria competição.
Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos e outros três jogadores (Dida, Zé Roberto e Emerson) que estavam no Stade de France em 1998, quando o time nacional perdeu a decisão da Copa da França para os anfitriões, poderão dar o troco no sábado, às 16h, quando os dois países se enfrentam por uma vaga nas semifinais do Mundial da Alemanha.
A derrota por 3 a 0, que foi parar até numa CPI no Congresso Nacional, continua entalada na garganta dos brasileiros. Mas, desta vez, existe a chance de revanche, ainda mais porque muitos dos franceses que atuaram naquele jogo, a começar pelo carrasco Zidane, estarão em campo em Frankfurt.
É a oportunidade que derrotados famosos brasileiros não tiveram. A turma do "Maracanazo", em 1950, nunca mais desafiou o Uruguai numa Copa -e o goleiro Barbosa ficou sem a chance de acabar com a fama de vilão que perdura até hoje (ele foi defendido com veemência por Dida, também negro, na preparação do Brasil para o Mundial-06).
Os times que perderam para a "máquina húngara" de 1954 e para a "laranja mecânica" holandesa de 1974 não conseguiram uma revanche. Assim como a inesquecível seleção de 1982, derrotada pela Itália, ou o nem tão bom time de 1990, que viu o argentino Maradona desequilibrar e nunca teve a chance de dar o troco em Mundiais.
A sede de vingança da torcida é repelida por parte do time e também pelo técnico Parreira.
"Temos que encarar como uma final. Independente do que aconteceu no passado", disse, em entrevista à televisão, Ronaldo, o grande protagonista, pelo pouco que jogou, do revés brasileiro há oito anos. "Nem me lembro desse jogo. Já jogamos vários amistosos. Agora, o momento é outro", falou Roberto Carlos, outro que atuou no Stade de France.
Mais provocativos estão o técnico derrotado pelos franceses em 1998 e a nova geração.
"Futebol é momento. Não tem essa de que a história de 98 vai se repetir. Agora vamos à forra", disse o hoje coordenador Zagallo, que ontem passou boa parte da tarde comentando sobre o jogo mais apimentado do Brasil em muito tempo.
Robinho tinha apenas 14 anos quando o Brasil perdeu para os franceses. Não pode falar de revanche, mas comenta sobre Zidane, seu companheiro no Real Madrid, que marcou duas vezes no triunfo que garantiu o único título mundial para a seleção francesa.
""É meu amigo, mas espero que ele encerre a carreira contra o Brasil", disse o atacante, em referência ao fato de o francês fazer na Copa da Alemanha sua despedida do futebol.
A presença de Zidane, aliás, também serve como uma vingança pessoal. Todos os grandes carrascos brasileiros nunca voltaram a enfrentar a equipe de amarelo em alguma competição importante. Foi assim com o uruguaio Obdulio Varela, com o húngaro Puskas, com o holandês Cruyff e com o italiano Paolo Rossi (sem falar no já citado Maradona).
Passando pela França, o Brasil enfrenta Portugal ou Inglaterra nas semifinais. As quartas-de-final começam amanhã, com Alemanha x Argentina e Itália x Ucrânia.


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