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De volta para o futuro
Pela primeira vez na história da seleção, geração derrotada numa Copa terá chance de vingar caso mal resolvido
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A
BERGISCH GLADBACH
Eles vão ter a chance que
gente famosa como Leônidas
da Silva, Barbosa, Nilton Santos, Rivellino e Zico não teve.
Pela primeira vez na história
da seleção brasileira, uma geração que sofreu uma derrota
marcante numa Copa do Mundo vai ter a oportunidade de se
vingar na própria competição.
Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos e outros três jogadores (Dida, Zé Roberto e Emerson) que
estavam no Stade de France em
1998, quando o time nacional
perdeu a decisão da Copa da
França para os anfitriões, poderão dar o troco no sábado, às
16h, quando os dois países se
enfrentam por uma vaga nas
semifinais do Mundial da Alemanha.
A derrota por 3 a 0,
que foi parar até numa CPI no Congresso Nacional, continua entalada na garganta dos brasileiros. Mas, desta vez,
existe a chance de
revanche, ainda
mais porque muitos
dos franceses que
atuaram naquele jogo, a começar pelo
carrasco Zidane, estarão em campo em
Frankfurt.
É a oportunidade
que derrotados famosos brasileiros
não tiveram. A turma do "Maracanazo", em 1950, nunca
mais desafiou o Uruguai numa Copa -e
o goleiro Barbosa ficou sem a chance de
acabar com a fama de vilão que
perdura até hoje (ele foi defendido com veemência por Dida,
também negro, na preparação
do Brasil para o Mundial-06).
Os times que perderam para
a "máquina húngara" de 1954 e
para a "laranja mecânica" holandesa de 1974 não conseguiram uma revanche. Assim como a inesquecível seleção de
1982, derrotada pela Itália, ou o
nem tão bom time de 1990, que
viu o argentino Maradona desequilibrar e nunca teve a chance de dar o troco em Mundiais.
A sede de vingança da torcida
é repelida por parte do time e
também pelo técnico Parreira.
"Temos que encarar como
uma final. Independente do
que aconteceu no passado",
disse, em entrevista à televisão,
Ronaldo, o grande protagonista, pelo pouco que jogou, do revés brasileiro há oito anos.
"Nem me lembro desse jogo. Já
jogamos vários amistosos. Agora, o momento é outro", falou
Roberto Carlos, outro que
atuou no Stade de France.
Mais provocativos estão o
técnico derrotado pelos franceses em 1998 e a nova geração.
"Futebol é momento. Não
tem essa de que a história de 98
vai se repetir. Agora vamos à
forra", disse o hoje coordenador Zagallo, que ontem passou
boa parte da tarde comentando
sobre o jogo mais apimentado
do Brasil em muito tempo.
Robinho tinha apenas 14
anos quando o Brasil perdeu
para os franceses. Não pode falar de revanche, mas comenta
sobre Zidane, seu companheiro
no Real Madrid, que marcou
duas vezes no triunfo que garantiu o único título mundial
para a seleção francesa.
""É meu amigo, mas espero
que ele encerre a carreira contra o Brasil", disse o atacante,
em referência ao fato de o francês fazer na Copa da Alemanha
sua despedida do futebol.
A presença de Zidane, aliás,
também serve como uma vingança pessoal. Todos os grandes carrascos brasileiros nunca
voltaram a enfrentar a equipe
de amarelo em alguma competição importante. Foi assim
com o uruguaio Obdulio Varela, com o húngaro Puskas, com
o holandês Cruyff e com o italiano Paolo Rossi (sem falar no
já citado Maradona).
Passando pela França, o Brasil enfrenta Portugal ou Inglaterra nas semifinais. As quartas-de-final começam amanhã,
com Alemanha x Argentina e
Itália x Ucrânia.
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