São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Espanha desafia história nacional e lógica pró-rival

Melhor time da Eurocopa-08 busca, após 44 anos do único triunfo da seleção principal, bater tradicional papa-títulos

Eternos azarões, espanhóis chegam invictos à decisão e recebem rótulo de favoritos dos alemães, tricampeões mundiais e continentais

DA REPORTAGEM LOCAL

"Este time já está fazendo história, mas queremos fazer ainda mais". A frase do atacante Fernando Torres explica o que move a Espanha na final da Eurocopa-08, hoje, às 15h45 (de Brasília), diante da Alemanha.
De um lado, a taça de melhor do continente em 1964, filha única na galeria de conquistas da seleção espanhola principal. Do outro, seis troféus de peso -três Copas do Mundo e três Eurocopas dos alemães.
Fazer história, no caso da Fúria, significa voltar 44 anos no tempo, quando Marcelino anotou o tento da vitória por 2 a 1 sobre a União Soviética na final da segunda edição da Eurocopa, no estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid.
Ainda sem saber o que é disputar uma decisão de Copa do Mundo, a Fúria forjou seguidas gerações de grandes promessas que resultaram em fracassos.
O último momento marcante da seleção principal foi em 1984, quando perdeu a final da Euro para os franceses (2 a 0), que jogavam o torneio em casa.
A nova geração, comandada pelo técnico Luis Aragonés, conseguiu se dividir em um grupo competitivo, com boas opções em todos os setores.
Mesmo sem o atacante David Villa, artilheiro da competição com quatro gols e que se machucou na semifinal contra a Rússia, o grupo conta com peças de reposição à altura.
Tanto que Aragonés se deu ao luxo de deixar o meia Fàbregas, titular do Arsenal, no banco de reservas durante toda a competição. Apenas na última rodada da primeira fase, com a classificação já assegurada, escalou os suplentes.
Mesmo assim, o camisa 10 -que disputa a vaga de Villa com o atacante Güiza- já marcou um tento e lidera a lista de assistências da competição com três passes para gols.
Invicta, a Espanha fechou a primeira fase com três vitórias. Depois, superou outra papa-títulos famosa, a tetracampeã mundial Itália, nas quartas-de-final (4 a 2 nos pênaltis). Na semifinal, bateu os russos (3 a 0).
Nada parece deter a Fúria em mais uma investida para superar o jejum de títulos. Mesmo assim, o fantasma do fracasso parece rondar a cabeça de muitos jogadores às vésperas da final, como o volante Xavi.
"Por vários anos, nós não ganhamos nada, enquanto a Alemanha está sempre lá lutando por títulos. Então, eu diria que é a favorita", afirmou.
Ainda mais quando se vê que a frase dita pelo ex-jogador inglês Gary Lineker -"futebol é um esporte em que jogam 11 contra 11, e no final, sempre ganha a Alemanha"- ganhou contornos atuais com as últimas apresentações do time.
Após bater a Polônia na estréia (2 a 0), a derrota para a Croácia (2 a 1) somada à suada classificação obtida no 1 a 0 ante a Áustria levantaram dúvidas quanto ao futuro do técnico Joachim Löw no cargo.
Nos mata-matas, porém, Ballack e Schweinsteiger resgataram a máxima de Lineker contra portugueses e turcos -ambas as vitórias por 3 a 2.
Apesar da tradição pelos títulos mundiais (1954, 1974, 1990) e continentais (1972, 1980, 1996), os alemães preferiram jogar o rótulo do favoritismo para o lado do oponente.
"Desde o início do torneio, os espanhóis têm jogado em um nível muito alto e são muito bons tecnicamente", disse Löw.
Hoje, o mundo olhará para o estádio Ernst Happel, em Viena, para ver a eterna promessa contra a sempre favorita.


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