São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

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JOSÉ GERALDO COUTO

Brigas de gente grande


O que esperar, então, contra a Holanda? Sem dúvida, uma seleção mais comedida


ASSIM COMO a Alemanha, a Argentina e a Holanda, o Brasil conquistou com autoridade seu lugar nas quartas de final.
Teve total controle do jogo contra o Chile e até alguns instantes de brilho.
Volto a exaltar a eficiência sutil do trio atacante brasileiro, evidenciada no segundo gol: Robinho avançou pela esquerda, levantou a cabeça, passou para Kaká que, num toque preciso, deixou Luis Fabiano na cara do gol.
A finalização pode dar a impressão de algo fácil, mas essa aparente facilidade oculta uma ciência do tempo e do espaço que só os grandes artilheiros têm. Esperar o momento certo para não entrar em impedimento, girar o corpo de modo a esconder a bola do zagueiro adversário, tocar no instante exato antes do bloqueio pela zaga ou pelo goleiro. Tudo isso numa fração de segundo. Não é para qualquer um, acredite.
Robinho, Kaká e Luis Fabiano se completam, cada um potencializando as qualidades dos outros. O problema é quando um dos três não joga (ou dois, como contra Portugal), ou quando a bola não chega a eles.
Dá para animar a torcida brasileira? Sim e não. Há que se levar em conta, primeiro, que o Chile deu espaço para as nossas feras. Segundo: essa formação, com um meio de campo mais leve, com Ramires e Daniel Alves no lugar de Felipe Melo e Elano, dificilmente se repetirá nesta Copa.
Não só porque Ramires está suspenso para o próximo jogo mas porque dificilmente Dunga cometeria essa saudável ousadia contra uma seleção mais forte, como a Holanda, a Alemanha ou a Argentina. El Loco não é ele, é o outro.
O que esperar, então, contra a Holanda? Sem dúvida, uma seleção mais comedida, mais com a cara do Dunga.
Mas é fato também que o Brasil costuma crescer contra adversários de peso e tradição -e já temos um histórico de confrontos épicos com a Holanda, como os das Copas de 94 e 98.
Algo me diz que será um dos grandes jogos deste Mundial, para o qual não arrisco nenhum palpite.
Quanto ao temor da Argentina, que muitos brasileiros têm manifestado, confesso que, tendo visto in loco a Alemanha atropelar a Inglaterra, é dos tedescos que eu tenho medo.

jgcouto@uol.com.br


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