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RODRIGO BUENO
O penalteiro do Morumbi
A diferença entre Rogério e Chilavert está no número de gols por seleção, que é lacuna no currículo do são-paulino
HÁ ALGUM tempo Rogério Ceni inspirou uma coluna na
Folha que o chamou de
"presepeiro do Morumbi". Lembro
que o polêmico texto descrevia
uma saída desesperada da área do
atleta nos minutos finais de um jogo em que o São Paulo era eliminado de algum torneio, fato que se repetia com freqüência na carreira do
goleiro mais artilheiro do futebol.
A tese daquela coluna era a de
que Rogério só tentava correr com
a bola e pôr o time no ataque para
mostrar vontade para a torcida
quando a "vaca já tinha ido para o
brejo". Assim, ficaria livre do rótulo
de "pipoqueiro". Seria tudo cena,
não uma tentativa de salvar o time.
Nos últimos anos, Rogério virou
cobrador oficial de pênalti do São
Paulo e vai cada vez mais ao ataque
em momentos cruciais. Contra o
Chivas na quarta, venceu o ótimo
Sánchez aos 39min do 2º tempo,
igualando assim a marca reconhecida do lendário Chilavert de 62
gols. Em Libertadores, foi seu décimo gol, o sétimo em mata-matas e o
quarto em lances finais de um jogo.
Descontando as disputas de pênaltis (em que é decisivo), Rogério domina facilmente a lista dos dez pênaltis mais importantes de seu clube. Consta que errou três penalidades (um chute para fora contra o
Tigres e duas bolas defendidas pelo
rival). Chilavert teve 77,6% de
aproveitamento em cobranças.
Desperdiçou 13 pênaltis (um chute
para fora e 12 bolas defendidas),
dois num mesmo jogo ante o Unión
Santa Fé. Rogério já converteu 22
pênaltis no tempo normal (88% de
acerto). E poderia igualar a marca
de Chilavert só com faltas, pois
acumula 40 gols dessa forma em
menos de dez anos. O paraguaio fez
15 de falta em 14 anos (contabiliza
dois tentos sem ser de bola parada).
A grande diferença entre os dois
maiores goleiros-artilheiros está
em seleção. Chilavert fez sete gols
pelo Paraguai em eliminatórias e
um na Copa América. Rogério teve
só uma chance de gol pelo Brasil e
não teve êxito. O paraguaio foi indagado na Copa sobre a iminente
queda de seu recorde e minimizou
os gols de Rogério no Paulista. Dos
62 gols do são-paulino, 20 saíram
no Estadual mais importante do
país. Chilavert anotou por vários
Nacionais (36 pelo Argentino, 4 pelo Uruguaio e 1 pelo Espanhol), mas
a IFFHS computa os Estaduais de
RJ e SP até 2003 (quando iniciou
os pontos corridos no Brasileiro).
Nas suas listas de recordes e estatísticas (não é a Fifa quem listou os
62 gols de Chilavert e de Rogério,
até porque o paraguaio também
tem gols não-oficiais), a Federação
Internacional de História e Estatística do Futebol ignora o Paulista a
partir de 2003, exceção feita a gols
de goleiro. Chilavert já foi eleito
melhor goleiro do mundo (em 95,
97 e 98) pela entidade, mas esta
prepara uma cerimônia na Europa
em janeiro para pôr Rogério no trono que muitos entendiam ser eternamente de Chilavert.
O PRESEPEIRO DE ASSUNÇÃO
Chilavert e Rogério já duelaram
em campo. No dia 23 de dezembro
de 1997, quando o são-paulino já
era um goleiro-artilheiro, o paraguaio o venceu em um pênalti em
um 3 a 3 entre Vélez e São Paulo pela Supercopa. O primeiro gol de
Chilavert, em 1989, foi em Higuita.
O PAREDÃO DE SÃO JANUÁRIO
A IFFHS já homenageou Marazopi em sua última cerimônia de
gala. Pelo Vasco, entre 1977 e 1978,
ele ficou 1.816 minutos sem levar
gol pelo Estadual do Rio. Recorde.
O PRESEPEIRO DE JALISCO
Sánchez, que se mexeu como pôde diante de Rogério na quarta, pega o Barcelona no dia 6 (no outro
domingo). Se você lamenta o fato
de o Chivas não poder pegar o campeão europeu no fim do ano, confira o duelo em Los Angeles.
rbueno@folhasp.com.br
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