São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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HÉLIO DE LA PEÑA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No estádio ou na TV?

O que todos queriam ver não passou na TV, foi na boate da Vila, onde o vigor físico dos atletas foi posto à prova

A FESTA do Pan ainda não acabou, e os cariocas já estão morrendo de saudades. A cidade mudou nesses dias e calou a boca de muita gente.
Antes das competições, a conversa em qualquer esquina era se as obras seriam concluídas, se o trânsito daria um nó, se a delegação americana, por medo de um atentado, se hospedaria num submarino atômico a 200 milhas da nossa costa. Todos éramos unânimes: esse troço não vai dar certo de jeito nenhum.
Não foi o que se viu. A platéia foi à festa de abertura e ganhou de brinde um presidente para vaiar. Poderia ser mais perfeito?
Quando começaram os jogos, uma polêmica animou as rodas de chope. De onde seria melhor assistir ao Pan: do sofá da sala ou das arquibancadas superfaturadas dos estádios?
Muita gente preferiu lotar as arenas e sustenta que fez a opção mais acertada. Nada como estar na hora certa, no lugar certo. Acompanhar de perto a performance dos maiores atletas do continente, testemunhar ao vivo o choro de despedida da Janeth, aplaudir as porradas do Diogo Silva, conferir o desempenho da Fabiana Murer na vara. Fatos que vão ficar gravados na memória.
Quem assistiu a tudo de casa garante que levou vantagem. A maior foi não precisar obedecer aos comandos dos animadores, que obrigavam o pessoal a levantar, sentar, sacudir os braços pra lá e pra cá... O sujeito enfrenta fila, morre numa nota para comprar um ingresso e, quando menos espera, está ralando numa tremenda ginástica! Tudo por causa de um mané fantasiado com um microfone na mão. Dava vontade de gritar: "Ei, os atletas são aqueles na quadra!".
É sensacional estar no meio da torcida vibrando a cada cortada do Giba, a cada braçada do Thiago Pereira, a cada golaço da Marta. Mas sair de casa para presenciar uma disputa de tênis de mesa entre dois chineses de países diferentes e nem ver a bolinha? Aboletar-se de frente para o Atlântico para perder de vista os nadadores da maratona aquática que avançam mar afora? Fala sério!
Sem falar de boliche, tiro ao alvo e peteca, digo, badminton. Isso não é esporte, é lazer. Prova de hipismo do pentatlo moderno passa todo domingo, nas cassetadas do Faustão. Ginástica com fitinha e bambolê ficaria melhor na arena multiuso do Cirque du Soleil.
Agora, o que todos queriam ver não passou na TV. Aconteceu num ginásio secreto: a boate da Vila. Ali todas as noites o vigor físico dos atletas foi posto à prova. Muito suor, muita adrenalina, popozões esculturais testando seus limites. E sem a presença de animadores profissionais! Pena que eu não estava lá...


HÉLIO DE LA PEÑA , 48, é humorista do "Casseta & Planeta"


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