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Maradona diz sair traído e enganado
Em discurso, ex-técnico da Argentina afirma que seu substituto no cargo terá que conviver com deslealdade
DE SÃO PAULO
Um dia depois de ser
anunciado seu afastamento
do cargo de treinador da seleção argentina, Diego Maradona criticou duramente os
dirigentes da AFA (Associação de Futebol Argentina).
"Grondona mentiu para
mim, e Bilardo me traiu",
afirmou Maradona ontem.
Julio Grondona é o presidente da AFA, e Carlos Bilardo ocupa o cargo de diretor
de seleções nacionais.
"Quem assumir a seleção
terá que enfrentar a traição
em cada esquina", afirmou o
técnico. "Há personagens
que não querem o bem do futebol argentino e só se preocupam com seus interesses
pessoais", completou.
O ex-jogador afirmou que
Bilardo trabalhou nas sombras por sua saída. O atual diretor de seleções foi o técnico
da equipe que tinha Maradona como estrela e conquistou
a Copa do México em 1986.
De acordo com o ex-técnico da seleção, Grondona pediu, em reunião na segunda,
que ele continuasse no cargo, mas sem sete membros
da comissão técnica. A proposta foi recusada por Maradona, e a AFA decidiu pela
não renovação do contrato.
Ao anunciar a saída de Maradona, Grondona citou um
"abismo irreparável" entre o
que a entidade planejava para a seleção e o que Maradona exigia para continuar.
O ex-meia, acompanhado
de suas duas filhas, leu um
texto por cerca de dez minutos em um restaurante nos
arredores de Buenos Aires e
não permitiu perguntas.
Maradona, 49, afirmou
que os 21 meses em que permaneceu como técnico da seleção não foram suficientes
para realizar um bom trabalho e que sua equipe foi a
quinta do país seguida a não
passar das quartas de final
em uma Copa do Mundo.
A Argentina foi derrotada
por 4 a 0 nas quartas de final
do Mundial da África do Sul.
"Eles me chamaram para
apagar o fogo e foi o que nós
fizemos", afirmou Maradona, que disse que a conspiração de Bilardo para tirá-lo do
cargo começou na manhã do
jogo contra a Alemanha.
Ele não deu pistas de seus
planos para o futuro.
"Minha comissão técnica e
eu estamos preparados para
continuar trabalhando."
De acordo com Maradona,
no vestiário da África do Sul,
Grondona declarou na frente
de testemunhas que estava
muito feliz com o trabalho
apresentado e queria que ele
continuasse, mas após o retorno para a Argentina as coisas começaram a mudar.
"Eu me entreguei por inteiro", afirmou Maradona no final de seu discurso. "Estou
convencido de que o futebol
da Argentina merece estar
em uma posição melhor.
Tentei transmitir o orgulho
que sinto de ser argentino."
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