São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

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"Problema não é treinador", diz Leão

Ex-técnico do Corinthians, agora no Atlético-MG, afirma que cartolas vêem clube paulista como balcão de negócios

Equipe do Parque São Jorge, que revê ex-comandante hoje, não consegue iniciar e encerrar Brasileiro com o mesmo técnico desde 2002

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

José Augusto é o 14º treinador corintiano na era dos pontos corridos. A partir de 2003, quando esse sistema de disputa foi adotado no Brasileiro, o clube do Parque São Jorge jamais conseguiu iniciar e terminar o torneio com o mesmo técnico.
"São uma coisa chata essas mudanças de treinador. Não dá tempo de buscar uma solução para os problemas", diz o interino, substituto de Paulo César Carpegiani, a última vítima da dança das cadeiras corintiana.
O último a passar incólume no Nacional foi Carlos Alberto Parreira, em 2002. Ele levou o time ao vice-campeonato.
No ano seguinte, o clube teve os treinadores Juninho, Júnior, Jairo Leal (interino) e Geninho. Em 2004, foram dois: Oswaldo de Oliveira e Tite.
Um ano depois, na vitoriosa campanha do time milionário montado com o aporte financeiro da MSI, Daniel Passarella, Márcio Bittencourt e Antônio Lopes, que acabou campeão, conduziram a equipe.
Em 2006, quando o Corinthians passou 17 rodadas na zona de rebaixamento, Geninho e Leão assumiram o comando. Foi este último, aliás, adversário corintiano nesta noite, à frente do Atlético-MG, que salvou o time alvinegro da degola.
"O problema do Corinthians não é de técnico, mas o interesse de dirigentes para que seus jogadores não criem raízes no clube. Isso [a troca constante de treinadores] só vai acabar quando acharem que o clube não deve ser apenas uma vitrine para a venda de atletas", declarou Leão à Folha.
Ele ficou no Corinthians por oito meses, o recorde de tempo no período de parceria com a MSI. E foi o único que teve autonomia para contratar atletas no clube. A maioria dos jogadores que trouxe foi questionada. Mas lançou o meia Willian no time profissional.
"Quando eu assumi a equipe diziam que eu era técnico de tiro rápido. Mas eu fiquei mais tempo do que todos na era MSI. Fiquei oito meses, enquanto os outros não passaram de quatro meses", afirma ele, que atribui à parceira corintiana o difícil momento do clube.
"O Corinthians não está assim por causa do Corinthians, mas por essa herança maldita da MSI", falou Leão, que durante sua estada no clube esteve sempre em atrito com a empresa parceira. Hoje no Atlético-MG, Leão enfrentará os corintianos pela primeira vez desde que foi demitido do cargo, em abril deste ano.
E move ação na Justiça contra o time do Parque São Jorge, exigindo cerca de R$ 1,5 milhão por quebra de contrato.
"Para mim não tem diferença nenhuma [enfrentá-los]. Eu não tripudio do clube em que trabalhei, deixei amigos e posso um dia voltar. Só lamento que mais uma vez demitiram um colega [Carpegiani]", disse o treinador, que acredita ter dado lucro ao Corinthians.
"Eu não disse que eu me pagava? O Willian foi vendido por US$ 19 milhões, o lateral [Fágner] saiu por 4 milhões. Agora estou fazendo um beque central aqui, o Leandro Almeida, que daqui a pouco estará na seleção brasileira", afirmou.
"Agora tenho que salvar o Atlético-MG", completou ele, sobre o time, 10º colocado.


NA TV - Atlético-MG x Corinthians
Globo (para SP) e Band (menos RJ e BH), ao vivo, às 21h45


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