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"Problema não é treinador", diz Leão
Ex-técnico do Corinthians, agora no Atlético-MG, afirma que cartolas vêem clube paulista como balcão de negócios
Equipe do Parque São Jorge,
que revê ex-comandante hoje, não consegue iniciar
e encerrar Brasileiro com o
mesmo técnico desde 2002
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
José Augusto é o 14º treinador corintiano na era dos pontos corridos. A partir de 2003,
quando esse sistema de disputa
foi adotado no Brasileiro, o clube do Parque São Jorge jamais
conseguiu iniciar e terminar o
torneio com o mesmo técnico.
"São uma coisa chata essas
mudanças de treinador. Não dá
tempo de buscar uma solução
para os problemas", diz o interino, substituto de Paulo César
Carpegiani, a última vítima da
dança das cadeiras corintiana.
O último a passar incólume
no Nacional foi Carlos Alberto
Parreira, em 2002. Ele levou o
time ao vice-campeonato.
No ano seguinte, o clube teve
os treinadores Juninho, Júnior, Jairo Leal (interino) e Geninho. Em 2004, foram dois:
Oswaldo de Oliveira e Tite.
Um ano depois, na vitoriosa
campanha do time milionário
montado com o aporte financeiro da MSI, Daniel Passarella, Márcio Bittencourt e Antônio Lopes, que acabou campeão, conduziram a equipe.
Em 2006, quando o Corinthians passou 17 rodadas na zona de rebaixamento, Geninho e
Leão assumiram o comando.
Foi este último, aliás, adversário corintiano nesta noite, à
frente do Atlético-MG, que salvou o time alvinegro da degola.
"O problema do Corinthians
não é de técnico, mas o interesse de dirigentes para que seus
jogadores não criem raízes no
clube. Isso [a troca constante
de treinadores] só vai acabar
quando acharem que o clube
não deve ser apenas uma vitrine para a venda de atletas", declarou Leão à Folha.
Ele ficou no Corinthians por
oito meses, o recorde de tempo
no período de parceria com a
MSI. E foi o único que teve autonomia para contratar atletas
no clube. A maioria dos jogadores que trouxe foi questionada.
Mas lançou o meia Willian no
time profissional.
"Quando eu assumi a equipe
diziam que eu era técnico de tiro rápido. Mas eu fiquei mais
tempo do que todos na era
MSI. Fiquei oito meses, enquanto os outros não passaram
de quatro meses", afirma ele,
que atribui à parceira corintiana o difícil momento do clube.
"O Corinthians não está assim por causa do Corinthians,
mas por essa herança maldita
da MSI", falou Leão, que durante sua estada no clube esteve sempre em atrito com a empresa parceira. Hoje no Atlético-MG, Leão enfrentará os corintianos pela primeira vez
desde que foi demitido do cargo, em abril deste ano.
E move ação na Justiça contra o time do Parque São Jorge,
exigindo cerca de R$ 1,5 milhão
por quebra de contrato.
"Para mim não tem diferença nenhuma [enfrentá-los]. Eu
não tripudio do clube em que
trabalhei, deixei amigos e posso um dia voltar. Só lamento
que mais uma vez demitiram
um colega [Carpegiani]", disse
o treinador, que acredita ter
dado lucro ao Corinthians.
"Eu não disse que eu me pagava? O Willian foi vendido por
US$ 19 milhões, o lateral [Fágner] saiu por 4 milhões. Agora estou fazendo um beque
central aqui, o Leandro Almeida, que daqui a pouco estará na
seleção brasileira", afirmou.
"Agora tenho que salvar o
Atlético-MG", completou ele,
sobre o time, 10º colocado.
NA TV - Atlético-MG x Corinthians
Globo (para SP) e Band (menos RJ e
BH), ao vivo, às 21h45
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